Descrição de chapéu Folhainvest União Europeia

Deutsche Bank é novo alvo de desconfiança crescente dos mercados

Investidores continuam cautelosos com suíços UBS e Credit Suisse, mesmo após anúncio de fusão

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São Paulo

Mais um grande banco contribui para as crescentes preocupações com a saúde do sistema financeiro na Europa. O alemão Deutsche Bank foi penalizado pelos investidores nesta sexta-feira (24), com as ações caindo mais de 8%, e as taxas de risco para seus títulos chegarem aos maiores níveis em quatro anos.

As desconfianças ainda rondam também os bancos suíços. Mesmo após o anúncio da compra do Credit Suisse pelo UBS, as ações das duas instituições continuam em queda. Os três gigantes financeiros europeus acumulam quedas de dois dígitos em março, nas Bolsas onde são listadas.

Escritório do Deutsche em Londres - Toby Melville -16.mar.23/REUTERS

A ação do Deutsche Bank negociada na Bolsa de Frankfurt, na Alemanha, fechou em baixa de 8,53%. No mês de março, até esta sexta-feira (24), o papel acumula baixa de 27,6%.

"O Deutsche Bank tem se mantido no centro das atenções por um tempo agora, de maneira semelhante ao que ocorreu com o Credit Suisse", disse Stuart Cole, macroeconomista-chefe da Equiti Capital.

"O banco passou por várias reestruturações e mudanças de liderança na tentativa de recuperá-lo em uma base sólida, mas até agora nenhum desses esforços parece ter realmente funcionado."

O Deutsche Bank se recusou a comentar quando contatado pela Reuters.

Durante o dia, as autoridades alemãs e europeias tentaram acalmar o mercado sobre a situação dos bancos.

O chanceler da Alemanha, Olaf Scholz, rejeitou as comparações entre o Deutsche Bank e o Credit Suisse. Ele procurou reforçar a confiança no maior banco do país.

"O Deutsche Bank modernizou e reorganizou fundamentalmente seus negócios, e é um banco muito lucrativo", disse Scholz em uma reunião de cúpula da Zona do Euro em Bruxelas. Ao ser questionado se o banco alemão seria o novo Credit Suisse, Scholz afirmou que "não há razão para se preocupar com isso."

A presidente do BCE (Banco Central Europeu), Christine Lagarde, disse a líderes da União Europeia que os bancos da região são resilientes porque têm fortes posições de capital e liquidez, mas que a autoridade monetária pode fornecer liquidez se necessário.

"O setor bancário da zona do euro é resiliente porque tem fortes posições de capital e liquidez", disse Lagarde, segundo relatos à Reuters das autoridades da União Europeia que participaram de reunião de cúpula europeia.

Na Suíça, as preocupações seguem entre os investidores após a compra emergencial do Credit Suisse pelo UBS no domingo passado.

Autoridades suíças e o UBS estão correndo para concluir a aquisição em menos de um mês, segundo duas fontes com conhecimento dos planos disseram à Reuters.

O UBS teria prometido pacotes de retenção para os executivos da área de gestão de patrimônio do Credit Suisse na Ásia para conter um êxodo de talentos.

A Jefferies reduziu recomendação sobre as ações do UBS de "compra" para "manutenção", dizendo que a aquisição do Credit Suisse muda a tese de investimento no UBS, que se baseava em um perfil de risco mais baixo, crescimento orgânico e altos retornos de capital.

"Todos esses elementos, que é o que os acionistas do UBS compraram, desapareceram, provavelmente por anos", disse.

A agência Bloomberg publicou que os dois gigantes suíços estão entre os investigados pelo governo dos EUA sobre eventual apoio de executivos a oligarcas russos contra sanções aplicadas por Washington.

O Credit Suisse e o UBS se recusaram a comentar, enquanto o Departamento de Justiça dos EUA não respondeu aos pedidos de comentários da Reuters.

No caso dos bancos suíços, as ações também caíram nesta sexta-feira. O papel do UBS negociado na Bolsa de Zurique, na Suíça, recuou 3,55%. O Credit Suisse recuou 5,19%.

Em março, o UBS já perdeu 15,60% do seu valor de mercado, e o Credit Suisse tem queda de 73,3%. A ação continua caindo mesmo após o anúncio de venda para o UBS. Na semana, a queda acumulada foi de quase 60%.

Alguns executivos de bancos e operadores de mercado tentam entender como interagir com o Credit Suisse em vários mercados, incluindo dívida e câmbio. Em alguns casos, foi adotado um maior rigor em relação aos produtos do banco suíço, disseram fontes.

A cautela ocorre depois que o UBS ofereceu pagar 3 bilhões de francos suíços (US$ 3,23 bilhões) pelo Credit Suisse, em uma fusão acordada às pressas e arquitetada pelas autoridades suíças para salvar o banco.

Com Reuters e Financial Times

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