Bolsa fecha estável com cautela para a 'superquarta'

Dólar tem leve alta em semana movimentada por decisões de juros

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São Paulo

A Bolsa começou a semana oscilando perto da estabilidade nesta segunda (30). Os investidores se mantiveram cautelosos à espera dos comunicados da "superquarta", quando o Banco Central do Brasil e o Fed (Federal Reserve, o BC americano) divulgam suas decisões sobre as taxas de juros.

O Ibovespa fechou com leve recuo de 0,04%, a 112.273,01 pontos. O dólar comercial à vista fechou com ligeira alta, de 0,04%, a R$ 5,1147.

Os juros subiram com mais intensidade ao longo do dia. Os contratos para 2024 fecharam em 13,55%. No vencimento para 2025, fecharam em alta de 12,91%. E para 2027, a taxa fechou em 12,92%.

Cédulas de dólar - Dado Ruvic/Reuters

Segundo Paulo Luives, especialista da Valor Investimentos, o mercado tenta entender por quanto tempo, e em qual nível, a taxa de juros americana será mantida em patamar elevado. A expectativa para esta quarta-feira (1º) é de que o Fed eleve os juros em 25 pontos base, o que seria o menor aumento desde o início do ciclo do aperto monetário para conter a inflação, há dez meses.

Os principais índices de ações dos Estados Unidos recuaram, pressionados por quedas em empresas de tecnologia. O S&P 500 perdeu 1,29%, para 4.018,18 pontos. O índice de tecnologia Nasdaq recuou 1,96%, para 11.393,81 pontos. O Dow Jones caiu 0,75%, para 33.723,61 pontos.

No Brasil, a expectativa de o Copom (Comitê de Política Monetária) manter a taxa Selic em 13,75% na reunião desta quarta, e sem perspectivas de o governo federal mudar a meta de inflação, impulsionou as ações de varejistas.

"A Magalu sobe hoje porque alguns investidores que querem investir em varejo, em vez de comprar Americanas, migram para a empresa. Das empresas de varejo, quem mais se beneficia com a crise da Americanas, é a Magalu", avalia Ricardo Brasil, fundador do Gava Investimentos.

A Petrobras, por sua vez, fechou em baixa, acompanhando a queda do petróleo em meio ao temor de recessão global. Investidores seguem monitorando os movimentos do novo presidente da companhia, Jean Paul Prates, que afirmou nesta segunda-feira que a política de preços de combustíveis é um "assunto de governo", sem dar mais detalhes.

"Depois que o Jean Paul confirmou que a Petrobras vai continuar com os reajustes baseados no preço internacional, o mercado ficou mais tranquilo com a nomeação. Então, na prática, o mercado se sente confortável", afirma Brasil, do Gava Investimentos.

A reabertura econômica da China após as celebrações do Ano Novo Lunar também manteve o bom desempenho das ações ligadas a commodities.

Os bancos tiveram resultados mistos. As ações ordinárias de Itaú e Bradesco chegaram a recuar, devido à pressão de perspectivas pouco animadoras com balanços do último trimestre de 2022, que devem ser divulgados nos próximos dias, e previsões das instituições para 2023.

O destaque do dia no Ibovespa ficou com ações relacionadas a marcas de luxo para famílias de alta renda. A Natura&Co, controladora da Aesop, chegou a atingir limite máximo de oscilação no dia: 15% de alta. Já a Arezzo&Co fechou o dia com alta de 6,36%, a R$ 88,11.

Os papéis da empresa brasileira de cosméticos dispararam após notícia publicada pela Bloomberg de que a LVMH e a L'Oréal estão interessadas na marca de cosméticos de luxo Aesop, avaliada em, pelo menos, US$ 2 bilhões (cerca de R$ 10,2 bilhões).

"Não se sabe ainda se será uma oferta para a compra da participação total ou percentual. Pelo visto, tem mais de três interessados em fazer uma proposta pelo ativo. A japonesa Shiseido também. Dependendo de quem entrar, pode ser um acionista estratégico, que pode alavancar ainda mais o ativo ", afirma Gabriel Meira, especialista da Valor Investimentos.

Na outra ponta, a Raízen (RAIZ4) caiu 4,97%, a R$ 3,25, após anúncio de "block trade" para a venda de cerca de 330 milhões de ações (24,32% dos papéis em circulação no mercado), a R$ 3,15, cada.

Projeção de inflação sobe pela sétima vez consecutiva

A pesquisa Focus do Banco Central divulgada mais cedo mostrou nova elevação nas projeções de inflação. Os economistas elevaram pela sétima vez seguida a projeção para a inflação neste ano, afastando-se ainda mais do teto da meta.

O levantamento, que capta a percepção do mercado para indicadores econômicos, apontou que a expectativa para a alta do IPCA em 2023 subiu de 5,48% para 5,74%. Para 2024 a conta para o IPCA também subiu, pela segunda semana seguida, indo a 3,90% de 3,84% antes.

A meta de inflação atual é de 3,25% ao ano, e o Banco Central, responsável por esse controle, tem uma margem de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. No ano passado, o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) fechou em 5,79%.

Para o Produto Interno Bruto (PIB), a estimativa de crescimento em 2023 melhorou em 0,01 ponto percentual, a 0,80%, foi mantida em 1,50% para 2024.

A pesquisa semanal com uma centena de economistas mostrou ainda que, apesar da perspectiva maior pressão inflacionária, não houve mudanças nas estimativas de que a taxa básica de juros Selic encerrará 2023 a 12,50% e o próximo a 9,50%.

Com Reuters

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