'Deixamos morrer de fome?', rebate Guedes sobre críticas à PEC

Em posse de novo presidente da CVM, ministro repete que Brasil 'está condenado' a crescer

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Rio de Janeiro

O ministro da Economia, Paulo Guedes, voltou a defender nesta segunda-feira (18) a PEC que elevou os benefícios sociais do governo durante o período eleitoral, com o argumento de que a medida é necessária para enfrentar a fome.

Em discurso na posse do novo presidente da CVM (Comissão de Valores Mobiliários), João Pedro Nascimento, ele repetiu também críticas à oposição e à imprensa e voltou a afirmar que o Brasil está "condenado a crescer".

Guedes afirmou que a transferência de renda é a medida correta para enfrentar a fome e as dificuldades financeiras dos brasileiros, citando como exemplo o maior uso de lenha para cozinhar diante dos altos preços do gás de cozinha.

Paulo Guedes, ministro da Economia, discuras em cerimônia de abertura da reunião da OCDE no Palácio do Itamaraty, em Brasília - Adriano Machado - 21.jun.2022/Reuters

"Se fazemos a transferência de renda, é medida eleitoreira", reclamou. "Então deixamos morrer de fome?"

Ao mesmo tempo em que usou a pobreza para justificar a ampliação dos benefícios, o ministro disse que os indicadores econômicos mostram que a economia brasileira está crescendo. Citou com exemplo a queda do desemprego e revisões positivas para o crescimento do PIB.

A elevada inflação, defendeu, está em tendência de queda. "Não acreditem nas histórias que colocam o Brasil para baixo", afirmou. "As pessoas, por política, sabotam o Brasil".

O ministro repetiu acreditar que, enquanto o mundo entra em um período recessivo, o Brasil terá um ciclo de crescimento, impulsionado por R$ 800 bilhões em investimentos já contratados pelo setor privado.

A seu favor, afirmou o ministro, o Brasil tem a proximidade com os maiores mercados consumidores e a confiança dos investidores. "A Europa precisa do Brasil para garantia de segurança energética. Europeus, americanos e asiáticos precisam do Brasil para segurança alimentar."

Guedes defendeu também a condução do país pelo governo Jair Bolsonaro (PL), afirmando que o mandato se iniciou com a tragédia ambiental de Brumadinho, passou pela pandemia e agora enfrenta efeitos da Guerra da Ucrânia. "O Brasil teve um desempenho surpreendente para quem não acreditava no Brasil."

O ministro deixou o evento sem falar com a imprensa, a quem culpou também por "fake news" sobre o desempenho da economia. "O jornalista, em vez de buscar verdades, ele enfraquece a mídia, que um dos pilares da democracia."

Em seu discurso de posse, o novo presidente da CVM disse que suas prioridades serão encontrar novas formas de recursos para sustentar a autarquia, ampliar o quadro de pessoal e investir em evolução tecnológica na fiscalização do mercado de capitais.

Nascimento afirmou ainda que o órgão precisa acompanhar a criptoeconomia, no que diz respeito a aspectos do mercado de capitais, mas não deu maiores detalhes sobre os focos de atuação nessa área.

"Estarão no nosso radar a regulação do marco legal das startups, a nova regulação dos fundos de investimento, o novo marco legal de securitização e as questões pertinentes a criptoeconomia naquilo que diz respeito ao mercado de capitais", afirmou.

Sobre o financiamento, ressaltou que, apesar de arrecadar com taxas de fiscalização, a CVM é hoje dependente de liberação de recursos do orçamento da União e propôs o estabelecimento de convênios com agentes do mercado e a criação de um fundo de endowment, mais comuns em universidades, para ajudar a financiar a entidade.

"Se, de um lado, CVM convive e um ambiente com muitas amarras, de outro lado, regula um ambiente inovador, dinâmico e cheio de novidades", afirmou, destacando que as operações reguladas pela agência movimentaram em 2021 R$ 725 bilhões no mercado primário e R$ 1,5 trilhão no mercado secundário.

As restrições orçamentárias dificultam a ampliação do quadro técnico da autarquia, que hoje tem um déficit de 30% em seu quadro pessoal, disse Nascimento. A CVM conta hoje com convênio para usar servidores de BNDES e sua ideia é tentar ampliar as transferências de servidores de outros órgãos federais.

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