Os aeronautas aprovaram nesta quinta-feira (15), por unanimidade, greve por tempo indeterminado a partir de segunda-feira (19).
Segundo deliberação do Sindicato Nacional dos Aeronautas, a paralisação de pilotos, copilotos e comissários de bordo começará nesta segunda-feira, das 6h às 8h, e continuará nos dias seguintes no mesmo horário, nos aeroportos de Congonhas (São Paulo), Guarulhos, Galeão, Santos Dumont (ambos no Rio), Viracopos (Campinas), Porto Alegre, Fortaleza, Brasília e Confins (Belo Horizonte).
A orientação é para que eles suspendam as decolagens nesse horário, exceto nos casos de transporte de órgãos para transplante, vacinas ou com enfermos a bordo.
A paralisação afetará voos da Azul e Gol, enquanto a Latam ainda negocia com o sindicato diretamente.
A Azul e a Gol afirmaram que não comentariam. O Snea (Sindicato Nacional das Empresas Aeroviárias) diz que as negociações buscam assegurar a continuidade dos serviços "e o direitos dos clientes de viajar, especialmente neste período de alta temporada."
Os aeronautas cobram das empresas aéreas a recomposição salarial pelo INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor) e ganho real (acima da inflação) de 5%. Nas cláusulas sociais, pedem a manutenção da convenção coletiva da categoria e a definição de horários de veto para alterações em folgas.
Os tripulantes dizem que as empresas apresentaram proposta sem ganho real e com cláusulas que pioravam as condições de trabalho. No dia 25 de novembro, 90% dos 7.000 aeronautas que participaram de uma assembleia votaram pela rejeição da proposta.
Outra tentativa de acordo foi feita no início de novembro, mas novamente a negociação não avançou. As companhias aéreas ofereceram o reajuste pelo INPC em todos os itens econômicos, como salário e benefício, exceto nas diárias internacionais.
O sindicato das companhias áreas diz não ter recebido dos tripulantes nenhuma contraproposta e afirma, em nota, que as categorias profissionais podem defender seus interesses "desde que esgotada a via negocial e observada a legalidade."
O SNA diz que manterá a greve até que as empresas aéreas respondam sobre as reivindicações. "A negociação viu-se frustrada, e a greve, que é o único instrumento de luta dos trabalhadores, tornou-se necessária", diz o sindicato, em manual de greve distribuído ao fim da assembleia.
O setor aéreo foi um dos mais afetados no período mais agudo da pandemia de Covid-19, quando as viagens ficaram praticamente paralisadas. Quando o tráfego voltou, ainda foi prejudicado por diferentes regras entre os países e o aumento de custos.
No decorrer das negociações com as áreas, o sindicato que representa a tripulação elaborou uma análise econômica das três empresas. Na avaliação da entidade, os números –que mostram aumento na demanda doméstica e nas receitas– demonstram a capacidade de as empresas melhorarem os termos da negociação.
O Snea, que representa Azul e Gol, defende que os preços das passagens foi fortemente afetados nos últimos anos pela pandemia, pela guerra da Ucrãnia, pela desvalorização do real e o aumento no preço do petróleo. O querosene de aviação subiu 118% ante 2019. Ele representa 50% dos custos do setor.
O Sindicato dos Aeroviários, que representa a equipe de solo nos aeroportos, também está em negociação com as empresas e deu início à votação da proposta apresentada na última semana por Gol e Azul. A expectativa é que a votação seja concluída na próxima semana.
O Snea propôs o reajuste dos salários, vale-refeição, vale-alimentação e demais benefícios monetários em 5,97%, equivalente ao INPC. Entre as cláusulas sociais há o direito combinar, mensalmente, uma folga aos sábados ou às segundas-feiras, para haver emenda com o domingo.
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