Americanas promete gerar caixa só em 2025

Até lá, varejista terá mais despesa do que receita; prejuízo no ano passado foi de quase R$ 13 bi

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São Paulo

A Americanas, que divulgou nesta quinta-feira (16) seu balanço de 2022, com prejuízo de R$ 12,9 bilhões, também informou seu plano de negócios para os próximos anos. De acordo com a companhia, seu objetivo é atingir, em 2025, uma geração de caixa (Ebitda –lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) de mais de R$ 1,5 bilhão (já descontados os aluguéis).

No ano passado, a varejista apresentou Ebitda negativo de R$ 6,2 bilhões. Um Ebitda negativo significa que a empresa não consegue gerar valor suficiente para cobrir os custos por meio da sua principal atividade. Ou seja, em 2024, a varejista estará com mais despesas a serem pagas do que receita para arcar com seus compromissos financeiros.

Depois da revisão das demonstrações financeiras de 2021, dos nove primeiros meses de 2022 e da conclusão do último trimestre do ano passado, a Americanas descobriu que tem um patrimônio líquido negativo de R$ 26,7 bilhões e dívida líquida real de R$ 26,3 bilhões.

fachada de loja vermelha em que se lê em branco Americanas Express
Fachada de loja da Americanas na República, região central de São Paulo. - Gabriel Silva/Ato Press/Agência O Globo

A companhia ainda não deu detalhes sobre como espera atingir o Ebitda de R$ 1,5 bilhão em dois anos.

O comunicado diz apenas que o plano de negócios, que já em curso, "promove maior assertividade nos produtos para revenda, assim como novos modelos de precificação e modulação de sortimento para ampliar as vendas no canal físico e a margem bruta da companhia".

De acordo com a companhia, foi criado um grupo de trabalho neste ano que, "numa força tarefa de 100 dias, identificou 14 áreas do negócio com oportunidades de melhoria e evolução para a reconstrução da Americanas."

O texto também destaca como pilares dessa "nova Americanas" a "renovação das lojas físicas, a otimização dos custos de ocupação e revisão de processos para oferecer excelência na jornada dos consumidores."

Mais detalhes devem ser apresentados a partir das 10h desta quinta, em teleconferência para o mercado em geral conduzida pelo presidente da Americanas, Leonardo Coelho, e pela diretora financeira e de relações com investidores, Camille Loyo Faria.

A varejista afirma ter realizado "ajustes e melhorias em áreas como marketing, tecnologia e estrutura logística a partir do novo contexto de atuação da plataforma digital, da renegociação de contratos e mudanças na estrutura organizacional, com melhora da despesa operacional."

"Acreditamos que, com este plano, a Americanas estará pronta para renovar seu papel de relevância no varejo brasileiro. Não será fácil, não será simples, mas será feito", afirmou Coelho, no comunicado.

Bancos credores terão R$ 12 bi de dívida convertidos em ações da varejista

O próximo passo da empresa é aprovar o seu plano de recuperação judicial junto aos maiores credores, os bancos.

"Após sofrer fraude de resultados praticada pela antiga diretoria, a companhia tem centrado esforços na continuidade do negócio, que ganhará mais fôlego a partir do aumento de capital de R$ 12 bilhões que será realizado pelos acionistas de referência e capitalização de dívida concursal por parte dos credores também no valor de R$ 12 bilhões, assim como com a aprovação do Plano de Recuperação Judicial pelos credores", diz o comunicado.

O plano prevê priorizar o pagamento de credores que aceitem receber até R$ 12 mil à vista em cota única, "além de alternativas especiais para os credores fornecedores da Classe 3", diz o texto, referindo-se aos quirografários (credores sem garantia real).

A expectativa da Americanas é que a assembleia geral de credores seja realizada ainda este ano.

9.000 demitidos, uma loja fechada a cada 2,5 dias e 16 ações de despejo

As operações da empresa ao longo de 2023 sofreram forte impacto.

Nos primeiros sete meses da crise, mais de 9.000 funcionários foram demitidos. De acordo com o mais recente relatório de acompanhamento mensal dos administradores judiciais da empresa, em 5 de novembro, o grupo tinha 33.342 colaboradores. Na metade de janeiro, a Americanas somava 43.123 funcionários.

Entre 19 de janeiro, quando teve início a sua recuperação judicial, e 5 de novembro, a Americanas fechou 121 lojas —o que significa encerrar as operações de um ponto de venda a cada 2,5 dias, em média. Hoje, a varejista soma 1.759 lojas. Em janeiro, eram 1.880.

A base de clientes da companhia recuou 12,4% entre janeiro e setembro, para 42,3 milhões.

Segundo relatório de acompanhamento mensal dos administradores judiciais enviado à CVM no início de outubro, a Americanas tem 16 ações de despejo em andamento por falta de pagamento.

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