Descrição de chapéu Financial Times Silicon Valley Bank

SVB discutiu venda de até US$ 20 bilhões meses antes da corrida ao banco

Credor considerou uma ação drástica para conter a crise de liquidez já em novembro do ano passado, conforme documentos

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Mark Vandevelde e Tabby Kinder
Nova York e San Francisco | Financial Times

O SVB (Silicon Valley Bank) discutiu a venda de parte de sua carteira de títulos com prejuízo já em novembro de 2022, de acordo com documentos recém-divulgados que mostram executivos do credor enfrentando uma crise de liquidez meses antes que ele sucumbisse a uma corrida bancária histórica.

Em uma apresentação interna com o codinome "Projeto Phoenix", os executivos do SVB discutiram a venda de títulos no valor de até US$ 20 bilhões com prejuízo de US$ 2 bilhões, enquanto alertavam que não havia uma "bala de prata" para resolver o problema cada vez mais urgente da saída de depósitos projetados para continuar.

Logotipo do Silicon Valley Bank na sede do grupo
Silicon Valley Bank teve falência decretada em março deste ano - Dado Ruvic - 28.abr.2023 / Reuters

"Espera-se que a reação dos investidores seja muito negativa", disse a apresentação do conselho em novembro, com as duas últimas palavras em negrito e sublinhadas.

Esse aviso provou ser apropriado. Um dia depois de o banco lançar uma versão do plano em março, as ações do SVB Financial caíram 60%. Os reguladores tomaram o banco no dia seguinte e sua empresa controladora declarou falência.

Documentos internos de discussão do SVB, datados de 8 de novembro, foram divulgados pelo Fed (Federal Reserve, o Banco Central dos EUA) na sexta-feira (28) como parte da revisão do banco central de como lidou com a segunda maior falência bancária da história dos Estados Unidos.

"Embora não planejemos avançar neste momento", afirmou a apresentação, "estas são opções que podemos considerar caso as atuais condições de mercado persistam."

Se aprovado, o plano marcaria a segunda vez em apenas nove meses que o Fed decidiu reverter sua estratégia de proteção da taxa de juros.

No início de 2022, o SVB possuía coberturas de taxa de juros destinadas a compensar as perdas em sua carteira de títulos caso as taxas de juros subissem.

Mas em março daquele ano o SVB estava tão confiante em sua posição financeira que começou a se livrar dos hedges para maximizar seus ganhos caso uma recessão forçasse o Fed a reduzir as taxas.

"Proteger a lucratividade era o foco", disse o Fed em seu relatório.

Em novembro, as avaliações de tecnologia em queda estavam fazendo com que as empresas de capital de risco diminuíssem seus investimentos e a clientela de startups gastadoras de dinheiro do SVB estava retirando depósitos num ritmo alarmante.

Como o estoque de ativos líquidos do banco estava acabando, o SVB se deparou com a possibilidade de ter que vender alguns de seus títulos de longo prazo para atender a essas retiradas. Num esforço para limitar as perdas que isso acarretaria, o conselho considerou a compra de hedges semelhantes aos que vinha vendendo em março.

Para completar a manobra, o SVB teria que acelerar a adoção de um novo padrão contábil, mostram os documentos.

De acordo com a apresentação do conselho em novembro, "uma transferência única de nosso portfólio HTM [manter até o vencimento] para AFS [disponível para venda] ... para efeitos de cobertura desses títulos em apoio à gestão das taxas de juro" estava entre as opções consideradas.

A discussão de novembro ocorreu um mês antes de o executivo-chefe do SVB, Greg Becker, dizer ao jornal "Financial Times" que uma venda antecipada do portfólio de HTM estava fora de questão.

"Não temos intenção de usá-lo ou vendê-lo, pois podemos tomar empréstimos contra ele", disse Becker em dezembro.

Em vez disso, ele flutuou usando parte dos US$ 91 bilhões do banco em "ativos fora do balanço" para sustentar suas finanças. "Temos muita flexibilidade, mas só seria necessária se víssemos saídas líquidas de depósitos", disse ele. "Não acho que seja um cenário provável."

Tradução de Luiz Roberto M. Gonçalves

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