Credores questionam proposta da Light para acelerar reestruturação de dívida

Empresa confirma que conselho aprovou suspensão de recuperação judicial

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Rio de Janeiro

A proposta da Light de suspender a recuperação judicial para tentar reestruturar sua dívida de R$ 11 bilhões ainda este ano foi encarada com descrença por grandes credores da companhia, que veem apenas uma estratégia para driblar questionamentos da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica).

Na noite desta quarta-feira (6), a elétrica divulgou ao mercado que seu conselho de administração deu aval ainda na segunda (4) para a elaboração de um plano visando a saída da empresa da recuperação judicial. A informação fora adiantada pelo colunista de O Globo Lauro Jardim e confirmada por esta Folha na quinta (5).

Ainda não há detalhes sobre o plano, o que dez as ações da empresa despencaram na B3, com queda de quase 9%, durante o pregão desta quarta. Dois dias depois de reunião do conselho de administração que deliberou o tema, a empresa ainda não entrou no mérito.

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Subestação da Light em Copacabana, na zona sul do Rio de Janeiro. - Folhapress

Segundo fontes, a ideia da empresa é condicionar o fim do processo de recuperação judicial a um acordo para alongamento e conversão de dívidas com os grandes credores. Acena ainda com um aporte de R$ 1 bilhão de seus sócios controladores.

Conversas nesse sentido, porém, já estão em curso desde que a BR Partners assumiu a missão de negociar. Embora prefiram a via da negociação direta, porém, a Folha apurou que os fundos que detêm debêntures da empresa não veem possibilidade de acordo no curto prazo.

Eles concordam que a reestruturação passará pelo alongamento de prazos e pela conversão de parte das dívidas em ações, mas a definição sobre o valor dos papéis que serão cedidos aos credores ainda está longe de um consenso.

O valor de mercado da Light disparou nos últimos meses, em meio a um avanço do empresário Nelson Tanure sobre o controle da companhia. Para os debenturistas, mesmo com a queda desta quarta, o preço das ações não reflete a situação de crise da empresa.

Além disso, acordos desse tipo precisam ser aprovados em assembleias de debenturistas, algumas delas em Nova York, que demandam tempo para sua organização.

A avaliação é que a Light tenta acelerar o processo para dar uma resposta à Aneel, que vê a empresa sem condições financeiras para negociar a renovação de sua concessão para distribuir energia elétrica para parte do estado do Rio de Janeiro.

A concessão vence em 2026, mas o processo de renovação tem que ser iniciado este ano. Caso a Aneel opte por não renovar, terá que realizar um leilão para buscar um novo concessionário para o serviço.

A Light presta atendimento a 4,5 milhões de consumidores em mais de 30 municípios do Rio de Janeiro. Parte da área de cobertura está em locais dominados por narcotráfico e controle armado de milícias, o que se reflete em elevada perda de receita com furtos de energia.

A decisão por suspender o pedido de recuperação judicial foi tomada por um conselho eleito no dia 18 de julho por Tanure, hoje o maior acionista da companhia.

Em junho, sua gestora WNT elevou a participação na companhia de 22% para 28%, tornando-se a maior acionista, posto que antes era do fundo Samambaia, de Ronaldo Cezar Coelho. Em julho, às vésperas da eleição do novo conselho, foi a 30%.

O pedido de recuperação judicial da distribuidora é contestado pelos credores e por especialistas no setor elétrico, já que a lei não dá a concessionárias de serviço público a possibilidade de pedir socorro à Justiça para equacionar dívidas.

Com Reuters

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