Descrição de chapéu alimentação

Setor de franquias cresce 19% no 1° trimestre, puxado por alimentação

Páscoa em março e ondas de calor impactaram resultado, segundo associação

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São Paulo

No primeiro trimestre de 2024, o setor de franquias cresceu 19,1% em relação ao mesmo período do ano passado —o faturamento, nos três primeiros meses do ano, foi de R$ 60,5 bilhões.

O resultado foi divulgado pela ABF (Associação Brasileira de Franchising) no início de junho. Em comparação, o PIB brasileiro cresceu 2,5% no mesmo período, segundo o IBGE.

O relatório também indica crescimento em outros critérios. Em função do saldo positivo de 2,4% entre operações de franquias abertas e encerradas, o número de empregos diretos subiu para 1,6 milhão, 4,9% a mais do que no fim do primeiro trimestre de 2023.

Lasanha de abobrinha com molho pesto
Lasanha de abobrinha com molho pesto - Bruno Santos/5.mar.24/Folhapress

Segundo o levantamento, o primeiro trimestre foi atípico por fatores sazonais.

Para começar, 2024 é ano bissexto. Fevereiro, portanto, teve um dia a mais, o que favoreceu todos os segmentos. "Pode parecer uma coisa pequena, mas um dia, para os lojistas, faz uma baita diferença", explica Adriana Auriemo, vice-presidente da ABF.

O relatório ainda ressalta o fato de a Páscoa ter caído em março, engordando o faturamento das chocolaterias, e o papel importante das recentes ondas de calor, que impulsionaram as vendas de sorveterias e lanchonetes especializadas em açaí.

Nenhum outro segmento aproveitou tanto os fatores sazonais quanto as franquias de alimentação, que englobam lojas, restaurantes e lanchonetes. A receita do segmento, segundo a pesquisa trimestral, cresceu 43,9% e aparece no topo do ranking.

O setor responde por um terço das 50 maiores franquias em operação. Segundo ranking da ABF, a maior delas é a Cacau Show, que fechou 2023 com 4.216 unidades, 10,7% a mais do que no ano anterior.

Com esses números, redes de alimentação aparecem com frequência nos planos dos novos empreendedores. Segundo Leonardo Lara, da Conexão Franquias, metade dos clientes que batem à porta da consultoria tem a intenção de atuar no setor, e 32% mantêm a escolha na hora de fechar o negócio.

Para Rafael Lovera, coordenador do programa de franquias do Sebrae-RS, a complexidade das operações nesse ramo assusta, num primeiro momento, e acaba levando o empreendedor a optar pela franquia. "Não é fácil começar um negócio do zero neste setor. Como as franquias trazem tudo pronto e alinhado com as melhores práticas, estão sempre em destaque."

Novos formatos para lojas e lanchonetes, como carrinhos, quiosques, trailers e contêineres, e a exploração de novos espaços de atuação, como clubes, condomínios, hospitais e hipermercados, também estão abrindo mais opções de menor investimento inicial. "O segmento era travado e, de repente, abriu um universo de oportunidades", diz Auriemo.

Para quem está pensando em investir em franquias, explorar regiões do Brasil é uma boa opção, dizem os especialistas. Como capitais e grandes metrópoles têm pontos caros e concorrência acirrada, cidades médias e até pequenas surgem como alternativa.

De acordo com a ABF, a cidade que mais ganhou franquias, em 2023, foi Londrina, no interior do Paraná, seguida de Sorocaba (SP). Campinas, Ribeirão Preto e Santo André, todas em São Paulo, aparecem entre as top 10.

Outro ponto de destaque é o predomínio das unidades de rua, que passaram de 52%, em 2023, para 54,2%.

O alto custo da operação em shoppings, explica Lara, tem espantado empreendedores. "Além do aluguel mais caro, atuar em shopping envolve trabalhar com mais turnos, inclusive à noite e nos fins de semana, o que encarece os custos com funcionários."

Para os especialistas, as franquias têm tudo para repetir, ao longo do ano, os números do primeiro trimestre.

"Lidamos com um número crescente de novas tecnologias e canais digitais de vendas e, para o pequeno empreendedor, não é fácil implementá-las. Já o grupo do franchising conta com o suporte da rede para ter mais velocidade na aplicação dessas tecnologias. Na minha opinião, esse é um dos principais fatores que explicam o desempenho do franchising acima da média da economia", afirma Lovera.

A vice-presidente da ABF faz coro. "A característica colaborativa, que une a experiência do franqueador ao operador na ponta, proporciona um modelo de negócio formatado e testado, com ganhos de escala, poder de compra, compartilhamento de recursos de tecnologia, entre outros. Isoladamente, esses recursos são mais custosos de se obter."

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