O presidente chinês, Xi Jinping, prometeu aumentar a capacidade manufatureira do país para não depender dos mercados estrangeiros, informou a imprensa estatal nesta segunda-feira (6).
Em seu discurso anual ao parlamento em Pequim no domingo (5), Xi disse que a China deve ser capaz de se manter sozinha.
"Sempre disse que há duas áreas críticas para a China: uma é proteger nossa tigela de arroz e a outra é construir um forte setor manufatureiro", disse Xi ao jornal estatal People's Daily.
"Como uma grande nação de 1,4 bilhão de habitantes, devemos confiar em nós mesmos", acrescentou. "Não podemos depender dos mercados internacionais para nos salvar".
Xi fez as observações durante uma reunião com delegados da província chinesa de Jiangsu.
Pequim insiste na necessidade de construir uma indústria autossuficiente e abandonar as importações em setores considerados vitais para a segurança nacional, como semicondutores e inteligência artificial.
Nos últimos meses, o governo dos Estados Unidos reforçou as sanções contra os fabricantes de chips chineses, citando preocupações de segurança nacional e a possibilidade de que a tecnologia ser utilizada pelo Exército chinês.
Ordem para que empresas sejam 'ricas e amorosas'
Xi Jinping também afirmou nesta segunda-feira que as empresas privadas devem ser "ricas e amorosas" ao assumir a responsabilidade junto com as empresas estatais de alcançar a prosperidade para todos.
As empresas privadas chinesas e estrangeiras estão esperando que Pequim forneça detalhes sobre como pretende buscar a "prosperidade comum", iniciativa de Xi para reduzir a diferença de riqueza na China, e como espera que as empresas privadas contribuam.
Em reunião a portas fechadas com conselheiros do governo que representam o setor empresarial, Xi pediu que empresas privadas e empresários sejam "patrióticos" e participem ativamente de empreendimentos de caridade, informou a rádio estatal nesta segunda-feira.
Xi também disse que as empresas privadas devem compartilhar os frutos de seu crescimento com os funcionários de forma mais equitativa, no que chamou de "comunidade de interesses compartilhados".
"Sejam ricas e responsáveis, sejam ricas e beneficiem os outros, sejam ricas e amorosas", declarou Xi, segundo a rádio estatal.
Alguns analistas dizem que as empresas privadas estão preocupadas que o apelo de Xi por "prosperidade comum" possa se traduzir em um imposto de fato, à medida que governos locais endividados lutam para aumentar a receita fiscal.
"O problema com a 'prosperidade comum' é que ela pode levar a uma carga tributária muito incerta, ao contrário da alíquota oficial de impostos corporativos estabelecida por lei", disse à Reuters Alfred Wu, professor associado da Escola de Políticas Públicas Lee Kwan Yew da Universidade Nacional de Cingapura.
Ele afirmou que é injusto esperar que empresas privadas compartilhem a responsabilidade social pela "prosperidade comum" com empresas estatais, que desfrutam de acesso privilegiado a mercados e empréstimos preferenciais nem sempre disponíveis para empresas privadas.
Xi disse nesta segunda-feira que a China sempre tratará as empresas e empresários privados como "família" e prometeu remover obstáculos institucionais que impedem as empresas privadas de competir de forma justa, segundo a rádio estatal.
Pequim tem prometido apoiar um setor privado que se recupera de uma repressão regulatória nos setores de propriedade, tecnologia e educação privada e das restrições impostas pelo Estado devido à Covid que foram suspensas em dezembro.
Xi culpou o Ocidente pelas dificuldades enfrentadas pela economia chinesa. "Liderado pelos Estados Unidos, o Ocidente implementou contenção total para reprimir a China, trazendo desafios sem precedentes ao desenvolvimento da China", disse Xi, segundo a rádio estatal.
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