Dólar fecha abaixo de R$ 5,50 e Bolsa sobe, com inflação dos EUA e falas de diretores do BC

Inflação ao consumidor norte-americana será divulgada na quarta, e Galípolo e Campos Neto discursaram em eventos nesta segunda

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São Paulo

O dólar fechou em queda de 0,28% nesta segunda-feira (12), aos R$ 5,498, com investidores de olho na divulgação de dados de inflação nos Estados Unidos no meio da semana e em falas de autoridades do BC (Banco Central).

A moeda norte-americana chegou a tocar R$ 5,47 na mínima da sessão, mas desacelerou queda em linha com a valorização do dólar ante outras divisas de mercados emergentes, como o peso mexicano e o rand sul-africano.

Já a Bolsa teve alta de 0,38%, aos 131.115 pontos, em meio a uma bateria de balanços corporativos.

Notas de dólares americanos espalhadas com um gráfico vermelho ao fundo.
Na sexta-feira, o dólar fechou em queda firme de 1,06%, aos R$ 5,514, e a Bolsa subiu 1,52%, aos 130.614 pontos - Dado Ruvic/Reuters

Depois de dias turbulentos para os mercados globais, os investidores começaram a semana de olho no calendário: na quarta-feira, são esperados novos dados de inflação dos Estados Unidos, medidos pelo CPI (índice de preços ao consumidor, na sigla em inglês).

A expectativa é por sinais sobre a trajetória dos juros norte-americanos. Agentes financeiros dão como certo o início do afrouxamento na taxa de 5,25% e 5% pelo Fed (Federal Reserve, o banco central dos EUA) na próxima reunião de política monetária, em setembro, ainda que a magnitude do corte seja incerta.

As apostas medidas pela ferramenta CME Group FedWatch projetam que há chances iguais de corte de 0,25 ou 0,50 ponto percentual. Na semana passada, o de maior tamanho chegou a ser consenso entre os investidores em meio a temores de recessão na maior economia do mundo, após a divulgação de dados de emprego mais fracos do que o esperado em julho.

Essa perspectiva arrefeceu na semana passada, na esteira de números mais favoráveis e falas apaziguadoras de autoridades do banco central norte-americano.

Por aqui, os olhos estavam voltados para falas do presidente do BC, Roberto Campos Neto, e do favorito à sucessão do cargo, Gabriel Galípolo, também diretor de política monetária da autarquia.

Em inauguração do novo campus da FGV (Fundação Getulio Vargas), em São Paulo, Campos Neto afirmou que os mercados amplificam a repercussão de uma eventual recessão nos EUA sabendo que bancos centrais ao redor do mundo serão seletivos para atuar durante dificuldades econômicas.

"O mercado começou a entender que a barra para socorro por parte do BC ficou muito mais alta. Governos estão endividados e espaço fiscal é muito menor", disse, reforçando, também, que o compromisso de fazer a inflação convergir à meta será cumprido, independentemente de quem for o próximo presidente da autarquia.

"Temos emitido mensagem inequívoca e consensual, isso está sedimentado."

Na análise de Hemelin Mendonça, especialista em mercado de capitais e sócia da AVG Capital, a fala do presidente do BC abre espaço para a interpretação de que o BC pode aumentar novamente os juros do país, mesmo que signifique desagradar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

"Isso demonstra que a situação fiscal do país está sendo gerida de perto e com muita cautela, tanto pelo BC, quanto pelo governo que está se empenhando para entregar os cortes de gastos prometidos."

Galípolo, que afastou temores de interferência política em diretores indicados por Lula, em evento na quinta-feira (8), esteve em um evento da Warren Investimentos nesta tarde.

Ele reforçou que o atual cenário é desconfortável para o cumprimento da meta de inflação e apontou que dados mais recentes do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) levantaram alertas e pontos de preocupação.

Na sexta-feira, o indicador oficial da inflação no país acelerou de 0,21% em junho para 0,38% em julho, o maior patamar para o mês desde 2021. O resultado ficou acima da mediana das expectativas de analistas consultados pela Bloomberg, que projetavam variação de 0,35%.

No acumulado de 12 meses, IPCA acelerou de 4,23% até junho para 4,5% até julho. É justamente o teto da meta do BC para o final do ano, que persegue uma inflação em 3% com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo.

Atualmente em 10,5% ao ano, a taxa básica de juros do país, a Selic, é o principal instrumento do BC para o controle inflacionário. Na ata da última reunião de política monetária da autarquia, os dirigentes deixaram claro que não hesitarão em aumentar os juros caso necessário.

O mercado tenta antever os próximos passos do BC. De um lado, há quem aposte em uma nova alta na Selic —o que, em tese, é positivo para o real, pois torna o país atrativo para operações de "carry trade", quando investidores tomam recursos em países com juros baixos e reinvestem onde a taxa é maior.

De outro, alguns agentes esperam manutenção. No Boletim Focus desta semana, especialistas consultados pelo BC mantiveram a projeção de que a Selic continuará em 10,50% ao ano até o final de 2024. Eles também subiram as expectativas de inflação após os dados do IPCA, a 4,20%, ante 4,12% na semana passada.

Quanto mais o Fed reduzir os juros e menos o BC afrouxar a Selic, pior para o dólar, que se torna comparativamente menos atrativo à medida que os rendimentos dos títulos ligados ao Tesouro dos EUA caem, gerando apetite por risco em outros mercados com juros mais altos, como o Brasil.

Na cena corporativa, Azul derreteu 11,95% por causa do balanço corporativo do último trimestre. A empresa reportou prejuízo líquido ajustado de R$ 744,4 milhões, alta de 31,3% sobre a perda de um ano antes, com queda no resultado operacional e forte impacto de variação cambial.

Petrobras teve ganhos firmes de quase 3% em linha com a alta dos preços do petróleo no exterior, apagando a desvalorização de sexta-feira após a notícia de prejuízo no segundo trimestre. Vale perdeu 0,50%, seguindo a queda do minério de ferro na China.

A bateria de resultados no final do dia também deve ocupar as atenções: CSN, MRV&Co, São Martinho e Natura&Co estão entre as empresas que reportam seus números quando o pregão fechar.

Na sexta-feira, o dólar fechou em queda firme de 1,06%, aos R$ 5,514, e a Bolsa subiu 1,52%, aos 130.614 pontos.


Com Reuters

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