Novo CEO da Disney, privatização da Copel e o que importa no mercado

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Em crise, Disney chama 'antigo' Bob

Em meio a uma crise interna diante do prejuízo no setor de streaming, a Disney anunciou de forma inesperada a volta de um velho conhecido ao comando da empresa.

Bob Iger, 71, que ficou como CEO da companhia por 15 anos até deixar o cargo em 2020, volta para ocupar o lugar de seu sucessor, Bob Chapek, demitido sumariamente.

  • O mercado gostou da notícia. As ações da Disney, que despencavam mais de 45% no ano até a semana passada, fecharam em alta de 6% nesta segunda (21).

O que explica: as críticas à gestão de Chapek se intensificaram nas últimas semanas, depois de o balanço da companhia ter mostrado que o prejuízo com os canais de streaming chegou a US$ 1,5 bilhão no trimestre, muito mais que os analistas esperavam.

  • Nem a alta no número de usuários acima do esperado animou o mercado, e no dia seguinte ao resultado as ações da Disney despencaram 13%, no maior tombo desde setembro de 2001.
Bob Iger em evento como CEO da Disney em 2018; executivo agora volta ao cargo - Mario Anzuoni - 22.jan.2018/REUTERS

As missões de Iger: para reverter o mau humor dos investidores, a companhia trouxe de volta um nome consagrado, e cuja gestão, caracterizada por defender a imagem familiar da Disney, foi elogiada pelos acionistas.

  • Iger ficará na cadeira apenas por dois anos, mas segundo o Wall Street Journal, deve reverter de imediato a opção do antigo CEO de colocar o streaming como prioridade da companhia.
  • Seu maior desafio nesse período, porém, será não cometer o mesmo erro de sua última passagem e acertar na escolha do sucessor.

Ratinho Jr quer privatizar Copel

O governo do Paraná, controlador da Copel, tem o interesse de transformar a estatal de energia do estado em uma companhia sem controlador, comunicou a empresa nesta segunda ao mercado.

Na prática, o anúncio detalha os planos do governador Ratinho Júnior (PSD) para privatizar a companhia. Em reação à notícia, as ações da Copel fecharam em alta de 23%.

Como será: caso o processo tenha aval do Tribunal de Contas do Paraná e da assembleia legislativa, a Copel será privatizada em um modelo muito parecido com o que foi feito na Eletrobras, que era controlada pela União até o meio deste ano.

  • A desestatização aconteceria por meio de uma emissão de novas ações da companhia, processo em que não teria a participação do governo paranaense. Hoje, o estado possui 69,7% das ações com direito a voto e 31,1% do capital da Copel.
  • Na privatização, o governo permaneceria com participação de pelo menos 15% do capital social total da elétrica, e de 10% da quantidade de votos conferidos pelas ações com direito a voto.
  • Ele teria também uma "golden share", que dá direito a veto nas deliberações de alguns assuntos na assembleia geral.
Ratinho Júnior, governo do Paraná - Theo Marques - 11.jan.2019/Folhapress

Corporation: é o nome conferido a companhias sem um controlador definido. No país, Eletrobras, Vale, Vibra (ex-BR) e Embraer são empresas com esse arranjo societário.

Segundo o comunicado desta segunda, o Estado apresentará "oportunamente" um projeto de lei para ser deliberado pelo legislativo paranaense.

  • A Copel é uma das poucas estatais de energia elétrica do país, junto com a Celesc (SC) e a Cemig (MG).

Startups de energia na contramão do mercado

Para boa parte das startups, 2022 ficará marcado como o ano da ressaca depois do boom de investimentos em 2021. Não é o caso das energytechs (startups de energia) brasileiras.

Os investimentos nessas empresas cresceram 134% até novembro deste ano em comparação com o mesmo recorte de 2021 –período em que o volume total de aportes em startups caiu pela metade.

Em números: foram US$ 288 milhões (R$ 1,5 bilhão) captados pelas energytechs em 15 rodadas neste ano, frente a US$ 123 milhões (R$655 milhões) no ano passado.

  • Em todo o segmento de startups, o volume total investido no país foi de US$ 4,1 bilhões (R$ 21,8 bi), metade do apurado em 2021. Os números foram levantados pela plataforma de inovação Distrito.

O que explica: a pressão dos investidores pela eliminação de combustíveis fósseis, aliada à disparada dos preços de energia mundo afora, ajudaram a alavancar o interesse nas energytechs.

No Brasil, porém, há um atrativo ainda mais significativo: o calendário.

  • Uma lei aprovada em janeiro garantiu subsídios aos consumidores que registrarem suas instalações de geração distribuída – como as placas solares nos telhados– até 7 de janeiro de 2023.
  • É o caso da Órigo e da SolFácil, as energytechs que levantaram mais investimentos neste ano –US$ 201 milhões e US$ 100 milhões, respectivamente.

Heineken x Ambev: a briga no Cade

Uma disputa entre as duas maiores cervejarias do Brasil por bares cobiçados no país tem se arrastado. No mês passado, o Cade interveio na briga com uma decisão provisória enquanto investiga o caso.

Entenda a disputa: nos últimos anos, a Ambev, líder do mercado no país, fechou diversos contratos de exclusividade com bares "formadores de opinião" –estabelecimentos reconhecidos, com clientela consolidada, ou que trazem conceitos novos ao mercado.

  • A Heineken, que chegou por aqui há 12 anos, passou recentemente a firmar o mesmo tipo de contrato, mas decidiu acionar o Cade em março pelo que considerou uma dominância abusiva da concorrente.
  • O órgão antitruste, então, proibiu a Ambev de assinar novos acordos desse tipo e renovar os existentes em regiões onde havia um "índice de fechamento de mercado preocupante", como em bairros de São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília.
  • As restrições também valem para a Heineken em localidades de Brasília. Veja aqui as regiões vetadas para cada cervejaria.

Questionada a respeito do impacto da decisão do Cade, a Ambev respondeu que continuará seguindo as medidas e orientações adotadas pelo autarquia.

Como funcionam os contratos de exclusividade? São acordos em que uma empresa fornece vantagens para impedir a venda de produtos concorrentes no mesmo estabelecimento.

  • Alguns benefícios oferecidos são o repasse de mesas, cadeiras e geladeiras para os bares e até dinheiro para auxiliar na reforma do estabelecimento ou na abertura de novos pontos.

Quem é quem:

  • Ambev: dona de 60% do volume de cerveja vendido no Brasil, tem marcas como Antarctica, Brahma, Skol, Corona, Beck’s, Stella Artois e Spaten.
  • Heineken: com 22% do mercado, entre suas marcas, além da própria Heineken, estão Eisenbah, Amstel, Devassa, Sol, Schin.

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