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Dólar cai após aprovação de texto-base do arcabouço fiscal; Bolsa é pressionada por exterior

Dúvidas sobre o aumento do teto da dívida americana ainda geram cautela em investidores

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São Paulo

O dólar fechou em queda nesta quarta (24) após a aprovação do texto-base do arcabouço fiscal na Câmara dos Deputados.

A Bolsa brasileira, por sua vez, registrou perdas mesmo com o otimismo com as novas regras fiscais, seguindo os índices do exterior. Investidores no mundo todo ainda acompanham o impasse sobre o teto da dívida dos Estados Unidos.

Com isso, o Ibovespa fechou em queda de 1,03%, a 108.799 pontos, enquanto o dólar caiu 0,34%, a R$ 4,954.

Notas de um dólar
Notas de um dólar - Dado Ruvic - 8.fev.2021/Reuters

O texto-base da nova regra fiscal foi aprovado por 372 votos a 108 na Câmara, numa ampla vitória do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Investidores acompanhavam com otimismo a tramitação o projeto no Congresso desde a última semana, já que o novo arcabouço pode melhorar a percepção de risco e o ambiente de negócios do país.

Isso porque, com um plano para contenção da dívida pública, a tendência é que credores cobrem juros menores para emprestar dinheiro, impulsionando financiamentos e, consequentemente, o crescimento econômico.

Assim, a perspectiva de crescimento motiva investidores a trazer recursos para o país.

O texto continua a tramitar na Câmara para a votação dos destaques, o que deve ocorrer nesta quarta. Depois, seguirá para o Senado.

Leonel Oliveira Mattos, analista de inteligência de mercado da Stonex, disse que o texto aprovado veio "um pouco mais restritivo, mais firme, no sentido do controle dos gastos públicos, e, de certa forma, agrada aos investidores".

Além disso, ele avaliou que a folga na aprovação mostra elevada capacidade de articulação do governo do presidente Lula.

O analista Étore Sanchez, da Ativa Investimentos, também afirma que o texto traz melhorias na sustentabilidade fiscal. Ele diz que a nova regra não será capaz de estabilizar a dívida brasileira, mas será suficiente para reduzir a probabilidade de cenários extremos nos gastos.

Com isso, o dólar registrou queda ante o real desde o início do dia, mesmo ganhando força no exterior. O índice DXY, que mede o desempenho da moeda americana com relação a outras moedas fortes, avançou 0,39% nesta quarta.

Os mercados futuros também caíram após a aprovação do texto, com os contratos de juros com vencimento em janeiro de 2024 indo de 11,68% para 11,62%. Os para 2026 foram de 11,16% para 11,10%, enquanto os para 2027 caíam de 11,19% para 11,13%.

Já a Bolsa brasileira registrou queda, puxada mais uma vez por ações da Vale, que caíram 2,14% com a ampliação das perdas dos contratos futuros do minério de ferro.

Baixas de Bradesco (3,05%), Itaú (0,56%) e Localiza (0,51%), que ficaram entre as mais negociadas da sessão, também pressionaram a Bolsa.

As ações de exportadoras de frango seguiram em baixa após a decretação de emergência zoossanitária no país. BRF e JBS estiveram entre as que mais perderam na sessão, com quedas de 5,55% e 4,89%.

Na outra ponta, uma alta nas ações da Petrobras (2,13%) com a subida do petróleo no exterior atenuou as perdas do Ibovespa. A Petz e a Meliuz tiveram os maiores ganhos, subindo 2,74% e 2,38%, respectivamente.

Além disso, os índices do exterior pressionaram o Ibovespa em meio a indefinições sobre o teto da dívida americana.

O líder republicano Kevin McCarthy afirmou na terça (23) que não está "nem perto de um acordo" com os democratas para aumentar o limite da dívida dos EUA, após mais uma rodada de negociações com o governo Biden.

Nesta quarta, um analista sênior da agência de classificação de risco Moody's afirmou que declarações públicas de parlamentares durante as negociações do teto da dívida podem levar a uma mudança em suas avaliações antes de um potencial calote.

Investidores usam as classificações de crédito como uma das métricas para estabelecer os perfis de risco de governos e empresas.

Geralmente, quanto mais baixa a classificação, maiores são os custos de financiamento. Isso significa que um possível rebaixamento da classificação do governo norte-americano pode afetar o preço de trilhões de dólares em títulos de dívida do Tesouro.

O prazo estabelecido pelo Tesouro americano para garantir o pagamento das dívidas dos EUA é 1° de junho. Após esse limite, o país pode desencadear um calote histórico e desestabilizar os mercados no mundo todo.

Uma análise da Casa Branca sugere que um calote de curta duração resultaria em meio milhão de empregos perdidos e uma queda de 0,6% no PIB (Produto Interno Bruto) do país. Um calote que se prolongue por mais tempo pode levar à perda de 8,3 milhões de empregos e a uma queda de 6,1% no PIB.

Democratas e republicanos estão reunidos novamente nesta quarta para uma nova rodada de negociações sobre o tema. O mercado ainda espera que um acordo é o caminho mais provável, mas segue em cautela.

Com isso, os principais índices americanos fecharam em queda. O Dow Jones, o S&P 500 e o Nasdaq caíam 0,77%, 0,73% e 0,61%, respectivamente.

Investidores nos EUA também digerem a ata da reunião do Federal Reserve de 2 e 3 de maio, divulgada nesta quarta. A maioria das autoridades do banco acreditam que uma nova alta de juros pode não ser mais necessária, mas parte delas ainda faz alertas sobre a persistência da inflação no país.

A expectativa do mercado é de que o Fed promova uma pausa nos juros na próxima reunião.

Analistas da Guide Investimentos, porém, afirmam que a ata não permite reforçar as apostas de manutenção dos juros.

"O foco do documento foi deixar claro que a decisão de continuar ou não o ciclo de alta ainda não foi tomada, e todos os caminhos são possíveis nas próximas reuniões", afirmam em comunicado.

O sócio da Fatorial Investimentos Jansen Costa destaca que o documento ainda mostra dificuldade do governo americano em controlar a inflação. Por isso, as taxas de juros devem permanecer altas neste ano, diz o analista.

Com Reuters

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