Empreendedores conciliam microfranquias e empregos

Modelo ajuda quem tem pouco para investir e pode ser complemento de renda

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São Paulo

Com investimento inicial de até R$ 135 mil, as microfranquias têm sido uma opção tanto para quem quer ter um negócio próprio, mas não tem recursos para abrir uma grande filial, quanto para quem busca complementar a renda e manter o emprego.

O número de marcas que oferecem o modelo passou de 322 em maio de 2021 para 604 no mesmo mês de 2023, um aumento de 87%, segundo a ABF (Associação Brasileira de Franchising).

Sorrindo, Alanis está usando uma faixa amarela na cabeça e um avental marrom sobre uma blusa branca, está agachada ao lado de um husky siberiano, cachorro de porte grande e pelagem branca e cinza. Ao fundo, há uma mesa com cadeiras de madeira, decorada com diversos itens de festa, incluindo um bolo e outros doces para pets. Alanis é uma mulher branca com cabelos lisos, longos e castanhos.
A estudante Alanis Pirani, 24, administra uma microfranquia de confeitaria para pets em sua casa na Mooca, na zona leste de São Paulo - Felipe Iruatã/Folhapress

Para Tales Andreassi, professor de empreendedorismo e vice-diretor da FGV-Eaesp (Escola de Administração de Empresas da Fundação Getulio Vargas), parte do crescimento está relacionada à recuperação econômica do país no pós-pandemia.

Pelo aporte inicial menor, o formato permite que o empreendedor descubra seu perfil sem correr tanto risco, diz. "Abrir uma microfranquia é interessante para entender o que é e como funciona o franchising, ver os prós e contras, porque muita gente não se adapta ao sistema mais controlado e prefere ter liberdade para modificar o negócio."

Fundada em 2015, a Padaria Pet lançou microfranquias home based (geridas de casa) durante a ABF Franchising Expo do ano passado.

Além de mirar empresários iniciantes e com orçamento menor, o formato foi pensado para disseminar novos hábitos entre tutores —como fazer festa de aniversário para o animal ou levá-lo para tomar uma cerveja— e, assim, ampliar o público-alvo da marca.

"É um trabalho de mudança de mentalidade, então é arriscado investir em um negócio grande tendo que passar por este processo", afirma Arquelau So, 47, diretor comercial e de expansão e novos negócios da Padaria Pet. Das 15 unidades da rede, há três próprias e 12 franqueadas —destas, oito são microfranquias.

"A microfranquia pode ser um trampolim para tentar algo maior depois, é o test drive de quem nunca empreendeu e prefere começar com algo pequeno", acrescenta.

Abrir uma loja física é o plano da estudante de direito Alanis Pirani, 24, que se divide entre a graduação, o trabalho em uma cooperativa financeira e a microfranquia da Padaria Pet inaugurada há um mês na Mooca, em São Paulo.

"Quando chegar o momento de não conseguir mais conciliar, é porque estará dando certo a ponto de ter bons resultados e muito clientes."

Alanis vende quitutes para amigos, vizinhos e creches caninas. Para fidelizá-los, ela pretende lançar uma assinatura mensal de biscoitos naturais —o item mais vendido— com a opção de personalizar a receita de acordo com as necessidades de cada animal.

Além das redes sociais, o boca a boca é parte importante da estratégia de divulgação. No domingo (23), ela montou um estande na festa junina da Feirinha do Bem, evento realizado em uma praça da região, que contou com desfile de cães com trajes típicos.

"Recebi receber retornos no dia seguinte. As pessoas vieram pedir as fotos dos pets no estande e quiseram saber mais sobre os produtos para fazer encomendas. Eu sabia que, na Mooca, a aceitação seria muito boa."

Atenta ao envelhecimento populacional, a enfermeira Amanda Fagundes, 40, se prepara para converter sua filial do Grupo Acolher e Cuidar do modelo premium —microfranquia com investimento inicial de R$ 100 mil— para um formato maior após quase dois anos da inauguração em Belo Horizonte (MG). Desde a abertura, a unidade já faturou R$ 1 milhão.

Amanda, uma mulher com cabelos pretos e lisos na altura do ombro, está sentada em uma mesa, trabalhando em um laptop. Ela está sorrindo e vestindo um blazer laranja sobre uma blusa branca. Ao fundo, há uma estante com livros e plantas decorativas.
A enfermeira Amanda Fagundes, 40, franqueada do Grupo Acolher e Cuidar em Belo Horizonte (MG) - Divulgação

Por ser funcionária pública, Amanda é responsável técnica do negócio, enquanto a mãe detém a propriedade. Ela reserva todas as manhãs para orientar funcionários e prestadores de serviço, acompanhar o fechamento de contratos e visitar pacientes — que podem ser idosos, gestantes e pessoas em período pós-cirúrgico, exemplifica.

"Eu atendo, na mesma família, gêmeas prematuras, o bisavô de 100 anos e a bisavó de 98. Atuamos em tudo que leva à restrição com serviços que podem ser feitos em casa, como curativos, administração de medicamentos e aluguel de equipamentos."

É comum que os franqueados da marca conciliem o negócio com empregos formais, mas a tendência é que eles priorizem as franquias à medida que a lucratividade aumenta, diz Estevan Oliveira, 40, CEO do Grupo Acolher e Cuidar.

Hoje, a marca tem 20 filiais —uma própria em Brasília e 19 franqueadas em todas as regiões do país. A meta para o próximo ano é alcançar o patamar de 50 unidades.

"A cultura hospitalocêntrica está mudando. As pessoas preferem ser cuidadas em casa, e isso faz com que o nosso negócio seja um dos que mais vão crescer na saúde", diz Oliveira.


Padaria Pet
Investimento inicial: R$ 12 mil (microfranquia home based)
Prazo de retorno: 12 meses

Grupo Acolher e Cuidar
Investimento inicial: a partir de R$ 100 mil (modelo premium)
Prazo de retorno: 18 a 24 meses

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