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Carne vegetal com nome de prato carnívoro é polêmica em novos restaurantes franceses

Com apoio da indústria, governo francês tenta proibir termos como peixe e carne para alternativas vegetais

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Sybille de La Hamaide
Paris | Reuters

A chegada de pratos de carne vegetariana ao cardápio de churrascarias parisienses com nomes como "lombo" e "flanco" representa um desafio aos esforços do governo francês para proibir nomes de carne para produtos à base de plantas.

O mercado global de alimentos semelhantes à carne feitos com vegetais está crescendo, e atrai grandes investimentos de grupos agroalimentares que esperam capitalizar uma tendência de alimentação saudável, com menos carne vermelha. E as novas tecnologias tornam esses produtos cada vez mais autênticos e apetitosos.

Os produtos da Redefine Meat fizeram sua estreia num restaurante parisiense esta semana, depois que a startup israelense fechou um acordo com a importadora Giraudi Meats para impulsionar a distribuição europeia de seus cortes de carne "New Meat", produzidos em impressoras 3D.

Chef finaliza um prato com carne vegana produzida em impressora 3D durante encontro de inovação em alimentos em Villepinte, próximo à Paris - Benoit Tessier/Reuters

No entanto, o governo francês, apoiado por agricultores e pela indústria da carne, vem tentando proibir o uso de nomes de carne e peixe para alimentos proteicos à base de plantas, na tentativa de evitar confusão sobre as alternativas à carne que estão na moda.

O mais alto tribunal administrativo da França suspendeu uma proibição do governo que deveria entrar em vigor este mês, dizendo que deu às operadoras muito pouco tempo para se adaptarem. O Ministério da Agricultura informou à agência Reuters que está trabalhando num novo texto que leva em conta as recomendações do tribunal, sem dar um prazo.

Ainda não está claro se a proibição se aplicaria a produtos importados e a cardápios ou se limitaria às marcas francesas.

"Talvez isso exija que sejamos um pouco mais criativos nos nomes que usamos, mas não vai impedir os clientes", disse o executivo-chefe da Redefine Meat, Eshchar Ben-Shitrit, à Reuters no Giraudi Meats' Beefbar, perto da Avenida Champs-Elysées.

Pedaços de carne produzida por impressora 3D a partir de proteínas vegetais - Benoit Tessier/Reuters

A carne à base de plantas, muitas vezes feita de proteína de ervilha ou soja, atraiu investimentos maciços de gigantes agroalimentares como Nestlé ou Archer-Daniels-Midland, embora a inflação crescente e as preocupações com a recessão tenham recentemente encorajado alguns consumidores a retornar ao produtos de carne animal, mais baratos.

A Beyond Meat, uma das principais produtoras de carne à base de vegetais do mundo, cortou sua previsão de receitas na semana passada.

A Redefine Meat vende seu New Meat em quase mil restaurantes em Israel, Grã-Bretanha, Holanda e Alemanha, e atualmente eles pagam cerca de US$ 40 (R$ 210) por quilo de seus cortes de carne. A empresa tem como meta 3.000 restaurantes até o final do ano, disse Ben-Shitrit.

Tradução de Luiz Roberto M. Gonçalves

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