Descrição de chapéu juros

Necessidade de novo aumento de juros nos EUA está 'menos certa', diz ata do Fed

Algumas autoridades, porém, ainda fazem alertas sobre inflação persistente

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Howard Schneider
Washington | Reuters

Autoridades do Fed (Federal Reserve, o banco central americano) concordaram no mês passado que a necessidade de novos aumentos na taxa de juros "tornou-se menos certa", com várias delas dizendo que o aumento de 0,25 ponto percentual aprovado na última reunião poderia ser o último, de acordo com a ata do encontro de 2 e 3 de maio divulgada nesta quarta-feira (24).

Outros alertaram que o banco central dos EUA precisa manter suas opções em aberto devido aos riscos de inflação persistente.

"Vários participantes observaram que, se a economia evoluir de acordo com suas perspectivas atuais, pode não ser necessário mais aperto após esta reunião", disse a ata, dando peso às expectativas de que o Fed provavelmente fará uma pausa em sua agressiva campanha de aumento de juros na próxima reunião, de 13 e 14 de junho.

No entanto, houve divisão sobre a trajetória à frente.

Sede do Federal Reserve, em Washington - Kevin Dietsch - 19.set.2022/Getty Images/AFP

Com a equipe do Fed ainda projetando uma recessão leve neste ano, algumas autoridades viram evidências de que o aperto do ano passado estava começando a ter o impacto pretendido, com "quase todos os participantes" projetando riscos para o crescimento devido ao aperto do crédito bancário.

No entanto, "quase todos" também viram riscos de alta para a inflação, e muitos participantes se concentraram na necessidade de manter as opções de manutenção dos juros ou de aumentá-los. Alguns também dizem que a necessidade de um novo aumento de juros é provável

Além disso, alguns participantes enfatizaram que era crucial não comunicar que os cortes de juros são prováveis ou que os aumentos "foram descartados".

O movimento do mês passado para elevar a taxa de juros de referência do banco central em 0,25 ponto percentual teve "um apoio generalizado muito forte", disse o presidente do Fed, Jerome Powell, em entrevista a jornalistas após a reunião, há três semanas.

O Fed mudou para uma abordagem reunião a reunião após o aumento da taxa de juros em maio, sinalizando possível pausa nos aumentos por um tempo, para ao menos permitir que a economia e o sistema financeiro se ajustem totalmente às rápidas elevações nos custos de empréstimos dos últimos 14 meses.

"Os participantes enfatizaram a importância de comunicar ao público a abordagem dependente de dados", disse a ata sobre a decisão do Fed de mudar sua orientação e abrir a porta para uma pausa no aumento dos juros, ao mesmo tempo em que mantém aberta a possibilidade de novos aumentos.

O nível da taxa básica definido em maio, em uma faixa entre 5% e 5,25%, corresponde ao pico médio esperado pelas autoridades em suas projeções econômicas de dezembro e março.

Novas projeções serão divulgadas na reunião de junho, mas os dados mais recentes deram pouca clareza sobre para onde a batalha da inflação do Fed está indo e com que rapidez. O ritmo dos aumentos de preços está desacelerando, mas apenas modestamente, e a economia continua mais forte do que o esperado em aspectos importantes, principalmente no crescimento de empregos e salários.

No entanto, também há sinais de desaceleração da economia, e um surto de estresse no sistema financeiro levou a expectativas de aperto na disponibilidade de crédito para empresas e famílias.

FED PODE AJUSTAR META DE 2% APÓS RECUO DA INFLAÇÃO

Alguns presidentes regionais do Federal Reserve sinalizaram recentemente estar dispostos a examinar se 2% é o patamar certo para a meta de inflação do banco central dos Estados Unidos. As condições para a alteração, no entanto, são exigentes e qualquer debate será feito apenas em 2025.

"Poderíamos revisitar isso? Claro. Mas não podemos revisitar até que a inflação volte para 2%", disse o presidente do Fed de Minneapolis, Neel Kashkari, em entrevista à Reuters na segunda-feira (22). Uma vez que o banco central norte-americano reduza a inflação para 2% "então poderemos debater sobre qual deve ser a meta certa", afirmou ele.

No final de abril, o presidente do Fed da Filadélfia, Patrick Harker, também deu a entender que a meta poderia ter um novo cenário em algum momento. Como Kashkari, Harker disse que "não estamos mudando agora", o que pareceu deixar em aberto a opção de alterar a meta mais tarde, embora ele também não tenha exigido uma mudança.

Em uma coletiva de imprensa após o final da reunião de política monetária do banco central de 21 a 22 de março, o presidente do Fed, Jerome Powell, disse que se opõe a qualquer mudança e destacou que um compromisso inabalável com a meta de 2% ajuda a angariar a confiança do público de que, mesmo que as pressões de preços a excedam, o banco central fará o que for preciso para baixá-las aos níveis desejados.

O próprio Powell, porém, comprometeu o Fed a revisar sua estrutura operacional a cada cinco anos, o que significa que um reexame da atual meta de inflação poderia ser realisticamente colocado sob discussão em 2025.

Um obstáculo para essa ideia é que, até março, a percepção média entre as autoridades do Fed era de que a inflação ainda estaria um pouco acima de 2% até o final daquele ano. Mesmo com aqueles abertos a revisitar a meta, como Kashkari, dizendo que o debate não deve ser iniciado até que a inflação volte à meta, qualquer discussão substantiva entre os formuladores de política monetária pode estar ainda mais distante, a menos que a inflação diminua mais rapidamente do que eles esperam atualmente.

Nos anos imediatamente posteriores a adoção da meta de 2%, a inflação ficou consistentemente abaixo desse patamar, o que levou alguns economistas a afirmar que elevar a meta aumentaria as expectativas de inflação e ajudaria as pressões de preço no mundo real a subir para 2%.

Agora, com a inflação ainda em mais do que o dobro da meta, apesar de 14 meses de aumentos agressivos dos juros, alguns observadores avaliam que aumentar a meta aliviaria a pressão sobre o Fed para manter uma política monetária rígida. Diminuiria também o risco de alta no desemprego com o recuo da inflação para o nível de 2%.

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