Países europeus rejeitam 'ultimato' do Irã sobre acordo nuclear

Comunicado condena sanções dos EUA e pede a Teerã fim da escalada de tensões

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Berlim | AFP

Potências europeias signatárias do acordo nuclear com o Irã rejeitaram nesta quinta-feira (9) o "ultimato" feito por Teerã, que na véspera anunciou que deixará de cumprir parcialmente a resolução em resposta à decisão unilateral de Washington de abandonar o pacto em 2018 e restabelecer sanções.

Em um momento de crescente tensão entre Irã e Estados Unidos —que anunciou na terça-feira o envio de bombardeiros B-52 ao Golfo Pérsico—, Alemanha, França, Reino Unido e a Alta Representante da UE para Política Externa, Federica Mogherini, lançaram um comunicado conjunto pedindo a Teerã que evite uma escalada nas tensões e lamentando a adoção pelo governo de Donald Trump de novas sanções.  

O presidente da  França, Emmanuel Macron, e a chanceler alemã, Angela Merkel, em um encontro da União Europeia na Itália
O presidente da França, Emmanuel Macron, e a chanceler alemã, Angela Merkel, em um encontro da União Europeia na Itália - Ludovic Marin/Pool via Reuters

Teerã anunciou na quarta-feira que deixará de cumprir dois de seus compromissos do acordo internacional assinado em 2015. Ameaçou, ainda, renunciar a outros compromissos do pacto caso os demais signatários não encontrem uma solução no prazo de 60 dias para aliviar os efeitos das sanções americanas, em particular nos setores petroleiro e bancário.

"Rejeitamos qualquer ultimato e avaliaremos o cumprimento por parte do Irã de seus compromissos nucleares", advertiram os três países e a UE. “Esperamos que o Irã siga respeitando os formatos e mecanismos estabelecidos pelo acordo nuclear."

"Seguimos totalmente comprometidos com a preservação e a plena implementação do acordo nuclear, uma conquista essencial na arquitetura global da não proliferação nuclear, que está dentro do interesse da segurança de todos", afirma o comunicado.

Também nesta quinta, o presidente francês Emmanuel Macron afirmou que "sair do acordo nuclear de 2015 é um erro porque acaba com o que trabalhamos. É por isso que a França continua e vai continuar, e desejo profundamente que o Irã também continue".

"Não podemos cair na excitação, cair numa escalada. É preciso trabalhar pela nossa segurança coletiva, e, portanto, para preservar a presença do Irã neste acordo", acrescentou o presidente.

Horas depois do anúncio da República Islâmica, o governo americano de Trump voltou a endurecer as sanções. "Autorizar o aço e outros metais iranianos em seus portos não será mais tolerado", advertiu Trump aos demais países.

Validado por uma resolução do Conselho de Segurança da ONU, o acordo permitiu ao Irã obter uma suspensão parcial das sanções internacionais, em troca de limitar seu programa nuclear.

Mas por considerar que o acordo não oferecia garantias suficientes, Trump retirou seu país do pacto há  um ano e restabeleceu sanções contra Teerã, o que afetou duramente sua economia e as relações comerciais com outros países.

Apesar da promessa dos demais signatários de permitir que o Irã se beneficiasse das vantagens econômicas do acordo, o mecanismo criado pela UE para manter o comércio e evitar as sanções dos Estados Unidos não permitiu nenhuma transação.

Erramos: o texto foi alterado

O acordo nuclear com o Irã entrou em vigor em janeiro de 2016, e não de 2006, como constava em versão anterior do infográfico que acompanha este texto. 
 

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