Apesar de protestos, Hong Kong promete seguir com projeto de lei de extradição à China

Território não deve se tornar 'refúgio para infratores fugitivos', diz chefe do governo

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São Paulo

A líder do governo de Hong Kong, Carrie Lam, disse nesta segunda (10) que está determinada a passar o projeto de lei de extradição que permitirá que suspeitos sejam enviados à China continental para serem julgados

A posição da executiva-chefe (espécie de prefeita) vem após protestos terem reunido milhares no domingo (9) contra a proposta. "Este projeto de lei não é uma iniciativa do governo central chinês. Não recebi nenhuma instrução de Pequim para fazer esta lei", disse Lam em entrevista coletiva. "Hong Kong tem que seguir em frente. Ninguém quer que Hong Kong seja um refúgio para infratores fugitivos."  

Ainda segundo Lam, a nova lei "permitirá o triunfo da justiça e garantirá que Hong Kong cumpra com suas obrigações internacionais em termos de criminalidade transfronteiriça e transnacional". 

Opositores da legislação temem perseguição política do partido único da China, e dizem que Beijing usará a nova lei para extraditar ativistas e dissidentes, que seriam submetidos a um sistema judicial opaco e politizado.

Embora oficialmente Hong Kong pertença à China, a região possui um sistema legal próprio e certa autonomia política em relação a Pequim, em um arranjo conhecido como "um país, dois sistemas".

A executiva-chefe de Hong Kong, Carrie Lam, durante entrevista para a imprensa em Hong Kong - Tyrone Siu/Reuters

Nos últimos anos, porém, a ditadura do Partido Comunista vem tentando aumentar seu poder sobre o território, levando a oposição pró-democracia a organizar grandes manifestações.

A polícia disse que 240 mil pessoas participaram dos atos de domingo (9). Já os organizadores afirmaram que mais de um milhão de pessoas foram às ruas, o que faria dele o maior protesto já registrado desde que a antiga colônia britânica retornou para o controle chinês, em 1997 —manifestações por mais democracia em 2003 e 2014 ultrapassaram a marca de 500 mil pessoas. 

Haverá nova manifestação na quarta (12), quando uma segunda leitura da proposta da lei será debatida por parlamentares. Lam disse não ver motivos para que a aprovação da lei seja retardada. 

 

O governo chinês afirmou que segue apoiando o projeto de lei. "Nos opomos firmemente a qualquer força exterior que intervenha nos assuntos legislativos" de Hong Kong, disse Geng Shuang, porta-voz do Ministério de Relações Exteriores do país.

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