Descrição de chapéu miss brasil Miss Universo

Miss empreendedora: Conheça a história de vencedoras de concursos que abriram negócios

Iniciativas incluem escolas de modelos, produção de calçados especiais e cuidados odontológicos

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Giulia Luchetta
São Paulo

Na família de Gabriela Rocha, 38, os concursos de beleza são coisa de família. Ela conheceu as competições aos nove anos, quando acompanhava a participação das primas. Não demorou muito e concorreu no seu primeiro desfile, sendo eleita Miss Estudantil 1997 de Curitiba.

A partir daí, essas participações viraram um hobby até a conquista de seu último título, como Miss Ocean Paraná 2007. Com o tempo, se tornou produtora do primeiro concurso de Araucária (PR), em 2019. Logo depois, se tornou franqueada do Grand, um dos maiores eventos do setor.

Atualmente, é coordenadora do Miss Grand Araucária, Miss Grand Curitiba, e Miss Grand São José dos Pinhais.

A modelo Lorena Zamberlan, no escritório da Zam Belleza, sua marca, na Vila Leopoldina, em São Paulo
A modelo Lorena Zamberlan, no escritório da Zam Belleza, sua marca, na Vila Leopoldina, em São Paulo - Lucas Seixas/Folhapress

"Acabei percebendo que muitas candidatas com beleza e potencial não se destacavam por falta de preparação", diz Gabi Rocha, como é conhecida no segmento. A empresária fundou a Escola da Miss, em 2021. Na instituição, havia uma exigência: usar uma sandália com salto de, no mínimo, 15 centímetros.

Gabriela se surpreendeu com as queixas recorrentes das alunas, que não encontravam um calçado adequado aos ensaios. Foi então que ela captou mais uma oportunidade.

Com o salário proveniente da Prefeitura de Araucária, onde é assessora de comunicação, entrou em contato com uma fabricante de sapatos e rascunhou um salto exclusivo. Depois de três meses, o protótipo virou o produto final.

A marca Gabi Rocha for Misses estreou em março com um modelo no catálogo. A intenção é registrar o negócio com produto único e lançar, a cada três meses, uma cor diferente.

A empresa ainda não possui faturamento mensal fixo, mas, em cinco meses de atividade, já alcançou compradoras em onze estados. Em julho, a marca registrou um crescimento de 360% em relação ao primeiro mês, com um total de 159 pares vendidos.

"Priorizei o conforto, porque as misses passam muito tempo de pé, e a estabilidade, para os giros e paradas na passarela", diz a empresária.

O ramo da beleza está cheio de mulheres de negócios que viveram o mercado e aprenderam com ele. Aos 15 anos, a miss Lorena Zamberlan estreou nos concursos de beleza de Maringá (PR). Depois de três derrotas, se tornou Miss Teen. Hoje, aos 28, tem um negócio com seu nome.

Lorena lançou, em abril de 2023, a marca de cosméticos Zam Bellezza, após meses de planejamento e visitas à fábrica em Belo Horizonte.

Com cerca de 160 mil seguidores em sua conta do Instagram, ela afirma que a base de fãs construída ao longo de anos teve um papel estratégico no sucesso de sua marca. "Hoje sou a maior vitrine da minha empresa", diz.

Sem faturamento fixo mensal, Lorena comemora o sucesso de um sérum no qual apostava todas as fichas. O produto foi lançado em junho e esgotou em apenas um mês. Com as vendas, a marca conseguiu o capital para desenvolver o próximo produto, que será lançado em breve.

Lorena disputou a edição deste ano do Miss Universo São Paulo e ficou com o terceiro lugar. Agora, está focada na carreira de modelo e na Zam.

A empresária e palestrante Deise Nunes, 55, também atua em diferentes áreas. Ela é reconhecida por ser a primeira negra a vencer o Miss Brasil, em 1986. É ainda a fundadora e diretora da escola de modelos que leva seu nome, inaugurada em 2012 na cidade de Porto Alegre.

O caminho não foi fácil. Em 2010, Deise foi convidada por uma agência local a retomar um curso de modelos. Ficou por um ano ali, até finalizar as turmas.

Deise Nunes, miss Brasil 1986, que abriu uma escola para treinar futuras candidatas
Deise Nunes, Miss Brasil 1986, que abriu uma escola para treinar futuras candidatas - Daniel Marenco/Folhapress

Divergências a levaram a repensar seu envolvimento com o negócio. "O nome, a gente constrói todos os dias, mas para destruí-lo, bastam alguns segundos."

Deise, então, estabeleceu sua própria escola. O empreendimento inclui seu marido e seu filho, além de outros cinco profissionais. Segundo a empresária, o faturamento anual é de R$ 200 mil.

A escola já preparou participantes do Miss Rio Grande do Sul e do Miss Brasil.

Na área de saúde, a cirurgiã-dentista Giovanna Coltro, 26, carrega consigo mais do que a faixa de Miss Baixada Santista 2022. Ela é corresponsável por uma clínica na zona norte de São Paulo, onde trabalha ao lado de seu pai.

Desde o ano passado, Giovanna é voluntária na Turma do Bem, que oferece atendimento odontológico gratuito a adolescentes entre 12 e 17 anos. Além disso, ela contribui para o Projeto Apolônias do Bem, que atende mulheres em vulnerabilidade social.

Também fez uma parceria com o realizador do Miss Mundo Brasil e Mister Brasil e oferece atendimento em seu consultório particular.

Em 2022, a dentista enfrentou complicações relacionadas a uma prótese de silicone que havia colocado três anos antes, influenciada pelos concursos. Sintomas como queda de cabelo e cansaço a levaram a buscar ajuda médica.

Após a remoção da prótese, ela encontrou um novo caminho. Seu projeto Beleza pelo Bem chamou a atenção durante o Miss Brasil Mundo, ao qual levou a bandeira da doença do silicone e da quebra de padrões de beleza.

"Já sofri um terrorismo muito grande por conta de padrão de beleza. Eu sou uma profissional de saúde, eu tenho que promover saúde. Não quero promover mais alienação, eu quero que todo mundo se liberte, se aceite como é."

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