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Guaidó propõe negociação a Maduro, com eleições em troca do fim de sanções

Mudança de discurso ocorre após parte da oposição integrar órgão eleitoral dominado pelo regime

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Caracas | AFP

O líder da oposição venezuelana Juan Guaidó propôs nesta terça (11) retomar as negociações com o regime de Nicolás Maduro para pedir um cronograma de eleições em troca da "retirada progressiva" de sanções internacionais.

Guaidó, reconhecido como presidente interino da Venezuela por 58 países, descartava a retomada das conversas com o chavista desde que foi interrompida, em 2019, uma rodada de negociações com mediação da Noruega. “A Venezuela precisa de um acordo de salvação nacional”, afirmou o opositor em vídeo transmitido em redes sociais. “Um acordo que deve ser alcançado entre as forças democráticas (...), os atores que constituem e apoiam o regime e a comunidade internacional.”

O líder opositor venezuelano Juan Guaidó durante entrevista coletiva em Caracas
O líder opositor venezuelano Juan Guaidó durante entrevista coletiva em Caracas - Federico Parra - 29.abr.21/AFP

A ideia do líder oposicionista é costurar um pacto que inclua a convocação de um calendário de eleições, considerando as disputas presidencial, parlamentar, regional e municipal, com a presença de observadores internacionais, além da "entrada maciça de ajuda humanitária e vacinas contra a Covid-19" e a libertação de todos os presos políticos. Em troca, dispõe o compromisso da comunidade internacional para “oferecer incentivos ao regime, incluindo a retirada progressiva de sanções" impostas ao país caribenho.

A proposta, apresentada após outras tentativas fracassadas de negociação, é feita logo após o Parlamento, de ampla maioria governista, ter nomeado novas autoridades eleitorais. Trata-se de um Conselho Nacional Eleitoral (CNE) “que não reconhecemos”, disse Guaidó, recusando-se a participar das eleições municipais e regionais. O recém-nomeado órgão eleitoral confirmou nesta terça que ambas as votações serão realizadas de forma conjunta neste ano, ainda sem data marcada.

“Conspirar com a ditadura para se legitimarem mutuamente como tirania e oposição leal a essa tirania não leva à liberdade, mas a uma submissão e normalização da pior tragédia que já ocorreu no país”, disse Guaidó, que liderou o boicote da oposição aos pleitos presidenciais de 2018 e parlamentares de 2020.

Em agosto de 2019, Maduro encerrou os diálogos mediados pela Noruega em resposta às duras sanções econômicas impostas pelos Estados Unidos, principal apoio internacional de Guaidó.

Após o fracasso dessa aproximação, o líder chavista, apoiado por Forças Armadas e aliados como Rússia e China, iniciou diálogos com outros setores da oposição, à margem de Guaidó, que descreveu essas iniciativas como "zombaria". Nessas negociações, ficou acertado que os opositores teriam direito a dois dos cinco cargos principais no CNE, presidido por um ex-ministro de Maduro, Pedro Calzadilla.

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"É natural que Guaidó tente colocar o debate político de volta em sua quadra, já que a escolha da nova CNE ocorreu nas negociações entre o governo e a outra parte da oposição", liderada pelo ex-candidato presidencial Henrique Capriles, disse à agência de notícias AFP o analista político Luis Vicente León.

“Embala, sem dúvida, em um novo pedido de negociação global (...) e o relaciona a sanções porque é o único instrumento de pressão que a oposição parece ter hoje, embora não a controle diretamente.”

Calzadilla, com o restante da diretoria do CNE, anunciou uma "auditoria ampla" do registro eleitoral e do sistema automático de votação usado na Venezuela. Também informou que o órgão concordou em revisar a condição de dirigentes e partidos políticos, o que afeta opositores como Capriles, que segue inelegível.

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