Moeda de dólar estampará mulher negra pela 1ª vez, com escritora Maya Angelou

Modelo faz parte de iniciativa com mulheres de proeminência no país, como 1ª americana a ir para o espaço

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Florianópolis

De um lado, ex-presidentes brancos. Do outro, mulheres de proeminência nos Estados Unidos. O cara ou coroa dos americanos terá pela primeira vez uma mulher negra em suas moedas de 25 centavos, com a imagem gravada da escritora e ativista Maya Angelou.

A Casa da Moeda do país começou a distribuir nesta segunda-feira (10) as moedas, que fazem parte do programa American Women Quarters (moedas de 25 centavos de mulheres americanas, em tradução literal), iniciativa que também inclui Anna May Wong, primeira estrela sino-americana de Hollywood.

A escritora e ativista Maya Angelou discursa durante Convenção Nacional Democrata, em 2004
A escritora e ativista Maya Angelou discursa durante Convenção Nacional Democrata, em 2004 - Gary Hershorn - 27.jul.04/Reuters

Angelou, morta em 2014, aos 86 anos, ganhou proeminência internacional após a publicação de sua disruptiva autobiografia "Eu Sei Por Que o Pássaro Canta na Gaiola" (Ed. Astral Cultural, R$ 49,90), que traz um forte relato sobre estupro e racismo na segregada região sul dos EUA.

Aos sete anos de idade, a escritora foi estuprada pelo namorado da mãe —que depois seria espancado até a morte em um ataque que alguns acreditam ter sido realizado por tios de Angelou. O trauma do abuso e a morte de seu autor deixaram a menina muda por seis anos, período no qual ela começou a escrever.

Chancelada com mais de 30 títulos honorários, a ativista leu "No Pulso da Manhã" na cerimônia de posse de Bill Clinton na Presidência, em 1992, marcando a primeira vez que uma mulher negra escreveu e apresentou um poema em uma celebração do tipo. Em 2010, Barack Obama concedeu a Angelou a Medalha Presidencial da Liberdade. Em 2013, ela ainda recebeu o Prêmio Literário pela contribuição à comunidade literária.

"Toda vez que redesenhamos nossas moedas, temos a chance de dizer algo sobre nosso país –o que valorizamos e como progredimos como sociedade", disse a secretária do Tesouro, Janet Yellen, em comunicado. "Estou muito orgulhosa por essas moedas celebrarem as contribuições de algumas das mulheres mais excepcionais da América, incluindo Maya Angelou."

O American Women Quarters traz ainda moedas cunhadas com o rosto de Wilma Mankiller, primeira chefe principal da nação cherokee, Adelina Otero-Warren, líder do movimento sufragista do Novo México, e Sally Ride, astronauta e física que foi a primeira mulher americana a ir ao espaço.

São quatro as moedas americanas de dólar: de 1, 5, 10 e 25 centavos. Elas trazem, de um lado (cara), as imagens dos ex-presidentes americanos Abraham Lincoln (desde 1909), Thomas Jefferson (desde 1938), Franklin D. Roosevelt (desde 1946), e George Washington (desde 1932), respectivamente.

Do outro lado, as imagens variam com o passar do tempo, e as de 25 centavos têm sido escolhidas para edições comemorativas. Segundo a Casa da Moeda americana, de 1932 a 1998 a "coroa" mostrava uma águia de asas abertas sobre um maço de flechas, com galhos de oliva abaixo.

Nesse período, apenas nos anos de 1975 e 1976 circulou uma edição especial em celebração ao bicentenário da Independência americana, ocorrida em 1776. A moeda exibe um baterista colonial e uma tocha da vitória circundada por 13 estrelas, representando cada uma das colônias originais.

Já de 1998 a 2008, a coroa mudou de design cinco vezes ao ano, como parte de um programa para celebrar os 50 estados. Em 2009, foram seis alterações, desta vez em uma iniciativa para homenagear o Distrito de Columbia e territórios americanos. Na sequência, de 2010 a 2021, 56 modelos mostraram parques e atrações nacionais como parte da ação Beautiful Quarters (moedas bonitas).

O programa agora em vigor, em homenagem às mulheres americanas, terá duração de quatro anos, do início de 2022 ao fim de 2025. A cada ano, até cinco novos modelos de coroa podem ser desenhados, ampliando o número de homenageadas. Além disso, o lado da cara trará o retrato de George Washington olhando para a direita, originalmente esculpido por Laura Gardin Fraser.

Esse era o desenho quando o presidente americano passou a figurar na moeda, em 1932, mas o então secretário de Tesouro, Andrew Mallon, escolheu o modelo de John Flannigan, com o político olhando para a esquerda.

Com Reuters

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.