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EUA estudam enviar doses da vacina AstraZeneca ao Brasil, diz jornal

País tem dezenas de milhões de imunizantes parados enquanto aguarda resultado de estudo clínico

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São Paulo

Com dezenas de milhões de doses da vacina contra a Covid-19 desenvolvida pela Universidade de Oxford e o laboratório AstraZeneca paradas nas fábricas americanas, os Estados Unidos estudam enviar injeções para o Brasil ou outros países, segundo o jornal americano The New York Times.

O destino dos imunizantes é assunto de intenso debate entre Casa Branca e autoridades de saúde. Um lado das discussões argumenta que o governo americano deveria permitir a exportação das vacinas a países com necessidades urgentes, enquanto o outro defende que ainda não é o momento para renunciar aos itens —o imunizante da AstraZeneca ainda aguarda resultados de um estudo clínico para que seu uso seja autorizado nos EUA, algo que já aconteceu em outros lugares, como o Brasil.

O laboratório farmacêutico está envolvido nas conversas.

Secretário de Saúde e Serviços Humanos da Califórnia, Mark Ghaly, recebe dose da vacina Johnson & Johnson, de aplicação única
Secretário de Saúde e Serviços Humanos da Califórnia, Mark Ghaly, recebe dose da vacina Johnson & Johnson, de aplicação única - Mario Tama - 11.mar.21/Getty Images/AFP

Algumas autoridades insistiram que a Casa Branca tome uma decisão nas próximas semanas. Elas discutem enviar doses para o Brasil, que vive seu pior momento da pandemia, ou mesmo para a União Europeia ou para o Reino Unido.

Cerca de 30 milhões de doses estão engarrafadas numa unidade da AstraZeneca em West Chester, no estado de Ohio, responsável pela fase final de produção da vacina, disse ao New York Times um funcionário com conhecimento do estoque. Em Baltimore, no estado de Maryland, outra empresa que fabrica a vacina já produziu quantidade suficiente para mais dezenas de milhões de doses.

Apesar de ter seu uso autorizado em mais de 70 países, nos EUA o estudo clínico do imunizantes ainda não teve resultados divulgados, e a empresa não pediu autorização para aplicação emergencial ao FDA, agência regulatória do país.

A AstraZeneca chegou a pedir à gestão Biden que empreste as doses destinadas aos EUA para a União Europeia, onde a farmacêutica não conseguiu cumprir seu compromisso de entrega.

“Entendemos que outros governos podem ter entrado em contato com os EUA sobre a doação de doses da AstraZeneca e pedimos ao governo americano que considere cuidadosamente essas solicitações”, afirmou ao New York Times Gonzalo Viña, porta-voz do AstraZeneca. “Se essas doações acontecerem, vamos buscar orientação do governo americano para repor essas doses nos EUA.”

A Casa Branca não respondeu ao pedido de comentário feito pelo New York Times.

Parte da hesitação do governo estaria relacionada às incertezas com o fornecimento da vacina após o governo Biden prometer, na quinta-feira (11), disponibilizar vacinação a todos os adultos a partir de 1º de maio.

No Brasil, a Anvisa aprovou nesta sexta-feira (12) o registro definitivo da vacina da AstraZeneca, produzida pela Fiocruz.

A medida permite o uso do imunizante em larga escala no país, já que a autorização para uso emergencial, concedida em 17 de janeiro, referia-se a 2 milhões de doses importadas da Índia e permitia sua aplicação apenas em alguns grupos prioritários.

Agora, as vacinas produzidas pela farmacêutica anglo-sueca também ganham autorização para serem aplicadas, e não há mais restrição de público-alvo.

Mas a vacina vive um momento de incerteza em relação à sua segurança em outros lugares. Nesta quinta, nove países europeus —Itália, Dinamarca, Noruega, Islândia, Áustria, Estônia, Lituânia, Letônia e Luxemburgo— suspenderam temporariamente a aplicação desses imunizantes para se certificarem de que eles não têm ligação com efeitos colaterais mais graves.

No caso da Dinamarca, a suspensão por duas semanas vale para todas as doses e foi determinada depois que coágulos sanguíneos provocaram a morte de uma pessoa vacinada. Nos outros países, foi interrompido o uso de um lote específico, também após óbito por trombose de uma mulher imunizada na Áustria e de dois homens na Sicília.

Segundo a autoridade de saúde dinamarquesa, não se pode concluir ainda se existe ligação entre a vacina e os coágulos. Mas, por causa do alerta do sistema de saúde, o órgão e a agência regulatória de medicamentos farão uma reavaliação do imunizante, ao lado da agência regulatória da UE (EMA).

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