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Bolsonaro promete desmembrar ministério de Guedes e dar a empresários escolha sobre nova pasta

Presidente também sinaliza inclusão de mais setores na desoneração da folha de pagamento

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Brasília

O presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou nesta terça-feira (20) que vai recriar o Ministério da Indústria, Comércio e Serviços caso seja reeleito em outubro, na contramão do enxugamento de pastas defendido por ele em 2018, e acrescentou que o titular da área será indicado por empresários.

Bolsonaro afirmou durante seminário com empresários que integram a Abras (Associação Brasileira de Supermercados) que a recriação da pasta já está "agendada". O presidente discursou de maneira virtual, pois está em viagem a Nova York (EUA) para participar da Assembleia-Geral da ONU.

Imagem mostra o presidente Jair Bolsonaro discursando durante cerimônia do bispo Silas Malafaia. Ele veste uma blusa preta e segura o microfone, em um ambiente escuro
Jair Bolsonaro participou por videoconferência, a partir de Nova York, de evento da Abras (Associação Brasileira de Supermercados) - Mauro Pimentel/AFP

Segundo Bolsonaro, a recriação da pasta possibilitaria uma gestão mais eficiente dos assuntos relativos a esses setores, que atualmente são tratados no Ministério da Economia, sob o comando de Paulo Guedes.

No começo do mandato de Bolsonaro, quatro ministérios foram reunidos no guarda-chuva da Economia. Além da área da Indústria, foram deslocadas para o comando de Guedes as pastas da Fazenda, do Planejamento e do Trabalho e Previdência (hoje, esta última já está novamente desmembrada).

O presidente afirmou que Guedes não tem nenhuma objeção à medida, mas o ministro sempre se mostrou resistente aos desmembramentos de sua pasta —que significam, na prática, perda de poder sobre a política econômica.

Guedes considera um ganho extraordinário e uma vantagem importante as pastas permanecerem reunidas, principalmente porque isso permite a edição de medidas coerentes em diferentes áreas. Além disso, evita brigas entre mais de um ministro sobre o mesmo tema —como já houve em diferentes casos ao longo da história.

Nos bastidores, interlocutores do governo afirmaram à Folha no mês passado (depois que Bolsonaro já havia sinalizado um desmembramento da pasta) que a modificação não é encarada como um tabu pelo ministro e que até poderia ser discutida caso o nome do colega ajude nas medidas defendidas por Guedes —como as reformas tributária e administrativa.

Mas, por outro lado, se a política e o loteamento de cargos prevalecer em detrimento das medidas consideradas acertadas, o ministro perderia, inclusive, a motivação para permanecer no governo.

Nesta terça, Bolsonaro afirmou que montar um ministério não é tão dispendioso quanto se achava. Em 2018, ele havia prometido um enxugamento da Esplanada em nome da economia de recursos.

"A despesa é quase insignificante. Agora, os benefícios dessa boa administração são muito bem-vindos", afirmou Bolsonaro. "A criação desse ministério é o que está agendado, havendo uma reeleição, e a indicação tem que vir de vocês", completou.

Bolsonaro também foi questionado sobre a ampliação da desoneração da folha de pagamento, de forma a beneficiar mais setores. Ele indicou que pode incluir mais setores na desoneração da folha de pagamento —que está em vigor até 2023, beneficiando 17 setores.

A desoneração da folha permite às empresas dos setores beneficiados pagarem alíquotas de 1% a 4,5% sobre a receita bruta, em vez de 20% sobre a folha de salários.

"O que eu vejo nessa questão? Tem a visão da economia, do Paulo Guedes e a minha: nós estamos batendo recordes de arrecadação no Brasil. A gente não precisa voltar a cobrar, inserir 20% na folha de salário. Continuam esses setores, de 1% a 4,5%, 17 setores, e pode, no meu entender, agregar alguns setores", afirmou o presidente.

"Acredito que o Paulo Guedes vá aceitar a inclusão de mais categorias nessa pauta da desoneração, até porque estamos batendo recorde de arrecadação", afirmou.

Bolsonaro na sequência citou o exemplo da redução do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados). Disse que a população, ao economizar na compra de um eletrodoméstico, usa esses recursos para novas compras.

Em outro momento, Bolsonaro criticou o inchaço do setor público. Afirmou que ele próprio conseguiu promover uma reforma administrativa por não realizar concursos públicos. Disse que apenas abriu para processos para novas vagas quando era extremamente necessário, citando os concursos para a Polícia Rodoviária Federal.

As declarações de Bolsonaro ao empresariado são dadas um dia depois de Henrique Meirelles, ex-presidente do Banco Central, declarar apoio à campanha pela eleição do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O movimento foi interpretado como uma possível entrada de Meirelles em um eventual governo do petista e repercutiu no mercado financeiro, com o real se valorizando frente ao dólar.

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