Páginas crescem em redes sociais com promoções e memes para venda direta

Gratuitos, programas online de lojas podem ser fonte de renda

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São Paulo

Páginas que usam memes para divulgar promoções são cada vez mais comuns em redes sociais, como WhatsApp, X, antigo Twitter, Instagram e Telegram. Esses perfis selecionam produtos com desconto em lojas virtuais e colecionam milhares de seguidores que estão à procura de uma pechincha.

O aumento da popularidade das páginas segue o bom momento do varejo e do comércio online. Em março, o setor varejista apresentou estabilidade, após crescer em janeiro e fevereiro.

Segundo analistas, o mercado de trabalho aquecido, trégua da inflação e redução da taxa básica de juros (Selic), fixada em 10,50% ao ano, são alguns dos motivos apontados para o fenômeno.

No ecommerce, Shein e Shopee faturaram juntas mais de R$ 35 bilhões em 2023, segundo cálculo do banco de investimento BTG Pactual. A instituição estima que o Magazine Luiza teve uma receita bruta com vendas online de R$ 45,6 bilhões no mesmo ano.

Produtos da Amazon em centro de distribuição da empresa no México - Gustavo Graf - 14.dez.23/ Reuters

Perfis unem promoções, produtos variados e memes

Os perfis de ofertas podem ser comparados aos tradicionais revendedores por vendas diretas, com suas revistas de produtos específicos, mas vendem de tudo. Em vez de bater de porta em porta como habitual aos afiliados, as páginas participam de programas de lojas que são voltados para o comércio online.

Elas, então, divulgam ofertas por meio de links e, para cada item comprado pelos clientes, recebem uma comissão. Lojas como Amazon, Mercado Livre, Magalu, Shopee, Polishop, entre outras, têm programas virtuais para revendedores.

Páginas como Xet das Promoções, Urubu das Promoções e Promo Out of Context reúnem mais de 700 mil seguidores. As páginas não são focadas em um segmento específico de produtos, adotam um tom brincalhão e são afiliadas de diversos varejistas.

Qualquer pessoa pode divulgar os produtos das lojas e ganhar comissões. Para isso, basta se inscrever nos programas de afiliados das varejistas, que são gratuitos. Programa de Associados da Amazon, Programa de Afiliados do Mercado Livre, Influenciador Magalu, Shopee Afiliados, Minha Loja Polishop são alguns exemplos.

Os programas são destinados a quem busca uma fonte principal de renda ou um complemento. "O empreendedor pode se dedicar a uma marca só ou a várias e em tempo integral ou não. Ele define como vai trabalhar e vender", diz Adriana Colloca, presidente da Abevd (Associação Brasileira de Vendas Diretas).

"Alguns têm suas próprias redes, e até outros revendedores trabalhando para eles, outros usam o trabalho como complemento", afirma ela.

Um estudo do FGV Ibre (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas) apontou que, no primeiro trimestre de 2024, 16% do volume de vendas do comércio no Brasil foi feito por sites, aplicativos e emails.

No geral, os programas de revenda na internet utilizam links parametrizados, isto é, URLs (termo técnico para o endereço de um site) personalizadas, que permitem determinar a origem e o objetivo de um determinado cliente.

Com a ferramenta, a plataforma e o vendedor são capazes de descobrir se um cliente comprou um produto a partir de um link específico. Se um revendedor divulgar uma URL parametrizada com uma oferta de algum produto e alguém comprar esse produto, ele ganhará comissões.

Para criar um link personalizado, basta se atentar ao tutorial disponibilizado pelas plataformas. As URLs próprias são criadas pelos próprios revendedores nas plataformas, seja em formato integral ou encurtado.

As comissões variam de loja para loja e de produto para produto, mas podem chegar a 16% nas varejistas consultadas pela Folha.

No geral, os programas de afiliados tem as suas particularidades, com alguns focados em nichos profissionais específicos, mas não há muitas restrições que impeçam alguém de revender. Portanto, qualquer pessoa pode participar.

Por exemplo, a Amazon tem um programa direcionado para "criadores de conteúdo, editores e blogueiros". Assim, ao se cadastrar, o revendedor terá que comunicar o site, aplicativo ou perfis de redes sociais (Facebook, Instagram, X, YouTube e Twitch) em que pretende divulgar as ofertas.

É proibido divulgar conteúdos inapropriados nas plataformas cadastradas. Conteúdos sexuais ou notícias falsas, disseminação de ódio e prática de atividades ilegais são alguns dos fatores considerados inadequados pela Amazon, ou seja, podem ser motivos de recusa.

O Influenciador Magalu, é mais abrangente e se destina a "autônomos que querem uma renda extra ou a lojistas que querem comercializar seus produtos na plataforma", diz o site do programa. Qualquer pessoa com mais de 18 anos, que possua uma conta corrente ou poupança e o número do PIS/Pasep pode se cadastrar no programa — funcionários da varejista são impedidos.

Após se registrar nos programas e ser aceito, será possível revender os produtos das lojas.

Para quem tem interesse em começar a revender, Adriana Colloca, da Abevd, recomenda ter afinidade com um nicho de produtos. "Depende da estratégia do empreendedor. Ele vai ter que falar e vender, então o que a gente sempre aconselha é que ele goste do produto. Mas também têm aqueles perfis que vendem o que está com desconto ou vende mais".

É possível anunciar no perfil pessoal ou é necessária uma página comercial?

Não existem restrições a perfis pessoais nos programas de revendedores. Desde que respeite as regras das plataformas, uma pessoa pode utilizar a sua rede particular para divulgar produtos.

Como fazer contato com as empresas para vender?

Não é necessário contatar as empresas para vender. Para se tornar um revendedor, basta acessar a página do programa de afiliados da loja e seguir o passo a passo para se inscrever.

É necessário observar os requisitos para que o cadastro seja aceito. Após ter a inscrição aprovada, será possível divulgar produtos e ganhar comissões.

No geral, sim, é possível divulgar mais de um produto por vez nas plataformas. No Magalu, basta selecionar os códigos dos produtos e colá-los na área de pesquisa.

Na Amazon, o processo é um pouco mais complexo. É preciso identificar o código dos itens e separá-los por uma barra vertical (|) na busca da loja.

Links com mais de um produto também podem ser compartilhados pelas próprias lojas com os revendedores, em ofertas que atingem uma categoria de produtos, por exemplo. Nesses casos, vale se atentar se as promoções são, de fato, atrativas ou não antes de divulgar ao público.

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