Hong Kong remove escultura em homenagem a vítimas da Praça da Paz Celestial

'Pilar da Vergonha', do artista dinamarquês Jens Galschiot, estava instalada em universidade desde 1997

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Hong Kong | AFP

Uma escultura de oito metros de altura em memória das vítimas do massacre da Praça da Paz Celestial, um dos episódios mais violentos da história recente da China, foi cercada por seguranças nesta quarta-(22), no campus da Universidade de Hong Kong, onde a peça estava instalada, e removida em seguida.

Batizado de "Pilar da Vergonha", o monumento é assinado pelo dinamarquês Jens Galschiot e retrata 50 rostos angustiados e corpos dilacerados empilhados uns sobre os outros.

Detalhe da escultura do artista dinamarquês Jens Galschiøt, que homenageia as vítimas do massacre da Praça da Paz Celestial - Tyrone Siu - 12.out.2021/ Reuters

A estátua estava no campus da universidade mais antiga de Hong Kong desde 1997, quando a ex-colônia britânica foi devolvida à China. Em outubro deste ano, funcionários da instituição ordenaram a remoção da escultura, que homenageia os manifestantes pró-democracia mortos por tropas chinesas em 1989.

O monumento foi cercado por barreiras nesta semana. Lâminas de plástico foram colocadas sobre a obra, e os seguranças barraram a aproximação e a gravação de vídeos por jornalistas. Imagens mostram operários transportando pedaços da obra, e um contêiner de carga estava no local.

Contatada pela agência de notícias AFP, a universidade inicialmente não quis comentar o episódio, mas depois confirmou a remoção. O autor da obra afirma achar "estranho" e "chocante" que a universidade se prepare para retirar a obra, que, segundo ele, continua sendo de sua propriedade. "É uma escultura muito cara. Então, se a destruírem, é claro que vou processá-los", disse à AFP.

Ao jornal britânico The Guardian Galschiot afirmou que tentou contatar a universidade diversas vezes, dizendo que queria resgatar a obra e levá-la para a Dinamarca, mas não obteve resposta.

A região semiautônoma de Hong Kong era o único lugar do país onde homenagens a esse acontecimento histórico, proibidas na China, eram toleradas. Mas com a crescente ofensiva do governo chinês contra qualquer forma de oposição na ex-colônia britânica, a vigília foi proibida.

A China nunca prestou contas de forma transparente sobre a violência na Praça da Paz Celestial. A contagem oficial afirma que foram cerca de 300 mortos, a maioria dos quais soldados, mas grupos de direitos humanos e testemunhas dizem que milhares de pessoas foram assassinadas à época.

Em junho, o parque de Hong Kong onde todo ano é realizada a vigília que marca o aniversário do massacre ficou vazio pela primeira vez em 32 anos. Policiais bloquearam os acessos ao parque Victoria, o que impediu a tradicional manifestação com velas organizada no início da noite.

A proibição à vigília ocorreu em um momento de preocupação internacional crescente com a supressão das liberdades em Hong Kong, especialmente por meio de uma lei de segurança nacional imposta por Pequim no ano passado, que está remodelando a cidade à imagem chinesa.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.