Bolsa fecha em alta firme, com disparada do setor bancário; dólar recua

Ibovespa voltou ao patamar de 130 mil pontos, do qual havia saído em 15 de janeiro

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São Paulo

A Bolsa brasileira fechou em alta firme de 2,18%, aos 130.380,15 pontos, nesta terça-feira (6), amparada pela cena corporativa e pelas expectativas em torno do setor bancário.

Já o dólar fechou em queda de 0,38%, cotado a R$ 4,962. A moeda norte-americana foi em linha com o exterior, em sessão marcada pela busca global por ativos de risco.

Operador observa painel da B3, em São Paulo
Mercado repercute a ata do Copom e semana ainda terá os dados de janeiro do IPCA - Bruno Rocha/Fotoarena/Folhapress

As perspectivas do setor bancário exaltaram os ânimos e empurraram o Ibovespa de volta ao patamar de 130 mil pontos, do qual havia saído em 15 de janeiro.

O foco foi o anúncio de oferta pública de aquisições de ações da Cielo, controlada pelo Bradesco e pelo Banco do Brasil. A operação, segundo cálculos da XP, pode movimentar até R$ 5,6 bilhões. Por causa disso, o Bradesco fechou com a segunda maior alta do dia, a 6,21%, e Cielo avançou 3,98%.

Além disso, Itaú fechou no sinal positivo, com 4,29%, após publicar o balanço do quarto trimestre de 2023. O lucro líquido do banco cresceu para R$ 35,6 bilhões no último ano.

Também era destaque o anúncio da Natura&Co da noite de segunda-feira, no qual a empresa de cosméticos e beleza disse que a diretoria está autorizada a estudar uma separação das marcas Natura e Avon. A cisão criaria duas companhias independentes e de capital aberto, o que animou o mercado e levou os papéis à maior valorização do dia, a 6,79%.

Ainda no mundo corporativo, a alta do petróleo Brent no exterior impulsionou a Petrobras (1,51%), uma das empresas de maior peso no Ibovespa, e pares petrolíferas, como 3R Petroleum (4,93%), PetroReconcavo (3,78%) e Prio (3,69%).

Vale, que também influi fortemente no principal índice da Bolsa, avançou 1,77%, apesar de mais um dia de recuo nos preços do minério de ferro na China. A mineradora afirmou que está avaliando eventual renovação de contrato de seu atual presidente, Eduardo Bartolomeo, ou a realização de um processo sucessório, já que o mandato do executivo se encerra em 26 de maio.

Da outra ponta, Embraer liderou entre as perdas, com queda de 3,83%, após o HSBC rebaixar a nota de "compra" de papéis para "espera". Localiza veio na sequência, com recuo de 1,95%, na esteira do corte de preço-alvo da companhia de R$ 82 para R$ 81 pelo JPMorgan.

Já na cena macroeconômica, a ata do Copom (Comitê de Política Monetária) do BC (Banco Central), divulgada nesta manhã, não trouxe grandes novidades para o mercado. A autoridade avaliou que o cenário doméstico tem evoluído como esperado, com um progresso desinflacionário relevante, mas que a incerteza internacional ainda impõe cautela à política monetária.

"Em suma, o Banco Central continua com sua abordagem prudente e relativamente muito confortável com a estratégia atual" de adotar cortes de 0,50 ponto percentual, sem espaço para acelerar o ritmo de flexibilização, disse Daniel Cunha, estrategista-chefe da BGC Liquidez.

Olhando para o dólar, o ambiente era de otimismo, com os investidores em busca de ativos de maior risco, como o real.

"Nos últimos dias, com a decisão de política monetária do Fed (Federal Reserve, banco central dos EUA) na semana passada, o dólar acabou se valorizando, com um sentimento pessimista nos mercados", avaliou Felipe Izac, sócio da Nexgen Capital, à Reuters.

"O (presidente do Fed, Jerome) Powell fez colocações no sentido de que o mercado não deveria ficar tão animado com cortes de juros no primeiro semestre, o que acabou jogando um balde de água fria nos investidores."

Além de ajustes em relação aos movimentos mais recentes, as cotações refletiam, conforme Izac, declarações da presidente do Fed de Cleveland, Loretta Mester.

Para ela, se a economia dos Estados Unidos tiver o desempenho esperado, isso poderá abrir a porta a cortes na taxa básica de juros. Por outro lado, Mester disse que ainda não está pronta para oferecer qualquer cronograma para uma política monetária menos restritiva.

Na segunda-feira (5), o dólar fechou em alta de 0,27%, cotado a R$ 4,981. Para analistas, o movimento de queda desta terça reflete uma recomposição de perdas da divisa.

Já a Bolsa avançou 0,32% na véspera, aos 127.592,38 pontos. O pregão foi marcado pelas falas de Jerome Powell, presidente do Fed, no programa "60 Minutes" da CBS, no domingo.

Powell minimizou as chances de cortes iminentes na taxa de juros norte-americana, referência para os mercados globais.

"A atitude prudente a ser tomada é dar um tempo e verificar se os dados confirmam que a inflação está caindo para 2% de forma sustentável. Queremos abordar essa questão com cuidado", disse.

A agenda do Congresso Nacional deve ser destaque ao longo dos próximos dias, já que os parlamentares retomaram suas atividades na segunda.

O líder do governo no Congresso, senador Randolfe Rodrigues (sem partido), disse que o governo está disposto a discutir a reoneração da folha de pagamentos de 17 setores por projeto de lei, em meio a uma disputa entre a equipe econômica e o Legislativo sobre o tema.

A semana trará ainda os dados de janeiro do IPCA.

(Com Reuters)

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