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Colômbia diz que 10 grupos armados concordam com cessar-fogo unilateral

Representante da gestão Petro cita disposição de dissidentes das Farc e Clã do Golfo com pacto

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Bogotá | Reuters

O governo da Colômbia anunciou nesta quarta-feira (28) que pelo menos dez grupos armados do país, incluindo forças dissidentes das Farc e a facção criminosa Clã do Golfo, teriam concordado em aderir a um cessar-fogo unilateral.

A proposta é uma bandeira do recém-empossado presidente Gustavo Petro. Ainda na campanha e ao assumir, em agosto, o político esquerdista prometeu buscar o que chamou de "paz total" com esses grupos, implementando integralmente um acordo de paz firmado em 2016 com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia e estabelecendo novos acertos com outras guerrilhas.

Na semana passada, ao voltar da Assembleia-Geral da ONU, o presidente disse que "em uma questão de dias" deveria se abrir a possibilidade de um cessar-fogo, possibilitando o "início do fim da violência" no país.

O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, acena a apoiadores em Cúcuta - Schneyder Mendoza - 26.set.22/AFP

"Cada um desses grupos —com sua identidade, natureza e motivação— está expressando disposição de fazer parte de uma paz total", disse em uma entrevista coletiva Danilo Rueda, alto comissário de paz do governo colombiano, chamando essa etapa de "fase de exploração". "Pedimos a eles que [nessa fase] não matem, não desapareçam com pessoas e não torturem. Estamos avançando."

Entre os grupos que manifestaram intenção de aderir ao cessar-fogo unilateral estariam dois dissidentes das Farc —o Estado-Maior Central e a Segunda Marquetalia—, o Clã do Golfo e as Autodefesas de Sierra Nevada de Santa Marta. Rueda não citou as demais organizações.

A Colômbia acumula um conflito de seis décadas, que matou pelo menos 450 mil pessoas. Grupos armados ilegais contam com cerca de 6.000 combatentes em suas fileiras, segundo as forças de segurança, praticando extorsões, assassinatos, tráfico de drogas e garimpo irregular.

Petro, ele próprio um ex-membro da guerrilha urbana M-19, já afirmou que seu governo estaria disposto a oferecer penas reduzidas a membros de gangues que entregassem bens ilícitos e dessem informações sobre tráfico. "O escritório de paz está estudando mecanismos jurídicos para permitir a transição de grupos armados para o Estado de Direito", afirmou Rueda.

O presidente também pretende reiniciar as negociações de paz com o Exército de Libertação Nacional (ELN), considerado o maior grupo rebelde e última guerrilha ativa no país. As conversas foram suspensas na gestão do direitista Iván Duque, antecessor de Petro, mas podem ser retomadas —Chile, Cuba e Venezuela já foram citados como possíveis sedes desse diálogo; com este último, a Colômbia acaba de selar uma reaproximação ao reabrir as fronteiras, na última segunda (26).

Segundo afirmou à agência Reuters neste mês um negociador do ELN, o grupo é a favor de um cessar-fogo bilateral para abrir caminho para novas negociações.

O governo afirmou que suspenderá bombardeios aéreos contra grupos armados em uma tentativa de evitar danos colaterais a civis e mortes de menores recrutados à força.

Em sua fala na ONU, no último dia 20, Petro pediu aos países latino-americanos que unam forças para acabar com a guerra às drogas. Ele há muito considera o combate ao narcotráfico um fracasso global e vem defendendo uma nova estratégia internacional de combate aos entorpecentes.

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