Um tribunal japonês em Hiroshima expandiu, nesta quarta-feira (29), a definição de sobreviventes da explosão da bomba atômica para incluir os afetados pela chamada "chuva negra" radioativa, uma decisão judicial incomum, 75 anos após o ataque nuclear dos EUA no final da Segunda Guerra Mundial.
O Tribunal Distrital de Hiroshima determinou que todos os 84 demandantes, que têm entre 70 e 90 anos, devem se beneficiar da assistência médica proporcionada às vítimas do bombardeio. No Japão, elas são conhecidas como "hibakusha".
Após a guerra, o governo designou áreas consideradas duramente afetadas pelo primeiro bombardeio atômico da história e concedeu gratuidade de atendimento médico àqueles que se encontravam nesses lugares.
Os demandantes da decisão atual estavam fora dessas áreas, mas foram atingidos pela "chuva negra" produzida após o bombardeio de 6 de agosto de 1945. Eles afirmam que os efeitos em sua saúde foram semelhantes aos daqueles que estavam nas áreas definidas pelo governo.
"Não há nada de irracional nas declarações desses habitantes, segundo as quais eles estavam encharcados pela chuva negra", declarou o presidente do tribunal, Yoshiyuki Takashima, de acordo com o canal de TV estatal NHK.
"Os documentos médicos mostram que os habitantes sofrem de doenças consideradas ligadas à bomba atômica e cumprem as condições legais exigidas dos ‘hibakusha’", acrescentou.
Até março passado, o governo central havia reconhecido 136.682 pessoas como "hibakusha", incluindo as de Nagasaki, onde foi lançado o segundo ataque nuclear, em 9 de agosto de 1945.
Cerca de 140 mil pessoas morreram na hora e nos meses seguintes em Hiroshima, e 74 mil, em Nagasaki.
Na próxima semana, o Japão relembra o 75º aniversário desses dois bombardeios.
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