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Bolsa tem quinta alta seguida impulsionada por bancos e varejo; dólar cai

Perspectiva de queda da Selic apoia empresas do Ibovespa; commodities limitam ganhos

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São Paulo

Apesar de ter começado o pregão caindo, a Bolsa brasileira virou e registrou sua quinta alta consecutiva nesta terça-feira (7) apoiada pelo setor de varejo, que liderou os ganhos do dia, e pelas ações de bancos, que ficaram entre as mais negociadas da sessão após o Itaú reportar crescimento no lucro do terceiro trimestre.

No início do dia, a divulgação da ata da última reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), que foi considerada mais dura pelo mercado, pesou e fez o Ibovespa abrir em viés de queda.

Em seu documento, o Copom afirmou que o aumento da incerteza sobre a meta fiscal elevou o risco de investimentos do país, em meio a discussões sobre uma possível mudança do objetivo de déficit zero em 2024.

O comitê afirmou, ainda, que o afrouxamento da disciplina fiscal pode impactar negativamente a política de juros.

"O comitê vinha avaliando que a incerteza fiscal se detinha sobre a execução das metas que haviam sido apresentadas, mas nota que, no período mais recente, cresceu a incerteza em torno da própria meta estabelecida para o resultado fiscal, o que levou a um aumento do prêmio de risco", afirmou.

Apesar disso, declarações do presidente do Banco Central sobre a continuidade do ritmo de queda da Selic (taxa básica de juros) e resultados corporativos positivos apoiaram a Bolsa brasileira.

Assim, o Ibovespa subiu 0,70%, aos 119.268 pontos, segundo dados preliminares, enquanto o dólar terminou o dia em queda de 0,28%, cotado a R$ 4,873.

Sede do Banco Central, em Brasília (DF) - Gabriela Biló - 14.abr.2023/Folhapress

Para Nicolas Borsoi, economista-chefe da Nova Futura, a ata do Copom trouxe uma mensagem mais cautelosa, dando destaque à piora no cenário externo e à falta de fatores para redução da inflação nos próximos meses.

"A mensagem é que o ritmo de 0,50 ponto percentual deve seguir no curto prazo, mas que o tamanho do ciclo de cortes dependerá da reancoragem das expectativas —o que, na visão do BC, depende da fatores da atuação do próprio BC e das autoridades fiscais", diz Borsoi.

João Savignon, chefe de pesquisa macroeconômica da Kínitro Capital, faz a mesma avaliação.

"Consideramos o tom da ata do Copom mais mais duro que o do Comunicado pós-reunião. Foram destacados diversos riscos, seja do global mais incerto, seja do longo caminho para a ancoragem das expectativas e retorno da inflação ao centro da meta", afirma.

Savignon diz, ainda, que a ata confirma o plano de voo do comitê para as próximas duas reuniões de manter o ritmo de cortes em 0,50 ponto, mas que a magnitude das reduções pode ser alterada se o cenário não evoluir conforme o esperado.

Apesar do tom mais duro da ata do Copom, as atenções foram voltadas para a previsão de que os cortes devem continuar na mesma magnitude pelo menos nas próximas duas reuniões, em especial após declarações do presidente do BC, Roberto Campos Neto, que endossaram essa projeções.

Pela manhã, Campos Neto afirmou que o corte de juros de 0,50 ponto por reunião é o ritmo adequado e que não é possível projetar o que acontecerá nas reuniões do comitê depois de janeiro.

"50 pontos é um ritmo apropriado, e a gente tem a visibilidade de duas reuniões", afirmou o presidente do BC durante palestra no Fórum de Estratégias de Investimentos, promovido pela Bradesco Asset Management.

Com as sinalizações de manutenção do ritmo de queda da Selic, os juros futuros brasileiros arrefeceram: os contratos com vencimento em janeiro de 2026 foram de 10,71% para 10,64%, enquanto os para 2028 saíram de 11,15% para 11,01%, dando força a empresas do Ibovespa e garantindo desempenho positivo para o índice.

"Tivemos um desempenho excelente para empresas mais sensíveis a esses movimentos, como as mais ligadas à economia doméstica, imobiliárias e incorporadoras", diz Matheus Spiess, analista da Empiricus Research.

As maiores altas do dia foram justamente das "small caps", empresas menores e mais ligadas à economia doméstica, em especial as companhias do setor de varejo. Magazine Luiza, Grupo Casas Bahia e Grupo Soma subiram 23,77%, 11,76% e 7,04%, respectivamente, e lideraram os ganhos da sessão.

"O varejo está despontando pois foi um setor que 'apanhou' demais nos últimos anos, e suas ações estão extremamente depreciadas. Qualquer notícia que reforce que os cortes de juros devem continuar, e talvez até aumentar, reflete positivamente nas ações", afirma Andre Fernandes, chefe de renda variável da A7 Capital.

Além disso, o setor bancário também impulsionou a Bolsa brasileira nesta terça. O Itaú, o Bradesco e o Banco do Brasil subiram 2,80%, 2,64% e 1,12%, respectivamente, e figuraram entre os papéis mais negociados do pregão.

Como pano de fundo, o Itaú divulgou na segunda (6) que seu lucro do terceiro trimestre subiu 11,9%, para R$ 9,04 bilhões, em comparação com o mesmo período do ano anterior, num resultado acima da expectativa do mercado. O otimismo com o banco apoiou outros nomes do setor.

Na ponta negativa, Petrobras e Vale, as maiores da Bolsa, caíram 1,66% e 1,98%, respectivamente, num dia negativo para papéis ligados a commodities após a divulgação de uma balança comercial fraca na China.

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