Descrição de chapéu forças armadas

Novo PAC investirá R$ 52,8 bi em projetos da Defesa em gesto aos militares

Projetos estratégicos das Forças Armadas se tornaram, desde o início do governo, uma forma de aproximação com militares

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Brasília

O Novo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), lançado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), promete investir R$ 52,8 bilhões em projetos de Defesa.

Os investimentos em projetos militares foram incluídos em um dos nove eixos estabelecidos no modelo criado pela Casa Civil, em um gesto aos militares após sucessão de crises com o fim do governo Jair Bolsonaro (PL).

O governo federal lançou nesta sexta-feira (11) o programa, em um evento no Theatro Municipal do Rio de Janeiro. O Novo PAC é a principal aposta de vitrine do terceiro mandato de Lula

O Novo PAC prevê um total de R$ 371 bilhões de investimentos com recursos públicos em quatro anos.

Lula sorri em púlpito. Ele está falando ao microfone e segura alguns papéis.
O presidente Lula durante cerimônia de lançamento do Novo PAC - Mauro Pimentel - 11.ago.23/AFP

O governo também calcula que será investido um total de R$ 1,7 trilhão, considerando os recursos do orçamento geral da União, investimentos das estatais e gastos privados.

Os investimentos com a Defesa são o quarto eixo dos nove que mais receberão investimento, ficando inclusive à frente de Saúde, por exemplo. Apesar de vultosos, os quase R$ 53 bilhões ficam muito atrás de cidades sustentáveis e resilientes (R$ 610 bilhões), transição e segurança energética (R$ 540 bilhões) e transportes (R$ 349 bilhões).

O emprego dos recursos foi divido entre as três Forças, sendo que a Marinha será a principal beneficiada, com um total de R$ 20,6 bilhões.

Os montantes destinados para a pesquisa, o desenvolvimento e a aquisição de equipamentos de grande porte da Aeronáutica e da Marinha serão, respectivamente, de R$ 17,4 bilhões e R$ 12,4 bilhões.

Foram incluídos no Novo PAC projetos relacionados ao programa de submarino nuclear da Marinha, uma iniciativa que atravessa décadas e que já consumiu bilhões de reais dos cofres públicos, além de ter sido pivô de um dos casos da Operação Lava Jato em 2015.

Também receberão recursos do PAC o programa de construção de fragatas e de submarinos convencionais.

Em relação aos projetos da Aeronáutica, foram incluídos no programa o programa de compra e desenvolvimento do F-39 Gripen, caças suecos que foram adquiridos ainda no governo de Dilma Rousseff (PT). O contrato prevê transferência de tecnologia e a construção de unidades no Brasil.

Também estão previstas as compras do cargueiro KC-390 e o desenvolvimento da versão abastecedora da aeronave da Embraer, uma posta para exportar para outros países.

O Exército foi contemplado no programa com a inclusão de projetos de compra e desenvolvimento de veículos blindados, de drones e a modernização de helicópteros.

Projetos de Defesa são, via de regra, caros e mais longos de serem concluídos. No total, serão 16. A Casa Civil não divulgou quanto custará cada medida, não apenas na Defesa, mas em todos os eixos.

No caso da Defesa, o Novo PAC não contemplará obras em si, mas a compra de helicópteros e navios-patrulha, como a Folha antecipou.

Geraldo Alckmin aparece de costas falando em um púlpito. Ao fundo, está a plateia em um teatro.
O vice-presidente Geraldo Alckimin (PSB) no lançamento do Novo PAC, no Theatro Municipal, do Rio de Janeiro - Ricardo Stuckert/PR/Divulgação

A indústria bélica é uma grande preocupação entre os militares e foi o ponto encontrado pelo presidente Lula para buscar pacificação com os fardados. Os ministros José Múcio Monteiro (Defesa) e Geraldo Alckmin (Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços) têm feito a interlocução com as forças.

A necessidade de normalizar e despolitizar a relação com os militares é vista por auxiliares do presidente como um dos maiores desafios de seu mandato.

O início de seu governo, sobretudo os cem primeiros dias, foi marcado por uma traumática troca no comando do Exército, ataques golpistas em 8 de janeiro e crises o futuro de fardados próximos a Bolsonaro, no alvo do Judiciário.

O então ajudante de ordens do ex-presidente, tenente-coronel Mauro Cid, foi pivô de uma crise de confiança de Lula com o Exército. Cid havia sido promovido para comandar um batalhão de tropa de elite em Goiânia (GO), mas Lula determinou a reversão disso, o que não ocorreu.

Diante da manutenção do cargo ao Cid pelo então comandante do Exército, general Júlio Cesar de Arruda, o presidente determinou sua demissão. Foi nomeado para o seu lugar o general Tomás Paiva.

Em um desdobramento de uma operação em que é suspeito de fraudar cartão de vacinas, o ajudante de ordens está preso desde 3 de maio. Já o seu pai, general Mauro Cid, foi alvo de uma operação da PF (Polícia Federal) no mesmo dia em que ocorreu o lançamento do PAC.

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