Washington Post tem primeira greve desde a década de 1970, dizem líderes sindicais

Paralisação de 24 horas ocorreu nesta quinta-feira (7) por divergência na negociação salarial

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Katie Robertson
Washington | The New York Times

Cerca de 700 funcionários do jornal Washington Post fizeram greve por 24 horas nesta quinta-feira (7), em protesto contra as negociações paralisadas do contrato sindical e as demissões que estão sendo esperadas na publicação.

A greve é a primeira paralisação no veículo desde a década de 1970, segundo líderes sindicais, e ocorre enquanto a publicação lida com números estagnados de assinaturas.

Funcionários do Washington Post protestam em frente ao prédio da empresa durante greve de 24 horas
Funcionários do Washington Post protestam em frente ao prédio da empresa durante greve de 24 horas - Evelyn Hockstein/Reuters

O sindicato The Post Guild afirmou que negociava havia 18 meses, mas que a administração do Washington Post "se recusou a negociar de boa-fé" e encerrou as conversas sobre questões-chave. O sindicato representa mais de mil funcionários, incluindo jornalistas e parte do departamento comercial.

Em comunicado, um porta-voz do Washington Post afirmou que a empresa respeita o direito de seus integrantes sindicalizados realizarem greve.

"Vamos garantir que nossos leitores e clientes sejam afetados o mínimo possível", disse o porta-voz.

"O objetivo do Washington Post continua o mesmo desde o início das negociações: chegar a um acordo com o Guild que atenda às necessidades de nossos funcionários e às necessidades de nosso negócio."

O Washington Post, de propriedade do fundador da Amazon, Jeff Bezos, tem lutado na era pós-Trump para conquistar assinaturas online. Elas caíram para cerca de 2,5 milhões neste ano, uma redução em relação ao pico de 3 milhões obtido em 2020.

No início deste ano, a publicação caminhava para ter um prejuízo de US$ 100 milhões, segundo pessoas com conhecimento das finanças da empresa.

Em outubro, a CEO interina do Washington Post, Patty Stonesifer, anunciou que a empresa cortaria 240 dos 2.600 funcionários. Ela substituiu Fred Ryan, que renunciou ao cargo de CEO em junho.

As 240 demissões inicialmente eram esperadas por meio de rescisões voluntárias, mas Stonesifer afirmou aos trabalhadores no mês passado que demissões poderiam ser necessárias para atingir esse número.

No início de novembro, o Washington Post nomeou Will Lewis, ex-editor do The Wall Street Journal, como seu próximo CEO e editor. Lewis começará em 2 de janeiro de 2024.

Sarah Kaplan, repórter de meteorologia e chefe do sindicato do Washington Post, disse em entrevista que os salários são um dos pontos de embate entre as partes. A empresa propôs um aumento de 2,25%, o que Kaplan disse ser "um corte salarial" levando em consideração a inflação.

"Vemos todas as maneiras pelas quais o Washington Post como instituição está sendo enfraquecido pela má gestão por parte dos líderes da empresa com essas rescisões e a proposta de contrato insuficiente", disse Kaplan.

"O que está nos levando a participar disso é o sentimento de que queremos ter uma voz no futuro do Washington Post porque nos importamos com este lugar e achamos que ele pode ser melhor", afirmou.

O sindicato pediu aos leitores que não interajam com nenhum conteúdo do Washington Post no formato online ou impresso nesta quinta-feira, dizendo em uma carta que "tomar essa ação histórica não foi uma decisão tomada levianamente".

Em sua versão digital, parte das reportagens tinha "Washington Post Staff" como assinatura.

Um artigo sobre a paralisação observou que, enquanto os trabalhadores estavam em greve, "editores e outros gerentes continuaram com muitas das tarefas envolvidas na produção de notícias, desde escrever artigos até operar impressoras".

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.