Itália vai remover foto de Mussolini de parede de ministério após reclamações

Ditador fascista faz parte de galeria em homenagem a ex-políticos; presidente do Senado questiona

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Roma | Reuters

O Ministério do Desenvolvimento Econômico da Itália vai remover de uma de suas paredes uma foto do ditador Benito Mussolini, após receber reclamações de sindicatos e de um ex-ministro. A imagem será retirada "para evitar polêmicas e manipulações", disse a pasta em um comunicado nesta terça-feira (18).

Mussolini, ditador da Itália de 1922 a 1943, foi incluído na galeria do prédio em Roma porque também ocupou o cargo de ministro das Corporações (precursor do atual ministério) no último ano de seu regime, segundo o comunicado.

O retrato faz parte de uma série de fotos de ex-ministros, recentemente inaugurada como parte das comemorações dos 90 anos da sede da pasta, projetada pelo renomado arquiteto fascista Marcello Piacentini —o mesmo que desenhou o prédio da Prefeitura de São Paulo.

O legado de Mussolini está agora no centro das atenções, dado que a Itália se prepara para inaugurar seu governo mais à direita desde a Segunda Guerra Mundial, liderado pelo partido Irmãos da Itália, de Giorgia Meloni, cujas raízes remontam ao Movimento Social Italiano (MSI) pós-fascista.

Segundo o comunicado, outra foto de Mussolini está pendurada no Palácio Chigi, o gabinete do primeiro-ministro, em Roma, junto com retratos de outros chefes de governo.

Mais cedo nesta terça, o ex-ministro do Desenvolvimento Econômico Pier Luigi Bersani, de centro-esquerda, irritou-se por ter seu retrato pendurado ao lado do líder fascista. "Peço gentilmente que minha foto seja removida", disse, no Twitter.

Maior sindicato da Itália, a Confederação Geral Italiana do Trabalho (CGIL) chamou de deplorável a exibição da foto e pediu sua remoção imediata.

Mas houve também vozes contrárias no governo. O recém-eleito presidente do Senado, Ignazio La Russa, fã de Mussolini e colecionador de objetos do fascismo, destacou que a foto do ditador também está pendurada no Ministério da Defesa e que um enorme obelisco em sua homenagem fica do lado de fora do Estádio Olímpico de Roma.

"Vamos aderir à cultura do cancelamento também?", questionou La Russa, político veterano da ultradireita italiana e cofundador do Irmãos da Itália.

Eleita no final de setembro, Meloni já elogiou Mussolini publicamente, mas afirma que seu partido deixou para trás as raízes pós-fascistas e agora é uma força dominante semelhante ao Partido Conservador do Reino Unido. "A direita italiana entregou o fascismo à história há décadas, condenando inequivocamente a supressão da democracia e as ignominiosas leis antijudaicas", disse ela na campanha.

Loja de suvenires em Predappio, na Itália, vende caneca com foto de Mussolini onde se lê 'muitos inimigos, muita honra' - Miguel Medina - 26.ago.22/AFP
  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.