Descrição de chapéu Selic juros PIB

Haddad ganhou crédito por entregar resultado melhor do que o esperado, diz Citi

Para Leonardo Porto, economista-chefe do banco no Brasil, Selic deve cair só até 10%

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São Paulo

O economista-chefe do Citi Brasil, Leonardo Porto, afirmou nesta quinta-feira (7) que a equipe econômica do ministro Fernando Haddad (Fazenda) ganhou crédito com os dados econômicos melhores que o esperado em 2023.

Ele disse ainda que há espaço para redução da Selic —a taxa básica de juros— para até 10% ao ano, em 2024. A previsão do Citi, porém, está acima da maioria das expectativas do mercado.

No início deste ano, a previsão de economistas era que o PIB (Produto Interno Bruto) do Brasil cresceria menos de 1%. Agora, espera-se uma alta de 2,84%, segundo o boletim Focus. O Citi estima uma taxa de crescimento ainda maior, de 3,1%.

Fernando Haddad em evento em Brasilia; para Citi, o ministro da Fazenda ganhou crédito por um desempenho econômico do Brasil melhor do que o esperado em 2023. - Adriano Machado/REUTERS

"O PIB, mesmo em desaceleração, veio melhor que o esperado. O ministro Haddad ganhou, em parte, crédito de ter entregado resultados melhores do que se imaginava", afirmou Porto, em encontro com jornalistas.

No terceiro trimestre deste ano, o PIB subiu 0,1%, enquanto economistas esperavam contração de 0,3%.

Segundo Porto, o Brasil se beneficiou de um cenário macroeconômico global mais favorável, mesmo com a alta nas taxas de juros de países desenvolvidos, e de uma política monetária bem-sucedida, que permitiu que o Banco Central desse início ao ciclo de cortes nos juros antes dos pares internacionais.

Após a divulgação do PIB, Haddad cobrou o BC por cortes de juros.

"Tivemos um PIB positivo, mas fraco. Com o corte nas taxas de juros, nós esperamos o PIB com mais de 3% de crescimento [em 2023] e um crescimento na faixa de 2,5% no ano que vem. Mas o BC precisa fazer o trabalho dele", disse o ministro.

Para 2024 a 2027, o Citi projeta um crescimento do PIB de 1,5% a cada ano. Com relação à Selic, o Citi projeta que ela caia dos atuais 12,25% ao ano para 10% no ano que vem e que permaneça nesse patamar até 2027.

Já a pesquisa Focus projeta a taxa básica de juros em 9,25% no próximo ano e em 8,50% em 2025 e em 2026.

"A economia está bem, performa mesmo com a taxa de juros alta. As intenções, métricas e objetivos que o governo tem do ponto de vista de desenvolvimento, medidas sociais, projetos para crescimento [econômico], desemprego, são positivas e tiram muita pressão do BC por uma taxa de juros mais baixa", disse Porto.

Outro ponto que alivia a autoridade monetária quanto aos juros é a sinalização de manutenção da meta fiscal, de modo a não descredibilizar o arcabouço e acionar os dispositivos de ajuste fiscal.

"Não parece adequado você trocar a meta antes de no meio da briga, não faz sentido jogar a toalha antes de brigar com todas as possibilidades. É melhor não cumprir, do mudar a meta e cumpri-la", disse Porto.

Apesar da discussão ao redor das metas do arcabouço que elevaram a percepção de risco quanto ao cenário fiscal brasileiro, o economista ainda não vê consequências práticas.

"Toda essa questão de muda meta, não muda meta, acho que aumentou a incerteza, só que não teve impacto relevante em preço de ativo. O impacto desse aumento de incerteza no preço de ativo tem sido muito limitado até agora", disse Porto.

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