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Marcas criam funis para mulheres fazerem xixi em pé

Com modelos de papel e de plástico, empresas buscam chegar às farmácias

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Brasília

Marcas surgem para tentar resolver uma grande dificuldade feminina: fazer xixi fora de casa. Afinal, é raro encontrar uma mulher que já não tenha ficado apertada no meio da estrada, sem achar um posto de gasolina decente, ou feito malabarismos para não encostar em nada dentro de um banheiro químico.

A solução encontrada por essas empresas foi desenvolver uma espécie de funil que permite à mulher fazer xixi em pé. Fundada no ano passado, a Pipizito oferece dois tipos de produto: um descartável, produzido com papel e cola biodegradáveis, e outro reutilizável, feito de plástico. Já a E.pipi, lançada no fim de 2021, tem somente a versão descartável, que deve se tornar totalmente biodegradável até o fim deste ano.

Mulher branca e loira segura com uma mão um funil de papel e na outra um funil de plástico roxo
Carol Dorow, fundadora da Pipizito, segura os dois modelos de funis urinários da marca, em seu escritório, em Itajaí (SC) - Anderson Coelho/Folhapress

Segundo as duas marcas, não há perigo de se molhar ao usar os condutores urinários. "Quando você encosta bem no seu corpo, não corre o risco de vazar", afirma Carol Dorow, 31, fundadora da Pipizito, que mora em Itajaí (SC).

Carol, que também é comissária de voo, teve a ideia de criar o negócio ao ficar apertada para ir ao banheiro durante uma viagem de carro em 2021. Junto com o namorado, Mauricio Villamil, 32, decidiu vender o automóvel e investir suas economias para desenvolver o produto.

Ao fazer uma pesquisa pela internet com mais de 1.300 mulheres, eles descobriram que 98% delas já tinham deixado de usar um banheiro porque o local estava sujo. Impressionados com o resultado, procuraram um projetista e fizeram testes com meninas e mulheres entre 4 e 80 anos.

Em abril de 2022, lançaram o modelo de papel e, cinco meses depois, o de plástico, que vem com uma capa protetora. Segundo Carol, há clientes que preferem o descartável e outras que gostam mais do reutilizável. "E tem o time que entende que o descartável é para levar em uma bolsa pequena, e o reutilizável, para carregar na bolsa do dia a dia ou deixar dentro do carro."

Disponível em sete cores, o funil de plástico custa R$ 39,90. Já o de papel é comercializado em uma embalagem com três unidades ao preço de R$ 9,99.

O site da marca concentra a maior parte das vendas, mas os itens também podem ser encontrados em marketplaces, como Amazon e Shopee, e, por enquanto, em dez farmácias em Santa Catarina e no interior de São Paulo. Há, ainda, 30 revendedoras espalhadas pelo país —com exceção da região Norte.

Criada pela estudante Karen Geppert, 20, a E.pipi também tem como objetivo entrar em grandes redes de farmácia. "As mulheres, quando querem um produto, querem na hora. O digital é a maior parte do nosso faturamento hoje, mas a gente quer mudar isso."

Dentro da embalagem, cada condutor urinário descartável vem acompanhado de uma folha de papel higiênico. Uma caixa com dez unidades custa R$ 32. Os canais de venda são o site da marca, marketplaces e oito pontos físicos, entre lojas e farmácias, em São Paulo, Mato Grosso do Sul, Pernambuco e Rio Grande do Norte.

Foi em 2017, em um almoço de família, que Karen e o irmão, Erik, 22, tiveram a ideia —patenteada pelo pai dos dois. Mas, só em 2021, eles resolveram colocá-la em prática, ao se mudarem de Natal (RN) para a capital paulista, para estudar empreendedorismo.

Antes de lançar o produto, eles fizeram testes com mais de cem mulheres de diferentes idades e alteraram o formato cinco vezes, para que ele se encaixasse bem em todos os corpos. O investimento inicial foi de R$ 100 mil.

Duas mãos seguram o e.pipi, condutor urinário descartável, que parece um cone de papel
Condutor urinário descartável da E.pipi - Saulo Rocha/Divulgação

Mas a ideia do funil urinário não é exatamente nova. Uma reportagem publicada pela Folha em novembro de 1994 já falava de um produto do tipo que havia acabado de chegar ao país e fazia sucesso com o público feminino.

O texto dizia que se tratava de um pedaço de papel encerado que permitia à mulher urinar em pé sem risco de se molhar. A empresa responsável pela produção, fundada por dois homens, já não está mais em funcionamento. Ao longo desses anos, algumas tentativas nesse sentido também não foram muito bem-sucedidas.

O grande obstáculo desse mercado é conseguir demonstrar a utilidade do produto e criar um novo hábito entre as mulheres. Mas as novas marcas apostam que, hoje, principalmente com as redes sociais, isso é possível.

A Pipizito tem como principal plataforma de divulgação o Instagram. Já a E.pipi investe mais em vídeos no TikTok. Ambas fazem parcerias com influenciadoras, além de participarem de eventos.

"O mercado está mais preparado, e as mulheres, mais abertas a falar sobre isso. E o digital faz uma diferença enorme", diz Karen, que destaca, ainda, a importância da liderança feminina —seu irmão deixou a empresa neste ano.

"Esse tipo de negócio tem um objetivo de impacto social, de uma mudança de cultura. Então, além de ter o desafio de encontrar um produto que a cliente goste, o mercado exige que o empreendedor esteja muito conectado com a causa. E, normalmente, serão as mulheres que vão estar mais conectadas com as dores das suas clientes. Mas isso não impede que homens possam empreender nessa área", afirma Célia Kano, co-CEO da Rede Mulher Empreendedora.

Além de conseguir chegar a grandes redes de farmácias, o objetivo das duas marcas agora é exportar seus produtos. Segundo Carol, a Pipizito já deve enviar sua primeira remessa aos Estados Unidos ainda em outubro.

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