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Google pagará US$ 391 milhões em seu maior acordo de privacidade nos EUA

Estados afirmaram que os dados de localização continuaram a ser coletados mesmo depois que os usuários optaram por não registrá-los

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Richard Waters
Financial Times

O Google fechou um acordo judicial de US$ 391,5 milhões (cerca de R$ 2,1 bilhões) com 40 estados dos Estados Unidos por causa da coleta de dados de localização dos usuários —o máximo que a gigante da internet já pagou por uma queixa de privacidade.

O acordo seguiu alegações dos estados de que o Google continuou coletando dados de localização por meio de vários de seus aplicativos móveis, mesmo depois que os usuários optaram por parar de registrar seu paradeiro.

A investigação dos estados, liderada por Oregon e Nebraska, destacou um dos tipos de dados mais valiosos que o gigante das buscas coleta para direcionar sua publicidade. De acordo com as denúncias, o Google ofereceu configurações separadas para controlar os dados de localização, com o resultado de que, mesmo depois que os usuários desligaram seu "histórico de localização", uma configuração separada chamada Atividade da Web e de Apps coletava os dados por padrão. As denúncias abrangem o período de 2014 a 2020.

Logo do Google em conferência em Paris - Charles Platiau - 25.mai.2018/Reuters

Um porta-voz do Google disse: "De acordo com as melhorias que fizemos nos últimos anos, resolvemos por acordo esta investigação, que se baseou em políticas de produtos desatualizadas que alteramos anos atrás".

Em uma postagem em blog, a empresa também apresentou uma série de mudanças recentes que, segundo ela, deram aos usuários mais controle sobre seus dados de localização. Outras mudanças previstas para breve incluem um "hub" de privacidade simplificado e ferramentas mais fáceis para excluir dados de localização, disse o porta-voz.

De acordo com especialistas em privacidade, entretanto, poucos usuários analisam as informações que o Google e outras empresas de internet oferecem sobre seus dados pessoais, ou aproveitam as ferramentas para limitar a quantidade de informações que são coletadas sobre eles, tornando seu efeito limitado.

A Apple, por outro lado, teve um grande impacto na indústria de publicidade online ao adotar uma modificação de privacidade no ano passado, fornecendo aos usuários opções que facilitaram o bloqueio da coleta de dados pessoais por aplicativos de celular.

As penalidades mais altas que o Google havia enfrentado em questões de privacidade incluíam uma multa de US$ 170 milhões cobrada pela Comissão Federal de Comércio dos EUA em 2019 por não cumprir as proteções online para crianças. A empresa também pagou aos reguladores franceses 150 milhões de euros (R$ 826 milhões) no início deste ano –o equivalente na época a quase US$ 170 milhões– por causa de uma reclamação de que ela tornava mais fácil para os usuários aceitar cookies que rastreiam seu comportamento online do que rejeitá-los.

Essas multas são insignificantes em comparação com a multa recorde de US$ 5 bilhões (R$ 26,75 bilhões) que a comissão impôs ao Facebook há três anos por causa do escândalo da Cambridge Analytica.

O Google ainda enfrenta reclamações de outros estados dos EUA sobre a questão dos dados de localização, potencialmente elevando o custo total a mais de US$ 500 milhões se multas ou acordos futuros forem aplicados.

Tradução de Luiz Roberto Gonçalves

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