Biden recebe resultado positivo de teste de Covid pela 2ª vez em 9 dias

Presidente está sem sintomas, segundo médico da Casa Branca, que cita possibilidade de 'rebote' por tratamento

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Washington | Reuters

Nove dias depois de ter sido diagnosticado com Covid-19 —e três após apresentar o primeiro de ao menos três resultados negativos—, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, recebeu outro exame positivo na manhã deste sábado (30).

Segundo comunicado assinado por Kevin O'Connor, médico da Casa Branca, Biden, 79, não está apresentando sintomas e "se sente muito bem". Ainda assim, voltará a cumprir um período de isolamento de ao menos cinco dias —ele tinha deixado a quarentena na quarta (27).

Joe Biden caminha em jardim da Casa Branca logo após o último teste negativo de Covid, no dia 27 - Aaron Schwartz -27.jul.22/Xinhua

O médico afirmou que o resultado positivo de agora pode ser devido a uma espécie de "efeito rebote" que, em estudos, foi experimentado por alguns pacientes que fizeram o tratamento da doença com Paxlovid —Biden recebeu o antiviral. O'Connor acrescentou que, como o presidente não apresenta sintomas, não há necessidade de reiniciar o tratamento.

Na quarta, ele já havia dito que o democrata faria exames frequentes para verificar se seria atingido por esse "efeito rebote". O Paxlovid é usado para reduzir o risco de consequências graves da doença. Ele funciona como um inibidor de protease, ou seja, bloqueia uma enzima de que o vírus precisa para se multiplicar.

Em ensaios clínicos de último estágio, o remédio reduziu o risco de hospitalização em 89%. Governos como o dos EUA passaram a recomendar seu uso, mesmo com as pesquisas indicando esse possível rebote —a Pfizer, fabricante, diz que o efeito é incomum e não necessariamente ligado ao medicamento.

O fenômeno já vinha sendo debatido e voltou a ganhar evidência no mês passado, quando Anthony Fauci, infectologista que lidera a resposta da Casa Branca à pandemia, passou por ele. Segundo o jornal The New York Times, médicos têm relatado uma ocorrência maior do efeito agora que subvariantes mais infecciosas do coronavírus têm respondido pela maior parte dos casos.

Em maio, relatório do CDC (Centro de Controle e Prevenção de Doenças) apontou que o efeito rebote não representa uma reinfecção pelo vírus nem uma resistência ao remédio. "As pessoas que o apresentam não vão parar no hospital, não ficam muito doentes", disse Ashish Jha, médico da Presidência.

Diagnosticado no último dia 21, Biden passou cinco dias em isolamento, trabalhando de forma remota e apenas com sintomas leves da doença. Segundo a Casa Branca, no período ele teve febre, tosse, dor de garganta e dores no corpo.

Neste sábado, Biden disse no Twitter que um resultado positivo pode aparecer nos testes de uma "pequena minoria" de pessoas que tenham sido tratadas com Paxlovid. "Não tenho sintomas, mas vou me isolar para a segurança de todos ao meu redor. Ainda estou no trabalho e voltarei à estrada em breve", escreveu.

Efeito rebote ou possível reinfecção, o presidente vai cancelar a ida a Delaware, para onde geralmente vai aos fins de semana, e uma viagem que estava agendada para Michigan na terça-feira (2). Biden iria divulgar a recente aprovação de uma legislação para impulsionar a indústria de semicondutores.

Vacina

O democrata está vacinado contra a Covid e tomou duas doses de reforço, mas seu contágio trouxe preocupações extras devido à sua idade —ele é o presidente mais velho no cargo, e seus 79 anos são alvo de discussão, com um discurso de opositores municiado especialmente por algumas gafes recentes.

Depois de ter apresentado teste negativo, na última quarta, o democrata anunciou que manteria o uso de máscara quando não estivesse sozinho. Na ocasião, ainda fez um apelo para que os americanos se imunizassem contra o coronavírus.

"Meu antecessor [Donald Trump] teve Covid e precisou ir de helicóptero ao hospital, ficou muito doente. Felizmente, se recuperou. Quando eu tive Covid, trabalhei na Casa Branca pelos cinco dias [de isolamento]. A diferença foram as vacinas, é claro", disse.

O ex-presidente Trump foi infectado em outubro de 2020 e, segundo fontes da Casa Branca, se vacinou apenas em janeiro de 2021.

Os EUA, país mais atingido pela Covid no mundo, perderam mais de 1 milhão de pessoas devido à doença. Hoje, a média é de 132 mil novos casos e 422 mortes por dia. Os números são bem menores do que nos piores momentos da crise: os picos foram de mais de 3.000 óbitos diários em razão do vírus.

Apesar de a infecção seguir fazendo vítimas, os americanos deixaram de lado quase todas as medidas de proteção nos últimos meses. O uso de máscaras não é mais obrigatório em quase nenhuma situação, e poucas pessoas ainda utilizam o item no dia a dia. Nos EUA, 67% dos habitantes estão com o primeiro ciclo vacinal completo, e 79% tomaram ao menos uma dose de imunização contra a Covid.

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