Departamento de Justiça vê obstrução em operação de busca em mansão de Trump

Órgão afirma que documentos teriam sido escondidos ou mudados de lugar durante ação em Mar-a-Lago

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Washington | Reuters

O Departamento de Justiça dos Estados Unidos detalhou outras razões que embasaram o mandado de busca em uma mansão do ex-presidente Donald Trump na Flórida, em documento anexado a uma ação judicial nesta terça (30). Segundo o órgão, a operação foi autorizada depois de evidências apontarem que documentos confidenciais da Casa Branca haviam sido escondidos pelo ex-presidente e que representantes do político alegaram falsamente que todo o material havia sido devolvido.

A conclusão é de que a ação configurou uma tentativa de obstruir uma investigação federal sobre o paradeiro dos papéis. Um advogado de Trump "proibiu explicitamente" os agentes do FBI de procurar em caixas em um depósito na propriedade durante uma busca em junho, segundo o Departamento de Justiça, após uma intimação judicial.

"O governo também verificou evidências de que os registros do governo provavelmente foram ocultados e removidos da Sala de Armazenamento e que provavelmente foram feitos esforços para obstruir a investigação do governo", argumentou o órgão a uma corte distrital do sul da Flórida.

Imagem divulgada nesta terça (30) pelo Departamento de Justiça mostra foto anexada como prova em ação judicial mostrando documentos apreendidos pelo FBI em mansão de Trump na Flórida - José Romero/Divulgação Departamento de Justiça/AFP

Segundo o jornal The New York Times, as 36 páginas anexadas nesta terça indicam, entre as descobertas, que a busca encontrou três documentos sigilosos nas mesas do escritório de Trump e mais de cem outros em 13 caixas ou contêineres. Foi o dobro do que havia sido entregue pela defesa anteriormente.

Os registros divulgados pela imprensa americana vêm a público em preparação para uma audiência na quinta-feira (1º) perante a juíza distrital Aileen Cannon, em West Palm Beach. Ela está avaliando o pedido de Trump de nomear um "mestre especial" que conduziria uma revisão privilegiada dos documentos apreendidos em Mar-a-Lago em 8 de agosto, muitos dos quais receberam a classificação de confidenciais.

Um "mestre especial" é um terceiro independente às vezes nomeado por um tribunal em casos sensíveis para revisar materiais potencialmente protegidos pelo privilégio advogado-cliente para garantir que os investigadores não os visualizem indevidamente.

No pedido inicial de Trump ao tribunal, seus advogados alegaram que o ex-presidente queria proteger materiais que estavam sujeitos a uma doutrina legal conhecida como privilégio executivo, que pode proteger algumas comunicações presidenciais.

Mas especialistas jurídicos questionaram esse argumento, dizendo que não fazia sentido um ex-presidente alegar que queria reivindicar privilégios contra o próprio Poder Executivo.

Na semana passada, o Departamento de Justiça divulgou um relatório resumido do mandado de busca da operação que apreendeu documentos na casa do republicano, atendendo a uma determinação judicial. De acordo com as revelações, agentes do FBI analisaram caixas entregues pelo ex-presidente ao Arquivo Nacional e encontraram 184 documentos confidenciais, secretos ou ultrassecretos.

O fato de Trump ter a posse desses papéis levantou preocupações sobre a possibilidade de mais informações confidenciais estarem com ele. O mandado, então, autorizou agentes de segurança a apreender "todos os documentos e registros que constituam evidência, contrabando, frutos de crimes ou outros itens possuídos de forma ilegal".

Havia resistência no Departamento de Justiça —órgão ao qual é subordinado o FBI, que executou a operação— em trazer à luz o mandado também sob o argumento de que isso poderia atrapalhar investigações. No entanto, empresas de jornalismo como o New York Times e o Washington Post também entraram na disputa e moveram ações judiciais pedindo a liberação do material, sob o argumento de que o interesse público se sobrepõe a outros motivos para o sigilo.

A pasta tem avançado contra Trump também em outras frentes, ouvindo pessoas próximas ao republicano como testemunhas em inquérito sobre o envolvimento do ex-presidente no ataque ao Congresso em 6 de janeiro de 2021.

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