Empresas fazem desfiles e coquetéis virtuais para promover novos produtos

Lançamentos combinam eventos em redes sociais com ações em canais de venda e ajudam marcas a chegar a mais consumidores

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Com a impossibilidade de realizar eventos presenciais, empresários têm organizado lives, coquetéis e desfiles de moda virtuais para lançar produtos na pandemia. Além de gerar receita, a intenção é se conectar com os clientes e abrir mercados.

Os donos da destilaria Yvy, Darren Rook (à esq.) e André Sá Fortes 
Os donos da destilaria Yvy, Darren Rook (à esq.) e André Sá Fortes  - Juliano Arantes/Divulgação

Um jantar para cem convidados, marcado para abril no Theatro Municipal, em São Paulo, iria apresentar dois novos rótulos de gim da destilaria Yvy, mas o evento foi cancelado por causa da Covid-19.

As bebidas, chamadas de Terra e Ar, foram criadas após expedições pelo país e levam ingredientes brasileiros, como um cacto do sertão baiano.

“Estava com aquela ansiedade de colocar o projeto no mundo. Após cancelar o evento, a reestruturação do lançamento levou dois meses”, diz André Sá Fortes, 33, sócio.

A estratégia digital desenvolvida combinou diferentes recursos, a começar pelo reforço do envio para influenciadores e a produção de uma campanha de vídeos que tem a diversidade como tema.

A marca também contratou a mixologista e pesquisadora Néli Pereira como embaixadora, para produzir conteúdo e ensinar receitas em lives. Ela, que era a responsável pelos drinques que seriam servidos no Theatro Municipal, foi escalada para outra ação: um coquetel virtual para 30 pessoas que vai acontecer até o fim do mês.

Nele, os sócios da marca vão mostrar fotos e vídeos feitos nas expedições pelo país, enquanto os convidados provam receitas com ingredientes brasileiros e drinques à base de gim, que vão receber em casa.

O conteúdo estará disponível nas redes sociais, e a marca pensa também em vender um kit com a experiência para o consumidor final.

Com o lançamento digital, a Yvy estima que as vendas estejam 30% maiores do que em dezembro, quando tinha só um tipo de gim no mercado. Até o fim do ano, a previsão é recuperar o investimento de R$ 600 mil usado na pesquisa para desenvolver o produto.

Estratégias online são mais eficientes quando combinadas e devem ser usadas para aumentar a experiência do cliente junto à marca, diz Anny Santos, analista de competitividade do Sebrae.

Ao organizar um lançamento virtual, por exemplo, o empresário pode levantar os contatos dos participantes e usá-los para criar listas que vão oferecer benefícios, como descontos. “Eventos online são uma oportunidade para ampliar a base de clientes e oferecer diferenciais que dão ao consumidor um sentimento de comunidade”, diz Anny.

Novos produtos ou coleções também têm a função de renovar o conteúdo apresentado ao consumidor. “Mesmo que você tenha uma clientela fiel, precisa ter algo de novo com certa frequência”, diz Marília Carvalhinha, coordenadora da pós-graduação em negócios e varejo de moda da Faap.

O estilista Célio Dias, 29, à frente da Led, de Belo Horizonte (MG), reforçou a temática do consumo responsável em sua nova coleção, que deve ser lançada em agosto. As peças foram produzidas com tecidos que existiam em estoque e algumas serão fabricadas e vendidas sob demanda.

O estilista André Namitala, da marca carioca Handred
O estilista André Namitala, da marca carioca Handred - Divulgação


Durante o desenvolvimento da coleção, na quarentena, Célio decidiu fazer um desfile, que foi filmado no fim de julho e deve ser veiculado nas redes sociais até o fim do mês.

Apenas seis modelos (em geral, são 20) desfilaram em um espaço a céu aberto e foram gravados individualmente para minimizar o contato. “Demoramos um mês e meio para pensar a logística”, diz Célio.
Também preocupado com a segurança da equipe, o estilista André Namitala, 28, da marca carioca Handred, decidiu que ele próprio seria o modelo de sua coleção lançada no começo de julho.

A ideia nasceu depois de o estilista ter de cancelar um desfile e redesenhar modelos para ficarem adequados ao cenário atual. “Fiz uma coleção com uma nova história, aprovando peças por WhatsApp e entendendo que isso seria apresentado digitalmente.”

André contratou uma equipe para impulsionar o ecommerce e organizar a estratégia de apresentação das peças, que começou com o envio de uma newsletter uma semana antes dos produtos estarem disponíveis para compra.

No dia do lançamento, a marca fez posts no Instagram com as fotos produzidas por André, contratou anúncios em redes sociais e preparou um catálogo online.

Vendedores do espaço físico foram deslocados para atender clientes no WhatsApp e nos outros canais de compra. Na quarentena, as vendas por ecommerce aumentaram 400%, mas ainda não cobrem os custos da marca.

Célio Dias, estilista da marca Led, em Belo Horizonte (MG) 
Célio Dias, estilista da marca Led, em Belo Horizonte (MG)  - Márcio Rodrigues/Divulgação

A equipe que atua de forma online deve estar treinada e seguir protocolos para que o atendimento seja ágil e respeite a cultura da empresa, diz Carvalhinha, da Faap.

No caso de uma live de lançamento, também pode ser interessante ter funcionários a postos em redes sociais para não perder vendas motivadas pelo evento. Outra estratégia é combinar a apresentação com atividades como aulas e debates online que possam engajar o público.

A Luz da Serra Editora, por exemplo, organizou uma palestra com William Sanches, autor de “Desperte a Sua Vitória” (205 págs., R$ 49,90), no lançamento virtual da obra no começo de junho. “Decidimos não cancelar o evento e, sim, fazê-lo online”, diz Rackel Accetti, 36, gerente comercial.

O autor autografou os primeiros 2.000 livros vendidos e, no dia da live, quem fez a compra não pagou frete. O evento foi acessado por cerca de 13 mil pessoas ao vivo.

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