Justiça do Peru volta a decretar prisão preventiva de Keiko Fujimori

Magistrado aprova 36 meses de detenção sob acusação de receber caixa dois da Odebrecht

Keiko aparece de perfil, com o rosto virado para a direita. Ela usa um rabo de cavalo.
A líder do Força Popular Keiko Fujimori, em audiência em 17 de outubro; filha mais velha de Alberto Fujimori teve prisão preventiva decretada - Luka Gonzales - 17.out.18/AFP
Lima e São Paulo | AFP

A Justiça do Peru ordenou nesta quarta-feira (31) a prisão preventiva por 36 meses de Keiko Fujimori, principal líder da oposição, acusada de liderar a corrupção do partido Força Popular com a construtora brasileira Odebrecht.

Filha mais velha do ex-mandatário Alberto Fujimori e duas vezes candidata presidencial, Keiko foi indiciada pelo Ministério Público por ter recebido US$ 1 milhão da empreiteira em caixa dois para a campanha de 2011.

Segundo o juiz Richard Concepción Carhuancho, responsável pelos processos ligados à Operação Lava Jato no Peru, há alto grau de possibilidade de que ela tenha cometido lavagem de dinheiro com os recursos da construtora.

Isso teria ocorrido, segundo o juiz, ao Keiko pedir a dois representantes de seu partido, Jaime Yoshiyama e Augusto Bedoya, doações ilegais de campanha. O dinheiro teria sido entregue a um empresário sobrinho de Yoshiyama.

Os recursos teriam sido disfarçados por meio de atividades de partido, como uma rifa e um jantar para doadores. O juiz usou como base também as delações de Marcelo Odebrecht e do ex-diretor local da empreiteira Jorge Barata.

“Com relação a Keiko Fujimori, este gabinete considera que sim há suspeita grave de que essa pessoa seria líder de uma organização criminosa criada dentro do Força Popular para lavar dinheiro proveniente da Odebrecht.”

Além das acusações, Concepción considerou que havia um risco muito grande de fuga de Keiko, que tem cidadanias japonesa e americana, devido à pena a que estaria sujeita no futuro —de 10 a 13 anos de prisão.

A líder opositora, que estava na audiência, foi presa imediatamente após a decisão. A audiência para determinar a prisão durou sete dias. No início do mês, ela chegou a ficar em prisão temporária pelo mesmo tempo.

A defesa ainda pode recorrer. Keiko nega as acusações e afirma se tratar de perseguição política contra seu partido. Até agora o Ministério Público peruano investiga quatro ex-presidentes por ligação com a construtora brasileira.

Acusado de receber US$ 20 milhões da Odebrecht, Alejandro Toledo (2000-2006) teve prisão preventiva decretada, mas continua foragido nos EUA. As autoridades peruanas pediram em 2017 sua extradição, que ainda não saiu.

Alan García (2006-2011) é outro acusado, mas responde à ação em liberdade. Mesma situação de Ollanta Humala (2011-2016), que chegou a ficar em prisão preventiva por sete meses sob a acusação de receber US$ 3 milhões em caixa dois.

E Pedro Pablo Kuczynski (2016-2018), que renunciou ao cargo em março, teria auferido US$ 5,1 milhões em serviços de consultoria entre 2004 e 2013, que inclui período em que ele era ministro.

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