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Mali e Nigéria anunciam operações contra terroristas islâmicos com dezenas de mortos

Ações tiveram como alvo militantes de facções locais do Estado Islâmico e da Al Qaeda

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Abuja (Nigéria) e Bamako (Mali) | AFP

Os governos do Mali e da Nigéria anunciaram neste sábado (16) operações militares que mataram dezenas de pessoas ligadas ao terrorismo islâmico, segundo autoridades desses países.

Soldados do Mali em operação militar em agosto de 2021 - Paul Lorgerie/Reuters

Na Nigéria, a Força Aérea afirmou que "cerca de 70 terroristas do Iswap [Estado Islâmico na África Ocidental, na sigla em inglês] foram eliminados ou ficaram gravemente feridos" na região do lago Chade, próximo à fronteira norte com o Níger, que também participou da operação.

A região do lago Chade é conhecida por ser refúgio de guerrilheiros do Iswap, que está em atividade desde 2016. Junto com o grupo rival Boko Haram, as duas facções assassinaram mais de 40 mil pessoas na última década, em atos violentos que provocaram o deslocamento de 2 milhões de pessoas.

"Missões sobre as localidades suspeitas [...], realizadas em 13 de abril de 2022, detectaram um grande número de terroristas, provavelmente um acampamento logístico", disse o porta-voz da Força Aérea da Nigéria. No dia seguinte, a Força Aérea fez ataques aéreos contra esse suposto acampamento e em outro sítio próximo, que deixaram 70 pessoas mortas e feridas, segundo números do governo.

A Nigéria luta há 12 anos contra a insurgência jihadista e costuma aumentar a intensidade de sua ofensiva neste período do ano, antes da estação das chuvas. Desde o ano passado, o Iswap controla a maior parte da região depois que o líder do Boko Haram, Abubakar Shekau, morreu em combates entre essas facções. O governo nigeriano também enfrenta grupos fortemente armados no noroeste do país e tensões separatistas no sudeste.

Já o Mali anunciou também neste sábado que eliminou "uma dezena de terroristas" em dois ataques aéreos no centro do país. As Forças Armadas afirmaram que fizeram duas operações aéreas na quinta, e que mataram os supostos terroristas em uma floresta a 10 quilômetros de Moura, no centro do país.

Os bombardeios permitiram "neutralizar alguns integrantes do alto escalão do GSIM", sigla em inglês para Grupo de Apoio ao Islã e aos Muçulmanos, a principal aliança jihadista na região e vinculada à al-Qaeda, disse o governo.

No fim de março, o exército do Mali afirmou ter matado 203 jihadistas em Moura. Investigação da ONG Human Rights Watch, porém, apontou que as Forças Armadas executaram 300 pessoas, incluindo civis, com a ajuda de combatentes estrangeiros, segundo relatório do grupo.

Nenhuma das duas versões pôde ser verificada de forma independente, enquanto a missão da ONU no Mali pediu, sem sucesso, que um grupo de investigadores pudesse ter acesso à região.

As mortes se deram entre 27 e 31 de março em Moura, comunidade rural com cerca de 10 mil habitantes na região central do país, local que se tornou um ponto de concentração de radicais islâmicos que atuam em nações próximas. O governo afirma que a área é hoje um "feudo terrorista". Moradores da região dizem que esses grupos cobram impostos e ameaçam civis que se recusam a aderir à sharia, a lei islâmica.

O governo de transição do Mali, que assumiu o comando do país após um golpe militar em 2020, combate rebeldes pelo país com a ajuda de soldados do grupo russo privado Wagner. O Mali e a Rússia afirmam que os homens do grupo não são mercenários, mas treinadores que ajudam tropas locais com equipamentos da Rússia. A França, que colonizou o Mali até 1960, empenhou milhares de soldados em operações militares da região por quase uma década. Neste ano, Paris afirmou que iria retirar seus homens após as relações bilaterais se deteriorarem, em parte pela chegada de tropas russas.

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