Descrição de chapéu G20 g8 União Europeia

França defende taxação global de super-ricos no G20

Ministro Bruno Le Maire afirma que é preciso retomar crescimento após contornar inflação

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

São Paulo

O ministro da Economia da França, Bruno Le Maire, vai defender a suas contrapartes das 20 maiores economias do mundo uma tributação mínima global de super-ricos, dentro do que defende como um novo sistema internacional de impostos.

Em conversa com jornalistas nesta quarta-feira (28) em São Paulo, onde participa do encontro de ministros das finanças do G20, Le Maire detalhou a proposta que visa evitar a evasão fiscal.

Ministro da economia da França, Bruno Le Maire, em encontro do G20 em São Paulo - Zanone Fraissat/ Folhapress

Segundo Le Maire, a taxação dos super-ricos seria o terceiro pilar de um sistema que propõe, primeiro, a tributação de "receitas não físicas", como ativos digitais (que deveria ser implementado já em junho deste ano); e depois um imposto mínimo sobre multinacionais.

A França já aprovou esse imposto sobre grandes corporações, que passará a ser cobrado em janeiro de 2025, com previsão de receita adicional de 1,5 bilhão de euros por ano, afirmou. A tributação mínima de 15% sobre grandes empresas independentemente dos países em que estão sediadas já está em adoção por algumas das nações do G20 após o acordo firmado por cerca de 140 economias, com o apoio da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico).

"Estamos totalmente comprometidos em acelerar o processo para implementar a nível internacional no nível da OCDE, no nível do G20, e espero que também tenhamos todos os países europeus, uma tributação mínima sobre indivíduos para combater qualquer tipo de otimização fiscal ao redor do mundo", afirmou.

O tema tem permeado os encontros do G20. O economista francês Gabriel Zucman, conhecido por defender a taxação de super-ricos, vai palestrar em São Paulo nesta quinta (29).

Le Maire, que é contrário ao acordo de livre comércio da União Europeia com o Mercosul, não quis responder a perguntas sobre o tema.

O ministro ainda defendeu que é preciso focar no crescimento econômico após o problema da inflação ter sido contornado na maioria dos países do bloco. "Comparado aos Estados Unidos, temos menos crescimento e menos produtividade", afirmou, defendendo "mais inovação, menos regras, menos normas, menos administração e mais investimentos em tecnologias-chave, em inteligência artificial e em produtividade."

O francês também abriu dissidência em relação à posição das economias mais ricas do mundo de apreender fundos russos congelados desde o início da Guerra da Ucrânia, avaliados em US$ 285 bilhões, conforme defendido pela secretária do Tesouro dos EUA, Janet Yellen, em São Paulo na terça-feira (27).

"Os países do G7, os países europeus, não devem dar nenhum passo que possa prejudicar o sistema jurídico internacional. O G7 é baseado no Estado de Direito, deve agir respeitando o Estado de Direito. O que significa que, como não temos a base legal para apreender os ativos russos, precisamos trabalhar mais nisso", afirmou.

Líderes como o presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, defendem que esses fundos sejam usados para reconstruir a Ucrânia após a guerra impetrada pela Rússia.

Em entrevista à Folha na terça, o ministro das Finanças da Rússia, Anton Siluanov, chamou a proposta de roubo, afirmou ser "um tiro no pé" e mina a estabilidade financeira global.

"Mina as bases do atual sistema monetário e financeiro. A maioria do que foi congelado no exterior é de reservas do Banco Central, que sempre estiveram acima da política e foram protegidas por instrumentos legais e pelas instituições", disse. "Haverá uma resposta simétrica", afirmou.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.