Trump diz que considera estabelecer base militar dos EUA na Polônia

Presidente polonês oferece US$ 2 bi em troca de "Fort Trump'

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Washington | Reuters

O presidente dos EUA, Donald Trump, declarou nesta terça-feira (18) que avalia o pedido da Polônia para instalar uma base militar americana, dizendo que compartilha da preocupação de uma hipotética agressão russa.

A afirmação foi feita em um encontro com o presidente polonês, o ultradireitista Andrzej Duda, um dos principais opositores no Leste Europeu do aumento dos exercícios militares do Kremlin na região nos últimos anos.

Para tanto, o país chegou a oferecer US$ 2 bilhões (R$ 8,3 bilhões) para financiar a base. Desde o governo Barack Obama, a Casa Branca vinha rejeitando a iniciativa, priorizando a rotação de seus militares na Polônia.

O presidente Donald Trump (dir.) ao lado do presidente da Polônia, Andrzej Duda, na Casa Branca - Brian Snyder/Reuters

Uma das preocupações é com o custo da presença permanente, um dos motivos pelos quais Trump tem afirmado desde a campanha eleitoral que pretende diminuir o contingente militar na Alemanha, no Japão e na Coreia do Sul.

Duda reiterou a proposta na visita a Washington. O polonês chegou a dizer que chamaria a base de Forte Trump, em homenagem ao republicano, e explicou que seria um escudo contra o que ele considera uma ameaça da Rússia. 

Desta vez, a proposta foi bem recebida: “Estamos avaliando isso muito seriamente, eu sei que a Polônia gosta muito da ideia e é algo que estamos considerando, sim”, disse Trump, agradecendo o apoio financeiro de Varsóvia.

Em maio, a Rússia manifestou preocupação com o pedido, dizendo que a expansão da Otan prejudica a instabilidade na Europa. A Polônia é uma das ex-repúblicas comunistas que fazem parte da aliança militar do Ocidente.

O país entrou em 1999, junto com a República Tcheca e da Hungria. Cinco anos depois aderiram Bulgária, Romênia, Eslováquia, Eslovênia, Estônia, Letônia e Lituânia, todos integrantes da área de influência da antiga União Soviética.

Moscou reagiu ao avanço reforçando seus domínios, mas a tensão cresceu com o conflito na Ucrânia e a anexação da Crimeia. Em agosto de 2017 o Kremlin comandou o maior exercício militar na região, sediado em Belarus, com 12,7 mil soldados.

Foi a maior ação desde o fim da Guerra Fria até ser superada pela manobra Vostok-2018, que começou na semana passada no extremo leste da Rússia com o participação dos Exércitos da China e da Mongólia.

O secretário de Defesa americano, James Mattis, disse estudar opções, mas que nada foi definido: “Não é só a base, mas também espaços de treinamento, manutenção, todas essas coisas. Temos vários detalhes a estudar.”

Trump e Duda também se disseram preocupados com a dependência excessiva que a Europa teria de Moscou com a construção de um novo gasoduto. O polonês teme o que chamou de chantagem política com os carregamentos.

Ao responder, o americano criticou a Alemanha, principal apoiadora da obra. “Acho muito infeliz para o povo alemão que a Alemanha esteja pagando bilhões e bilhões de dólares por ano em energia para a Rússia”, disse.

O encontro em Washington acontece no momento em que aumentam as críticas da União Europeia à Polônia por sua retórica nacionalista, aprofundamento da interferência nos poderes e sua política anti-imigração.

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