Descrição de chapéu Mercado imobiliário

Ernesto Zarzur, fundador da EZTec, morre aos 87

Empresário era presidente do conselho de administração da incorporadora imobiliária

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São Paulo

Ernesto Zarzur, fundador da incorporadora imobiliária EZTec, morreu neste domingo (12) aos 87 anos, em São Paulo.

O patriarca da família Zarzur estava internado há duas semanas na capital paulista no Hospital Sírio Líbanês e morreu de causas naturais. Ele presidia o conselho de administração da companhia.

De família libanesa, Ernesto começou sua vida profissional como comprador do escritório do seu irmão mais velho, o engenheiro e empresário Waldomiro Zarzur (1922-2013), fundador da construtora Zarzur & Kogan.

A empresa chegou a ser a maior construtora de São Paulo e realizou, entre outros projetos, o edifício Palácio WZarzur, mais conhecido como Mirante do Vale.

Ernesto não cursou o ensino superior, mas tinha vocação comercial e começou seu patrimônio como corretor da incorporadora do irmão.

Homem idoso de camisa rosa clara sentado em mesa, gesticulando
Ernesto Zarzur, fundador e presidente do conselho de administração da EZTec - Ana Paula Paiva-26.out.2015/Valor

"Meu pai teve que fazer a vida dele. Depois do expediente como comprador, colocava a pastinha embaixo do braço e ia para a [rua] 25 de Março [região central de São Paulo] vender apartamentos para o pessoal da colônia [libanesa]", conta seu filho e atual presidente da EZTec, Marcelo Zarzur.

Em 1979, depois de já ter feito alguns prédios em conjunto com amigos, fundou a EZTec com seus dois filhos mais velhos, Flávio e Silvio Zarzur.

A companhia abriu capital em junho de 2007. Segundo Marcelo, nessa época aconteceram fatos que ilustram a intuição do seu pai para os negócios. Ele ficou conhecido por não seguir cegamente o que o mercado apontava como o melhor.

Na época do IPO, outras incorporadoras fizeram o mesmo movimento e começaram a investir pesado em novos terrenos e projetos. "Meu pai enxergou que estava vindo uma crise e falou para o mercado: ‘não vou me aventurar, só vou botar dinheiro onde tiver retorno para o meu acionista’, foi totalmente contra o que os outros estavam fazendo", conta o filho.

Por causa disso, as ações da empresa caíram, mas voltaram a subir quando o movimento se mostrou acertado.

Após a abertura de capital, muitas incorporadoras optaram por expandir seus negócios pelo país. No entanto, Ernesto repetia que só iria construir até onde a vista alcançasse. "Ele dizia que construir onde você não acompanha a obra, onde não conhece o mercado, está fadado a não dar certo. E todo mundo que fez isso, voltou", diz Marcelo.

O fundador estava afastado do dia a dia da empresa desde 2018. "Acho que aprendemos algo com ele, porque nesses três anos continuamos tendo bons resultados", afirma o filho.

Hoje, a EZTec tem valor avaliado na Bolsa de Valores de R$ 4,6 bilhões. A empresa registrou lucro de R$ 139,5 milhões no 2º trimestre.

A companhia apresentou também Ebitda de R$ 109,4 milhões no segundo trimestre, mais que o dobro em relação aos R$ 54,6 milhões obtidos no segundo trimestre de 2020.​

Vista da entrada do empreendimento Jardins do Brasil, da EZTec, em Osasco - Alberto Rocha/Folhapress

A empresa, uma das maiores do setor imobiliário no país, destacou-se no setor pela lucratividade e a construção de cerca de 157 empreendimentos distribuídos em mais de 35 mil unidades, concentrados na cidade de São Paulo.

Ernesto presidiu também o Clube Monte Líbano e deixa a esposa, Esther Zarzur, com a qual ficou casado por 65 anos, seis filhos, 17 netos e 8 bisnetos.

Marcelo conta que, até antes da pandemia, toda a família almoçava na casa do patriarca às segundas e sextas-feiras. Os eventos reuniam também funcionários da EZTec, empresários e executivos. "Ele gostava de misturar as pessoas, e conseguia o máximo delas, sempre".

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