Alvo de fritura, Liz Truss 'compete' com alface para ver quem dura mais

Proposta de corte de impostos do governo detonou crise no mercado financeiro britânico e terminou em queda de ministro

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Guarulhos

Liz Truss tomou posse como primeira-ministra do Reino Unido há pouco mais de um mês, mas o caos e a fritura em meio aos quais seu governo se encontram já fazem muitos se perguntarem quanto tempo ela conseguirá se manter em Downing Street.

A dúvida foi base para uma espécie de meme criado após a revista The Economist afirmar que o tempo em que Truss manteve controle real do governo equivale à vida útil de uma alface.

Tabloide Daily Star transmite vídeo de uma alface ao lado de uma fotografia da primeira-ministra britânica, Liz Truss, com a pergunta: 'Liz Truss consegue durar mais que essa alface?' - Reprodução/Daily Star no YouTube

"Liz Truss já garantiu seu lugar na história da política britânica: não importa quanto tempo ela dure no cargo, ela deve ser lembrada como a primeira-ministra cujo controle do poder foi o mais curto", disse a publicação em reportagem publicada nesta semana.

A frase inspirou o tabloide Daily Star a colocar a primeira-ministra em uma espécie de disputa com o vegetal e perguntar a seus leitores: "Liz Truss pode durar mais que uma alface?".

Em uma transmissão ao vivo criada no YouTube na sexta-feira (14), uma foto da líder britânica aparece ao lado de uma alface com peruca loira.

Truss foi eleita por membros do Partido Conservador para substituir Boris Johnson no comando do Reino Unido em setembro após seu antecessor, envolvido em escândalos sobre festas durante a pandemia de coronavírus, renunciar. Assumiu um país desafiado pela crise econômica —e até aqui não foi hábil para contornar o problema.

Em 23 de setembro, a tempestade bateu à porta de seu governo após Kwasi Kwarteng, seu recém-nomeado ministro das Finanças, anunciar um plano de estímulo econômico que envolvia grandes cortes de impostos. O mercado financeiro respondeu mal.

O receio dos investidores ajudou na desvalorização da libra e jogou um balde de água fria nos pouco mais de 57% dos membros conservadores que apoiaram a ascensão de Truss ao poder. Aqui e ali, correligionários apareceram na mídia local questionando a capacidade dela de governar e pleiteando sua queda.

A fritura levou Truss a demitir Kwarteng na sexta e recuar em seu plano fiscal. Ela anunciou que, no lugar de congelar o imposto corporativo em 19%, como havia decidido seu aliado, a taxa aumentaria para 25%, em uma tentativa de acalmar a tempestade no mercado.

O novo nome escolhido para a pasta —Jeremy Hunt— ajudou a dialogar com investidores, mas também fez crescer especulações de que aliados de ex-secretário de Finanças Rishi Sunak, que disputou a liderança com Truss, exercem pressão para tirá-la do cargo. Hunt, afinal, apoiou Sunak na corrida por Downing Street.

Experiente e bem-quisto entre conservadores, Hunt, ao assumir, disse que concorda com a estratégia de Truss de impulsionar o crescimento econômico, mas logo acrescentou críticas. "Houve erros nas últimas semanas, e é por isso que estou sentado aqui", disse ele.

"Foi um erro cortar a alíquota máxima em um período no qual estamos pedindo a todos para que façam sacrifícios." Também foi um erro, seguiu, "voar a cegas" e produzir planos fiscais sem permitir que o órgão fiscal independente do país, o Office for Budget Responsibility, verificasse e validasse os números.

Em comunicado, a primeira-ministra disse que era preciso agir para "tranquilizar os mercados" quanto à disciplina fiscal de seu governo. Entre outras coisas, afirmou que a Guerra da Ucrânia, iniciada pela Rússia de Vladimir Putin, e a pandemia deterioraram a economia.

"É por isso que agimos para apoiar empresas e famílias com seus custos", seguiu. "Mas está claro que parte do nosso plano orçamentário foi mais longe e mais rápido do que os mercados esperavam."

Com Reuters

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