Empresas de magnata indiano perdem 22% em valor de mercado após relatório acusar fraude

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Magnata em apuros

O conjunto de empresas do magnata indiano Gautam Adani perdeu cerca de US$ 48 bilhões (22%) em valor de mercado desde a última quarta (25), quando a Hindenburg Research publicou um relatório alegando fraudes nas companhias.

As perdas continuaram na abertura do mercado indiano nesta segunda (30).

Entenda: o Hindenburg anunciou que montou uma operação apostando na desvalorização das companhias de Adani depois de ter feito uma investigação por dois anos que ouviu dezenas de pessoas, incluindo ex-executivos do Adani Group.

  • A empresa americana acusa as companhias de fazerem uso inapropriado de paraísos fiscais e possuírem endividamento excessivo, o que colocaria os negócios do grupo indiano em "situação financeira precária".
  • O título do relatório acusa o Adani Group de "cometer o maior golpe da história corporativa".

Em números: antes da divulgação do relatório, as companhias somavam US$ 217 bilhões em valor de mercado. Elas perderam US$ 10 bilhões na quarta e, depois de um feriado na quinta, recuaram mais US$ 38 bilhões na sexta.

  • A queda foi ampliada depois que o investidor ativista Bill Ackman –conhecido por ter apostado contra a Herbalife– disse que o relatório do Hindenburg era "altamente confiável e extremamente bem pesquisado".
  • O tombo acontece enquanto a Adani Enterprises, principal empresa do grupo, tenta captar no mercado US$ 2,5 bilhões em uma oferta subsequente de ações (follow-on).
Magnata indiano do setor de energia, Gautam Adani - Amit Dave - 2.abr.2014/REUTERS

Quem é quem:

  • Hindenburg Research: é especialista na investigação de fraudes corporativas, para ganhar dinheiro apostando contra essas companhias. É conhecida por ter apostado contra a fabricante de caminhões elétricos Nikola, cujo fundador foi posteriormente condenado por fraude.

Outro lado: neste domingo, a Adani Group divulgou uma resposta com 413 páginas em que afirma que cumpre com todas as leis locais e fez as divulgações regulatórias necessárias.

  • A holding também disse que o relatório está "repleto de conflito de interesses" e busca gerar ganhos para a Hindenburg pouco antes de um movimento importante, seu follow-on.

Fornecedores da Americanas acionam seguro

Na lista de credores divulgada pela Americanas em seu processo de recuperação judicial, os fornecedores aparecem como um dos maiores detentores individuais de dívidas da varejista depois dos bancos.

  • Fazem parte dessa lista desde a Samsung (R$ 1,2 bilhão), passando por Nestlé (R$ 259 milhões), de chocolates e biscoitos, Nadir Figueiredo (R$ 52,1 milhões), de copos e utensílios de vidro, até a Cromus (R$ 7 milhões), de embalagens para presente.

Os fabricantes de médio e grande porte, porém, contam com um seguro para protegê-los de possíveis calotes de varejistas.

Em números: uma das principais empresas do setor, a Allianz Trade, estima que o valor coberto pelos seguros de crédito junto aos fornecedores da Americanas gire entre R$ 2 bilhões e R$ 3 bilhões, envolvendo a própria Allianz e outras grandes empresas do setor.

Como funciona: os fornecedores recebem um limite de crédito a ser segurado a partir de uma avaliação feita pela seguradora sobre o perfil de risco dos clientes dos fabricantes. A Americanas era considerada uma varejista de nota média pela Allianz Trade.

  • As companhias seguradas pela Allianz já indicaram que pretendem acionar o seguro, o que envolve o pagamento de uma franquia, cujo valor equivale a 10% do total segurado, em média. O pagamento acontece dentro de 30 dias.

Startup da Semana: Neon

O quadro traz às segundas o raio-x de uma startup que recebeu aporte recentemente.

A startup: fundada em 2016, é uma fintech que oferece às pessoas físicas serviços como conta digital, cartões de crédito e débito, empréstimo pessoal etc e já conta com 22 milhões de clientes.

Em números: a startup anunciou na última semana ter captado R$ 331 milhões em financiamento por meio de um FIDC (fundos de investimento em direitos creditórios).

  • O instrumento serve para a empresa antecipar os recebíveis a que tem direito –no caso do Neon, valores de cartões de crédito–em troca de uma taxa (entenda aqui como esses fundos funcionam).

Quem investiu: foi a segunda emissão de um FIDC da startup. A primeira, de junho do ano passado, captou R$ 400 milhões e contou com a grana de investidores próximos da startup. Na atual, a empresa foi ao mercado, em oferta coordenada pela XP.

Que problema resolve? A fintech atua como instituição de pagamento, estando entre os "bancos digitais" que viraram o setor bancário de cabeça para baixo com a oferta de serviços financeiros sem taxas.

Por que é destaque: além de ter sido a maior captação anunciada por um startup latino-americana na última semana, é um exemplo de como mudou a dinâmica de os unicórnios arranjarem recursos no mercado diante do cenário atual de juros altos.

Pedro Conrade, CEO da Neon, um dos bancos digitais que têm conquistado parte do público dos bancos tradicionais oferecendo serviços menos burocratizados - Rafael Roncato - 22.jan.18/Folhapress

A semana em resumo

Foram 13 rodadas anunciadas na semana, com US$ 324,3 milhões (R$1,6 bi) captados por startups da América Latina.

Os dados foram fornecidos pela plataforma Sling Hub.


MLS x Série A

A liga do "soccer" superou o principal campeonato do país do futebol -- pelo menos nos negócios.

Em números: em 2022, o faturamento dos 28 times que disputaram a MLS (a liga dos EUA) totalizou US$ 1,6 bilhão (R$ 8,1 bilhões) contra US$ 1,1 bilhão (R$ 5,6 bilhões) dos 20 clubes da Série A do Brasileirão.

  • O crescimento da liga americana veio com o passar dos anos, enquanto a Série A foi perdendo força. Em 2017, a receita do campeonato brasileiro era de US$1,4 bilhão, enquanto a do americano era de US$ 778 milhões.

O levantamento é da consultoria especializada Sports Value.

O que explica: o alto investimento dos clubes –apenas para participar da liga são US$ 325 milhões (R$ 1,6 bilhão) – na atração de craques de outros países tem ajudado a atrair a atenção principalmente dos mais jovens.

  • O interesse dos americanos pelo futebol atrai 11% das pessoas com menos de 16 anos, mesmo público que busca o basquete e quase o dobro dos que optam pelo beisebol (6%).
  • Esse é o público mais acostumado a consumir conteúdo pelo streaming, modelo que briga de igual para igual com as grandes emissoras de TV nos EUA —a Apple vai pagar US$ 250 milhões (R$ 1,3 bilhão) por temporada para transmitir os jogos da MLS.

No Brasil, os clubes tentam ampliar as receitas televisivas se organizando em ligas para a venda dos direitos das Séries A e B a partir de 2025, quando os atuais contratos de transmissão deixam de valer.

  • O problema é que há uma divisão até nisso. Cerca de 40 clubes se dividem entre duas ligas, com cada bloco procurando por investidores para a compra dos direitos dos campeonatos.
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