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Contra voto por correspondência, Trump bloqueia plano de alívio ao correio na pandemia

Presidente americano afirma que método gera fraudes, mas não há evidências que sustentem declaração

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Washington | Reuters

O presidente Donald Trump bloqueou nesta quinta-feira (13) a proposta democrata de incluir no pacote de ajuda do novo coronavírus o envio de recursos ao serviço postal dos EUA, em uma tentativa de impedir que mais americanos votem por correspondência em novembro.

Os congressistas democratas acusaram Trump de tentar prejudicar o correio e assim melhorar suas chances de ser reeleito, já que pesquisas de opinião mostram que o republicano enfrentará uma dura disputa contra o candidato da oposição, Joe Biden.

Especialistas estimam que metade dos eleitores americanos pode deixar de votar por causa da pandemia.

Assim, aliados do presidente temem que os americanos deixem de ir às urnas, principalmente os que têm mais de 65 anos ou os que vivem em áreas rurais, importante parcela da base de Trump.

Veículos do serviço postal americano em Chicago
Veículos do serviço postal americano em Chicago - Scott Olson - 13.ago.20/Getty Images/AFP

O presidente vem questionando essa modalidade de votação há meses e denunciando-a como uma possível fonte de fraude, embora milhões de americanos —incluindo grande parte das Forças Armadas— votem pelo correio há anos sem problemas.

Aproximadamente um em cada quatro eleitores votaram por correspondência nas últimas eleições presidenciais, em 2016. O próprio Trump já usou a modalidade.

O presidente disse que seus negociadores resistiram aos pedidos dos democratas por verbas adicionais para a preparação das eleições presidenciais, legislativas e locais durante a pandemia de coronavírus.

A Covid-19 já matou mais de 165 mil americanos e criou sérios desafios logísticos para a organização de grandes eventos, como o pleito de 3 de novembro.

"Os pontos da negociação são o correio e os US$ 3,5 bilhões [R$ 18,8 bilhões] para o voto por correspondência", disse Trump ao canal Fox Business, acrescentando que os democratas querem destinar US$ 25 bilhões (R$ 134,3 bilhões) ao serviço postal.

"Se não fecharmos o acordo, eles não poderão ter o dinheiro, e isso significa que não terão uma votação universal por correspondência." Trump afirmou, no entanto, que, se um plano de alívio passasse nas duas Casas, ele não vetaria a legislação.​

Os democratas reclamaram da postura do presidente, acusando Trump e os republicanos de tentarem dificultar a participação dos americanos no pleito.

"Típico Trump. Ele não quer uma eleição", disse Biden, quando questionado sobre os comentários do presidente antes de um evento de campanha.

O diretor do correio americano, Louis DeJoy, ordenou mudanças operacionais e uma redução na quantidade de horas extras que os funcionários podem fazer para contornar os problemas financeiros da instituição, que relatou um prejuízo líquido de US$ 2,2 bilhões (R$ 11,8 bilhões) no último trimestre.

As medidas adotadas pelo diretor causaram atrasos em entregas em todo o país, o que pode dificultar a votação por correspondência.

Desde 2017, DeJoy, que foi nomeado para o cargo em junho, já doou US$ 2,7 milhões (R$ 14,5 milhões) para campanhas de Trump e de outros políticos republicanos.

Embora os dois partidos tenham planos diferentes para o pacote de ajuda, o montante proposto para o correio representa menos de 1% do total da proposta de cada um.

Os senadores republicanos apresentaram um plano de US$ 1 trilhão (R$ 5,37 trilhões), enquanto a Câmara, controlada pelos democratas, aprovou um projeto de US$ 3 trilhões (R$ 16,1 trilhões) em maio.

A equipe de negociação da Casa Branca, composta pelo secretário do Tesouro, Steve Mnuchin, e pelo chefe de gabinete de Trump, Mark Meadows, não se reúne com os democratas Nancy Pelosi, presidente da Câmara, e Chuck Schumer, líder da minoria do Senado, há seis dias.

O líder da maioria no Senado, o republicano Mitch McConnell, disse nesta quinta que a Casa entraria em recesso e retornaria em setembro, a menos que um pacote acordado entre os partidos fosse levado a votação. "Ainda espero que tenhamos algum tipo de consenso bipartidário nas próximas semanas."

Uma pesquisa da agência de notícias Reuters e do Instituto Ipsos divulgada nesta semana mostrou que os americanos culpam os dois partidos pelo impasse nas negociações.

A demora em aprovar um novo pacote impediu a prorrogação do veto a despejos e do pagamento do auxílio semanal de US$ 600 (R$ 3.220) para desempregados.

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