Os Estados Unidos pediram neste sábado (11) à Rússia que se retire da fronteira com a Ucrânia e assegurou que as potências ocidentais estão dispostas a impor sanções maciças a Moscou em caso de ataque, durante uma reunião do G7 no Reino Unido.
Presente na reunião dos ministros das Relações Exteriores do G7, realizada em Liverpool até o domingo, uma encarregada do Departamento de Estado americano assegurou que ainda era possível resolver a crise com a Ucrânia por meio da diplomacia.
Nessa linha, o governo dos Estados Unidos anunciou que enviará sua subsecretária de Estado para Europa, Karen Donfried, à Ucrânia e à Rússia entre segunda e quarta da próxima semana. Ela irá discutir a mobilização das tropas russas na fronteira entre ambos os países, anunciou o Departamento de Estado neste sábado.
Donfried estará em Kiev e Moscou para se reunir com altos funcionários do governo "e para reforçar o compromisso dos Estados Unidos com a soberania, a independência e a integridade territorial da Ucrânia".
A subsecretária "insistirá na possibilidade de realizar progressos diplomáticos para encerrar o conflito no Donbass [leste da Ucrânia], aplicando os acordos de Minsk", afirmou a diplomacia americana em um comunicado.
Concluídos em 2015, esses acordos para acabar com o conflito entre o governo ucraniano e os separatistas pró-Rússia nunca foram respeitados.
Mas, se a Rússia decidir não seguir pela via diplomática, haverá consequências maciças e será pago um preço alto, alertou a encarregada americana, destacando que o G7 estava de acordo.
"Não só se uniriam os países que estavam na sala para fazer com que a Rússia pague o preço, mas mais Estados democráticos", acrescentou.
Durante horas, Otan, Estados Unidos e líderes europeus acusaram a Rússia de querer invadir a Ucrânia, o que Moscou nega.
Depois de uma videoconferência com o presidente russo Vladimir Putin nesta semana, Joe Biden ameaçou a Rússia com sanções em caso de ataque à Ucrânia.
Apesar de as tensões permanecerem altas, os dois líderes decidiram encarregar suas equipes a reuniões de monitoramento para ver se é possível uma distensão diplomática.
A visita de Karen Donfried será, portanto, um primeiro passo nessa direção.
Durante a reunião do G7, chefes das diplomacias de Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão e Reino Unido também mostraram unidade diante dos quais consideram "agressores" mundiais.
"Temos que nos unir com força para enfrentar os agressores que tentam limitar as fronteiras da liberdade e da democracia", disse a chefe da diplomacia britânica, Liz Truss, cujo país preside neste ano o grupo de sete grandes economias.
"Para isso, temos que fazê-lo com uma única voz", acrescentou, pedindo reflexão para "reduzir a dependência estratégica" e reforçar a "arquitetura da segurança" das grandes potências democráticas contra os "governos autoritários".
Embora não tenha especificado esses adversários, suas afirmações vão na mesma linha das intenções dos Estados Unidos de conduzir o G7 a uma estratégia ocidental para frear as ambições da China em nível mundial.
Para Liz Truss, a "frente unida" contra os regimes autoritários precisa também se aprofundar nas relações econômicas entre os países democráticos.
"Devemos ganhar a batalha das tecnologias, garantindo que nossas normas tecnológicas sejam estabelecidas por aqueles que acreditam na liberdade e na democracia", insistiu, em outra alusão a Pequim.
Quanto aos diálogos com o Irã a respeito de seu programa nuclear, espera-se que os ministros do G7 peçam a Teerã que interrompa a escalada e volte ao acordo de Viena.
Ao longo do fim de semana, os ministros do G7 vão participar também de reuniões com colegas da UE, da Coreia do Sul e da Austrália.
No domingo, a ministra britânica celebrará reuniões plenárias sobre a segurança sanitária mundial e a região indo-pacífica.
Os ministros das Relações Exteriores da Asean (Associação de Nações do Sudeste Asiático) se unirão pela primeira vez aos diálogos do G7, um sinal da importância crescente da reunião, à qual Blinken irá na próxima semana, na estratégica americana de confronto com a China.
A situação em Mianmar após o golpe militar de fevereiro será um dos temas abordados.
A reunião deste fim de semana é a segunda presencial dos ministros das Relações Exteriores do G7 neste ano, após a realizada em maio em Londres.
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