Em reunião do G20, Bolsonaro fala em proteção de empregos e defende cloroquina

Presidente pede que medidas de saúde venham acompanhadas de projetos para estimular a economia

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Brasília

Em videoconferência com líderes do G20 sobre a resposta global ao novo coronavírus, Jair Bolsonaro defendeu que o combate à pandemia venha acompanhado de medidas para estimular a economia.

Segundo relataram interlocutores à Folha, o presidente pediu que as ações de proteção à saúde da população estejam alinhadas a medidas de preservação de empregos, principalmente os dos mais vulneráveis.

O presidente Jair Bolsonaro (de costas) observa tela com outros líderes do G20 durante videoconferência
O presidente Jair Bolsonaro (de costas) observa tela com outros líderes do G20 durante videoconferência - Marcos Corrêa/Presidência da República

A teleconferência, convocada pela Arábia Saudita, que detém a presidência temporária do grupo que reúne as 20 maiores economias do planeta, foi realizada na manhã desta quinta-feira (26).

De acordo com membros do governo que acompanharam a reunião, o presidente também utilizou seu tempo de fala para destacar as pesquisas feitas com hidroxicloroquina —substância que apresentou efeitos promissores para o tratamento da Covid-19, mas cujos resultados não são conclusivos.

Em declarações recentes, o presidente tem defendido o uso do medicamento, hoje aplicado no tratamento de malária e lúpus. Na quarta-feira (25), em uma rede social, Bolsonaro escreveu que, nos próximos dias, a divulgação dos resultados de tratamentos da Covid-19 à base de hidroxicloroquina e azitromicina trarão "o necessário ambiente de tranquilidade e serenidade ao Brasil e ao mundo".

Ainda na seara econômica, outros integrantes do G20 destacaram que, durante a crise, é preciso manter os fluxos comerciais e preservar as cadeias de suprimento global.

Por isso, o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, publicou em suas redes sociais uma mensagem na qual afirma que os líderes do G20 confirmaram que "a frente econômica —preservação de empregos— é tão importante quanto a frente da saúde no combate ao coronavírus e seus efeitos".

Em comunicado conjunto divulgado logo após a videoconferência, no qual a Covid-19 é tratada como uma "pandemia sem precedentes" e "um vírus que não respeita fronteiras", os integrantes do G20 destacam que o combate à pandemia exige uma "resposta global com espírito de solidariedade, transparente, robusta, coordenada, de larga escala e baseada na ciência".

Também chamam a atenção para a adoção de "medidas imediatas e vigorosas" para apoiar as economias de todo o mundo e a necessidade de expandir a capacidade de produção para atender a demanda de suprimentos médicos, que deverão ser disponibilizados "a preço acessível, de forma ampla e equitativa".

Ainda expressaram preocupação com os riscos para países frágeis, principalmente na África, e para outras populações vulneráveis, como refugiados, reconhecendo a necessidade de reforçar as redes de segurança financeira global e os sistemas nacionais de saúde.

Assim, a principal decisão, em termos práticos, foi a de injetar US$ 4,8 trilhões (cerca de R$ 24,11 trilhões) na economia global.

"A magnitude e o alcance dessa resposta recuperarão a economia global e estabelecerão uma base sólida para a proteção dos empregos e a recuperação do crescimento", afirma o grupo no documento.

De acordo com interlocutores brasileiros, outra preocupação do governo Bolsonaro na arena internacional é destacar que, no atual cenário de quase paralisação de diversas economias do mundo, novas medidas protecionistas precisam ser evitadas.

Ainda segundo auxiliares do presidente, os participantes da videoconferência sinalizaram consenso com a necessidade de os países —enquanto lidam com a emergência sanitária— trabalharem juntos em meios para reaquecer a economia global.

Um assessor palaciano afirma que alguns líderes ressaltaram que o G20 deve ter, no atual momento, participação semelhante à desempenhada pelo fórum em 2008.

Na ocasião, o grupo de chefes de governo se reuniu pela primeira vez, com o desafio de discutir políticas conjuntas para lidar com a crise financeira global desencadeada naquele ano.

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