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Clima extremo é 'coro de angústia' da Terra, diz papa Francisco

Pontífice pede a países mais ações para combater a emergência climática

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Cidade do Vaticano | Reuters

O papa Francisco chamou os eventos climáticos extremos de um "coro de angústia" da Terra.

Em mensagem para o Dia Mundial de Oração pelo Cuidado da Criação, nesta quinta (21), o pontífice pediu que os países enfrentem a crise climática com a mesma atenção dedicada a outros desafios, como guerras e questões de saúde, e disse que o aquecimento global prejudica mais os pobres e os indígenas.

Francisco afirmou ainda que as nações ricas possuem uma "dívida ecológica", porque, para ele, foram elas as responsáveis por gerar mais poluição nos últimos dois séculos, prejudicando a "música da natureza".

O papa Francisco participa de audiência geral na Praça de São Pedro, na Cidade do Vaticano
O papa Francisco participa de audiência geral na Praça de São Pedro, na Cidade do Vaticano - Evandro Inetti/Xinhua

"Tragicamente, essa doce canção é acompanhada por um grito de angústia. Ou melhor ainda: um coro de gritos de angústia. Em primeiro lugar, é nossa irmã, mãe Terra, que grita. Presa aos nossos excessos consumistas, ela chora e implora que acabemos com nossos abusos e com a destruição dela", escreveu.

O apelo foi feito dias antes de partir para o Canadá, onde se reunirá com indígenas em Iqaluit, uma das partes da América do Norte em que as temperaturas vêm aumentando de forma mais acelerada.

O líder católico disse também que o impacto de "secas, inundações, furacões e ondas de calor cada vez mais frequentes [...] provoca um grito que sobe aos céus".

Nesta semana, uma onda de calor gerou incêndios florestais em partes da Europa, com temperaturas extremas em países como Reino Unido, França, Espanha, Portugal e Grécia. As chamas e as temperaturas acima dos 40°C pressionaram serviços de emergência, gerando novos alertas à comunidade internacional e a líderes em todo o mundo sobre a necessidade de intensificar medidas contra a crise climática.

O papa do ambiente

Francisco, que em 2015 escreveu uma encíclica sobre proteção ambiental, ressaltou ainda o papel da COP15, cúpula da ONU sobre biodiversidade, a ser realizada em dezembro, no Canadá, no estabelecimento de um novo acordo a fim de deter a destruição de ecossistemas e a extinção de espécies.

Para o pontífice, a conferência pode oferecer uma base ética clara para as mudanças necessárias em prol da biodiversidade, com apoio à conservação e prioridade a populações vulneráveis, incluindo indígenas.

O papa também pediu a "implementação efetiva" do Acordo de Paris, cujo objetivo é limitar o aumento da temperatura média global a 1,5°C. Em entrevista coletiva para apresentar a mensagem, o cardeal Michael Czerny, chefe do escritório de desenvolvimento do Vaticano, defendeu o fim imediato da exploração e produção de carvão, petróleo e gás e a eliminação gradual da produção de combustíveis fósseis.

Ele também apoiou a iniciativa do Tratado de Não Proliferação de Combustíveis Fósseis, um movimento para acabar com o novo desenvolvimento de tais combustíveis.

Por fim, Francisco repetiu, "em nome de Deus", um apelo que fez no ano passado às indústrias de mineração, petróleo, silvicultura, imobiliária e do agronegócio para "parar de destruir florestas, pântanos e montanhas, parar de poluir rios e mares e parar de envenenar alimentos e pessoas".

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