Descrição de chapéu Folhainvest Banco Central

Bolsa cai e dólar sobe a R$ 5,27 com notícias sobre intenção do governo de rever metas de inflação

Mercado aumenta cautela com sinais constantes de possível intervenção dados pelo presidente Lula

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São Paulo

A Bolsa fechou em baixa e dólar em alta, chegando ao patamar de R$ 5,27 nesta quinta-feira (9) , após notícias de que o governo pretende antecipar discussões sobre a meta de inflação.

O Ibovespa fechou em baixa de 1,77%, a 108.008 pontos. O dólar comercial à vista subiu 1,44%, a R$ 5,2700 na venda. A moeda americana já acumula alta de quase 4% ante o real em fevereiro, enquanto a Bolsa cai quase 5% no mês.

Os juros com vencimentos mais curtos tiveram queda, após a divulgação da inflação de janeiro, que ficou abaixo do esperado. Os contratos com vencimento em 2024 recuaram dos 13,55% do fechamento desta quarta-feira (8) para 13,44% ao ano. Para 2025, a taxa subiu de 12,83% para 12,89%. Para 2027, a taxa apresentava alta, de 12,92% para 13,14%.

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Cédulas de dólar - Gabriel Cabral/Folhapress

Segundo a agência Bloomberg, a equipe econômica nomeada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) considera que a revisão das metas para inflação diminuiria as tensões com a atual diretoria do Banco Central.

Normalmente, o CMN (Conselho Monetário Nacional) discute estas metas em junho. Mas a deliberação poderia ser antecipada para rever a meta de 3,25% ao ano para 2023, e 3% ao ano para 2024 e 2025.

Segundo fontes ouvidas pela Bloomberg, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, seria a favor da alteração nas metas.

O ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha (PT), disse nesta quinta-feira (9) que desconhece debate no governo sobre mudança da meta de inflação.

"Diante do morde e assopra promovido pelo Executivo, parece haver um crescente entendimento que a revisão das metas vai ao encontro da preocupação central do governo Lula, que é promover crescimento econômico, ancorar as expectativas de inflação em patamares menores e, com isso, reduzir os juros", diz a Levante Investimentos em relatório.

Ainda segundo a Levante, já acontecem conversas nos bastidores sobre uma possível proposta de Campos Neto para elevar a meta de inflação deste ano deste ano para 3,50%.

Felipe Cima, operador de renda variável da Manchester Investimentos, lembra que o senador Randolfe Rodrigue (Rede-AP), líder do governo no Congresso, disse que a meta é ter os juros entre 7% e 8% no Brasil.

"Com a perspectiva de que os juros nos Estados Unidos cheguem a 5%, e fiquem assim por um tempo, não é possível pensar que o Brasil consiga atingir esse patamar. O dólar precisaria subir muito para manter esse cenário", explica Cima.

"A guerra de retóricas parece pender para o lado do governo, o que não necessariamente é um bom sinal para o mercado", analisa Alexsandro Nishimura, economista e sócio da BRA BS.

Nesta quinta-feira, foi divulgado o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) de janeiro, com alta de 0,53% ante dezembro, e de 5,77% em 12 meses. A maior pressão veio da categoria Alimentos e Bebidas, com avanço de 0,59%.

O indicador teve influência mais direta no mercado de juros. "Se por um lado a possibilidade de mudança das metas de inflação empurrou para cima os vértices longos, os dados fracos de vendas no varejo e IPCA abaixo das expectativas ajudaram a perspectiva de queda de até 1 ponto percentual da Selic neste ano", explica Nishimura.

O Santander Brasil revisou para cima nesta quinta-feira suas projeções para os patamares de inflação e taxa de juros até 2025, chamando a atenção para incertezas relacionadas à aprovação de reformas macroeconômicas e riscos para a estabilização da dívida pública.

O IPCA deve encerrar 2023 com alta de 5,9%, estima o Santander, contra 5,4% estimados antes. Para o ano que vem, a projeção de inflação subiu a 3,7%, ante 3,5%.

Com expectativa de uma inflação mais alta, o Santander passou a enxergar a taxa Selic em 13,00% ao final de 2023, contra 12% previstos em cenário anterior. A taxa está atualmente em 13,75%.

Entre as ações, destaque para as preferenciais de Gerdau e Metalúrgica Gerdau, que caíam quase 8% pouco depois das 17h30. Os bancos JP Morgan e Goldman Sachs rebaixaram suas recomendações para os papéis, de Compra para Neutra.

No caso da Gerdau, o preço-alvo da ação preferencial caiu para R$ 32,50, no caso do JP Morgan, e para R$ 31,00, no caso do Goldman Sachs. Nesta quinta, a ação opera na casa dos R$ 29,25.

As ações preferenciais e ordinárias do Bradesco recuavam cerca de 2,30%, pouco antes da divulgação dos resultados do quarto trimestre de 2022, que será realizada após o fechamento da Bolsa nesta quinta.

Outro destaque ficou com a ação ordinária da Marisa, que caiu mais de 22% nesta quinta-feira, e fechou cotada a R$ 0,82, depois da renúncia do presidente executivo em meio a uma dívida de R$ 600 milhões.

A ação ordinária da Americanas também fechou abaixo de R$ 1,00, depois de cair quase 7,5%. A CVM (Comissão de Valores Mobiliários) anunciou nesta quarta-feira (8) a abertura de quatro novos processos para apurar a crise na Americanas, que pediu recuperação judicial após a descoberta de "inconsistências contábeis" em seu balanço.

As Bolsas em Nova York também caíam pouco antes do fechamento, com o mercado apontando que os juros devem permanecer altos nos Estados Unidos por mais tempo que o inicialmente esperado. Entre as empresas, destaque para a Disney, que anunciou a demissão de 7 mil funcionários e corte de US$ 5,5 bilhões em despesas.

O índice Dow Jones fechou em baixa de 0,73%, o S&P 500 recuou 0,88%%, e o Nasdaq terminou o dia com queda de 1,02%.

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