Americanas diz que comitê independente confirma fraude contábil

Investigação da Polícia Federal aponta que montante chegaria a R$ 25,3 bilhões

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Luana Maria Benedito
São Paulo | Reuters

A Americanas informou nessa terça-feira (16) que uma investigação de um comitê independente encontrou uma fraude contábil responsável por inconsistências no balanço patrimonial que levaram a um pedido de recuperação judicial da empresa em janeiro de 2023.

A Polícia Federal está conduzindo uma investigação sobre uma suposta fraude contábil de R$ 25,3 bilhões na varejista.

A imagem mostra o interior de uma loja das Americanas em uma rua movimentada. Dentro da loja, há várias televisões exibindo imagens coloridas em uma parede, com um letreiro luminoso que diz 'LOJAS AMERICANAS'. Na rua, várias pessoas estão caminhando, algumas usando máscaras faciais. A loja tem um balcão de atendimento e prateleiras com produtos eletrônicos.
Fachada das Lojas Americanas em rua no centro de São Paulo - Bruno Santos - 17.jan.2023/Folhapress

"As evidências apresentadas pelo comitê confirmam a existência de fraude contábil, caracterizada, principalmente, por lançamentos indevidos na conta Fornecedores, por meio de contratos fictícios de VPC (verbas de propaganda cooperada) e por operações financeiras conhecidas como 'risco sacado', dentre outras operações fraudulentas e incorretamente refletidas no balanço da companhia", disse a Americanas em um documento à CVM (Comissão de Valores Mobiliários) na noite de terça-feira.

A varejista disse que tomará as medidas necessárias para informar as autoridades sobre as conclusões do comitê independente. Ela também disse que "continuará colaborando integralmente com as investigações em curso".

O ex-CEO da Americanas Miguel Gutierrez, um dos principais alvos da investigação policial, chegou a ser preso em Madri no final de junho, mas foi solto um dia depois pela polícia espanhola após entregar o seu passaporte.

Na semana passada, o MPF (Ministério Público Federal) solicitou à 10ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro a extradição de Gutierrez.

Anna Saicali, ex-executiva da Americanas envolvida na suposta fraude contábil, entregou seu passaporte à polícia, o que a impede de deixar o Brasil por enquanto.

Os advogados que representam Gutierrez e Saicali disseram em declarações separadas que seus clientes negam qualquer irregularidade e estão colaborando com a investigação.

VAREJISTA FUNDADA EM 1929

A Americanas foi fundada em 1929 em Niterói (RJ) por um grupo que incluía empresários austríacos e norte-americanos.

Os bilionários Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira, adquiriram posteriormente uma participação dominante na empresa. Os três, que não foram citados na investigação policial, atualmente possuem cerca de 30% das ações e concordaram em colocar capital adicional para resgatar a empresa em dificuldades, o que vai elevar a parcela deles na companhia para 49,2% do capital social.

"Estou cético quanto ao futuro da Americanas, quanto à sustentabilidade de seu modelo de negócios", disse o consultor André Pimentel, sócio-gerente da Performa Partners, que trabalhou em uma reestruturação da Americanas no início dos anos 2000.

A empresa vem lutando há anos contra a concorrência feroz de rivais mais experientes na Internet, como o Mercado Livre; locais, como o Magazine Luiza, e mais recentemente contra grupos asiáticos como Aliexpress, Shopee e Shein.

As ações da Americanas exibiam alta de cerca de 5% nesta quarta-feira, cotadas a 0,70 real, acumulando queda de cerca de 22% no ano até a véspera.

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